sexta-feira, 29 de julho de 2011

As relações de subserviência dos politicos ingleses a Murdoch


22/7/2011, Geoffrey Wheatcroft, The New York Review of Books Blogs, vol. 58, n. 12
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu


No estranho vaudeville que foi o “interrogatório” de Rupert e James Murdoch no Parlamento britânico dia 19 de julho – que Rupert ensaiou aplicadamente –, desde a frase “Foi o dia mais triste da minha vida”, que desencadeou solidariedades e protestos, até o momento final, em que alguém tentou jogar uma torta-pastelão em Murdoch, que foi salvo por salto verdadeiramente acrobático de Mrs. Murdoch, parece que outra frase, dita já ao final do depoimento, passou despercebida: “Queria que eles me deixassem em paz”.

R. Murdoch por John Springs
“Eles”, naquela frase, são os principais políticos britânicos – líderes de partidos e primeiros-ministros – que jamais deixaram de cortejar Murdoch, incansável e descaradamente, inclusive David Cameron. Em maio do ano passado, Murdoch foi convocado para encontro em Downing Street 10, dois dias depois de Cameron assumir o cargo de primeiro-ministro; Murdoch disse que o encontro lhe pareceu pura perda de tempo. Por que Murdoch não entrou, como um dos deputados perguntou durante a audiência, pela porta da frente, como outros notáveis? “Porque me disseram que eu, por favor, entrasse pela outra porta”, Murdoch respondeu.

Murdoch dizer que gostaria que os políticos o deixassem em paz talvez soe arrogante ou pouco inteligente, mas não há dúvidas de que não tinha prazer algum naquelas reuniões; precisava, só, que os políticos lhe dessem o que queria. Quase sempre deram. E aí está o problema.

Um ou dois analistas tentaram defender Murdoch. Seu admirador e biógrafo indulgente William Shawcross defendeu-o na rede BBC. Disse, mais uma vez, que a derrota que Murdoch impôs aos sindicatos de gráficos há 25 anos beneficiou toda a imprensa. Matthew Parris, ex-deputado conservador e hoje colunista altamente remunerado do Times de Murdoch, disse que “essa história de grampos não passa de ridícula hiper encenação”; e Simon Jenkins, ex-editor doTimes e correspondentemente ex-empregado de Murdoch, escreve que “A Grã-Bretanha enlouqueceu (...) Morreu alguém?” e insiste que “sua [de Murdoch] influência na indústria da comunicação foi de inovador serial”.

A verdade é que alguém, sim, morreu, assassinada: a repulsa pública contra o grampo e a invasão ao correio de voz de uma menina assassinada não foi invenção dos inimigos de Murdoch. E os espantosos acontecimentos do mês – o fechamento sacrificial do jornal News of the World, a autodemissão de Rebekah Brooks e de Les Hinton (os dois que Murdoch mais quis proteger), a prisão de um ex-editor de News of the World, Andy Coulson, e depois de outro(a), Mrs. Brooks, a renúncia do chefe da Polícia Metropolitana e de seu vice – não são, exatamente, trivialidades.

A operação frenética de controle de danos que os Murdochs acionaram não está funcionando, como se pode ver. Cada dia, desde que estiveram em Westminster, trouxe-lhes alguma nova péssima notícia. Cameron dizer que nada houve de “não apropriado” em seus contatos com Mrs. Brooks equivaleu a ele admitir que o tema “BSkyB”, a operadora de televisão por satélite cujo controle acionário (mais 39% das ações, além das que já são suas) Murdoch queria comprar, sim, apareceu nas conversas da dupla.

Na mais recente reviravolta da história, dois ex-executivos da empresa News International publicamente desmentiram partes do depoimento de James Murdoch sobre o ex-jogador de futebol e hoje executivo do sindicato de jogadores ingleses Gordon Taylor, que teve seus telefones grampeados, processou o jornal News of the World e em seguida aceitou polpuda indenização extra-judicial para calar-se. À época do acordo, a empresa News International dizia que um único “repórter bandido” [ing. “rogue reporter”] seria responsável pelo grampo. Mas os advogados de Taylor apresentaram provas importantes de que os grampos telefônicos eram recurso amplamente empregado e, obviamente, autorizado: uma mensagem de e-mail dirigida a um dos principais repórteres do jornal News of the World, com a transcrição de uma mensagem de correio de voz extraída de telefone celular grampeado.

No Parlamento, James Murdoch disse aos deputados que jamais vira o e-mail crucial; ontem, Colin Myler, último editor de News of the World no momento em que o jornal foi fechado, e Tom Crone, chefe do departamento jurídico do jornal, desmentiram-no cabalmente: “A memória de James Murdoch, do dia e hora em que foi informado e concordou com o acordo no caso de Gordon Taylor, o traiu”. O filho de Murdoch disse que ninguém lhe falara sobre o e-mail. “A verdade é que nós o informamos” – disse Tom Crone.

E como se não bastasse, o escândalo expôs a extensão dos laços de corrupção crônica que ligavam a empresa News International e a Polícia Metropolitana de Londres. É quase inacreditável, mas agora se sabe que dez, dos 45 assessores de imprensa da Polícia Metropolitana eram ex-empregados da NI; também não há dúvida possível de que o jornal News of the Worl pagava propinas a policiais, com regularidade.

Dado que o jornal é propriedade também de uma empresa norte-americana, a prática de corromper funcionários públicos pode gerar processo criminal também nos EUA. E o FBI já iniciou investigação de acusações de que empregados de Murdoch podem ter grampeado mensagens de voz de vítimas dos atentados de 11/9. Se as acusações forem comprovadas, além das consequências legais, o efeito na opinião pública norte-americana será devastador. Será interessante observar o que fará a claque de jornalistas leais a Murdoch, do Wall Street Journal, para tentar neutralizar esse efeito.

Pois mesmo assim, apesar de todos esses horrores barrocos, a verdadeira história não é a dos jornais de Murdoch e os métodos repulsivos usados por seus repórteres: é a força, o peso descomunal da influência política que Murdoch exercia através de seus jornais.

Por mais que a responsabilidade pela conduta obscena dos jornais que comandava caiba a Murdoch, a culpa pelo modo como exercia esse poder político ilegítimo e arbitrário é dos políticos que, por tanto tempo, ajoelharam-se, reverenciais, à sua frente. Cameron é o mais recente, e talvez ainda consiga provar alguma inocência. Mas é preciso dizer que, em todos os casos, Cameron nunca foi tão cínico, tão sem princípios, tão amoral em seus negócios com Murdoch, quanto Tony Blair.

No dias das eleições em 1992, the Sun superou-se a si mesmo, com a manchete que pôs na primeira página (“Se Neil Kinnock vencer hoje, o último que sair da Grã-Bretanha apague a luz”). Depois que os Conservadores já estavam reeleitos (e Kinnock renunciara à liderança do Partido Trabalhista) um doador de campanha dos Conservadores disse off the records que os Conservadores deviam a vitória, de fato, aos tablóides. O comentário alimentou um surto de onipotência do jornal que manchetou, também na primeira página: “O Sun é o grande vitorioso”. Provavelmente, mais uma mentira. Mas Blair estava convencido de que o Sun fora, sim, eleito.

Logo que assumiu a liderança dos Trabalhistas ingleses em 1994, Blair passou a trabalhar para firmar uma aliança com Murdoch; no ano seguinte viajou à Austrália, para discursar na reunião anual da News Corp mundial (onde fez discurso que o posicionou muito mais à direita que qualquer dos predecessores). Não há dúvidas de que o Sun apoiou Blair em três eleições, e o Times foi convertido em verdadeiro Pravda do Novo Trabalhismo, com acesso irrestrito aos meandros obscuros da cabeça de Blair, e falando pela boca de seu pestilento, imundo assessor de imprensa e porta-voz, Alastair Campbell.

Os dois jornais tinham acesso privilegiado às notícias. A data em que Blair convocaria as eleições de 2001 foi vazada para o Sun antes até de Downing Street ter comunicado à rainha e chefe de Estado. Lance Price, que trabalhou na Downing Street de Blair, disse que todos sempre sentiam que Murdoch era uma invisível 25ª presença nas reuniões do Gabinete. E nenhum jornalista foi mais íntimo da casa que Tom Baldwin do Times, que às vezes falava como boneco de ventríloquo de Campbell.

Essa aliança foi plenamente explorada durante os meses que levaram à invasão – desnecessária, inútil e ilegal – do Iraque. O próprio Murdoch disse, sobre a invasão, que “a maior coisa que sairá disso, para a economia mundial, se se pode dizer assim, será o petróleo a $20 o barril”. Mas o Sun entendeu que sinceridade tão brutal, em tão altas doses, seria excessiva para muitos de seus leitores. Então, em vez do que Murdoch dissera, o Sun publicou, no dia 15/3/2003, que “Saddam armazenou armas de destruição em massa e recusa-se a entregá-las”; simultaneamente, Richard Littlejohn, colunista do Sun, escreveu que “será guerra, a menos que Saddam Hussein entregue suas armas de destruição em massa. Ele as tem. Sabemos que as tem. Ele sabe que nós sabemos que as tem.”

Esse relacionamento sórdido e manipulatório entre o governo de Blair e a imprensa foi exposto, do modo mais repulsivo, quando Downing Street, subrepticiamente, vazou a identidade de David Kelly, o inspetor de armas que, horrorizado ante a desavergonhada barragem de propaganda, dissera à BBC, em entrevista off the record, que o que Downing Street estava dizendo sobre armas de destruição em massa no Iraque não passava de grosseiro exagero.

Depois que Blair, pessoalmente e privadamente, tomou a decisão de “demitir” Kelly, começaram a pingar pistas de sua identidade, e vários jornalistas foram sendo conduzidos até a completa identificação. O Financial Times foi o primeiro a publicar o nome completo de Kelly, mas os jornais de Murdoch chegaram imediatamente depois. Kelly foi arrastado até uma comissão parlamentar de inquérito, onde foi agredido, insultado e humilhado. Suicidou-se dois dias depois.

Seria de supor que, depois de tudo isso, os honrados e ‘éticos’ Conservadores afastar-se-iam de qualquer relação mais próxima com Murdoch (ou, no mínimo, que tentariam encobrir suas relações com mais eficácia), mas Cameron também já fora fisgado. Em julho de 2007, contratou Andy Coulson como seu “diretor de comunicações”, ou sua resposta a Campbell.

Também é muito significativo que a coisa mais próxima de um verdadeiro emprego, que Cameron jamais tivera, antes de ser eleito ao Parlamento, foi o de chefe de Relações Públicas numa empresa de televisão de segunda classe, Carlton Communications – na qual nunca foi reconhecido, em tempo algum, pelos escrúpulos.

Quando Coulson foi contratado, os Conservadores haviam despencado nas pesquisas, e perderam a cabeça. Coulson foi recomendado a Cameron por George Osborne – o que Rebekah Brooks confirmou no depoimento ao Parlamento. Osborne é o atual ministro das Finanças da Grã-Bretanha [ing. Chancellor of the Exchequer], e só resta rezar para que mostre mais prudência no trato das finanças públicas. Cameron e Osborne eram muito conscientes do próprio pedigree, de filhos de famílias abastadas, educados em escolas caras, que uma vez trajaram os paletós azuis do afamado Bullingdon Club em Oxford. Careciam desesperadamente de alguém como Coulson, que sabia falar às massas, por direitos de nascimento.

E Coulson acabava de ser forçado a demitir-se da editoria do News of the World já acossado pelas primeiras nuvens do escândalo dos grampos. Mas as nuvens só fizeram aumentar. Antes da eleição, Cameron foi alertado, privadamente, por Alan Rusbridger, editor do Guardian (jornal que persistiu na investigação, até que a história dos grampos estourou), de que provas que apareceriam na investigação em andamento, de um assassinato, seriam muito graves, contra Coulson, em função do envolvimento dele com um detetive e escroque.

Mesmo assim, Cameron insistiu em trazer Coulson para Downing Street. E ele lá ficou mesmo depois de a New York Times Magazine noticiar, em setembro passado, que Coulson era cúmplice direto no crime de grampear telefones. Dia 5 de outubro, Cameron disse que “não temos uma única reclamação a fazer sobre como [Coulson] trabalhava (...). É homem que serviu ao governo e atualmente dirige um bem sucedido escritório de assessoria de imprensa”. Coulson só deixou Downing Street em janeiro, quando as nuvens, de tão inchadas, desabaram, como dilúvio e como inferno.

Se a tolice de Cameron, antes de tudo, ao contratar Coulson, já seria indesculpável, a insistência em manter-se colado a ele, enquanto mais e mais provas se acumulavam, pareceria incompreensível, não fosse essa uma daquelas questões em cuja explicação tropeça-se, mesmo sem procurá-la. Tudo, hoje, leva a crer que Cameron, sim, desejava manter um agente de ligação com a empresa News International: um laço direto com Murdoch. OK. Teve o seu. E vejam no que deu!

Tudo isso deu a Ed Milliband sua primeira oportunidade para brilhar, depois de meses marcando passo na obscuridade, desde que se tornou líder dos Trabalhistas em setembro. E Milliband agarrou-se a ela, batendo o mais que pôde em Cameron, o qual, então, também estava obrigado a romper qualquer laço que o ligasse a Murdoch. A declaração de independência de Milliband aconteceu quando disse, depois das revelações, que Murdoch não poderia ser autorizado a comprar a BSkyB. No mesmo momento, Murdoch retirou sua proposta, tática de retirada, evidentemente, na esperança de depois voltar, apesar de, hoje, todo o negócio já ser politicamente inconcebível.

“Com visão panorâmica e a posteriori e considerado tudo o que se seguiu”, Cameron discursou na Câmara dos Comuns, falando de Coulson, “eu nunca lhe ofereceria o emprego e espero que ele nunca aceitasse”. Qualquer ser humano sabe que não seria necessária nenhuma visão panorâmica: bastaria o mais elementar bom senso, ou o talento básico conhecido como autopreservação. Milliband tem muito que dizer contra Cameron, sim. Mas... Quem Milliband contratou como seu “diretor de estratégia e comunicação”?! Ninguém menos que Tom Baldwin!

O mais engraçado é que, ano passado, ainda no Times, Baldwin ostentou o furo – excitante –, de que Ed Milliband concorreria à liderança dos Trabalhistas, contra seu irmão David Miliband, até então, a aposta mais quente. E nem bem Ed assumira a nova função em janeiro, quando Baldwin mandou instruções para os deputados da linha de frente dos Trabalhistas, no sentido de que “evitassem comentários que dessem a impressão de ataque desmedido a um grupo jornalístico”. Um doce, a quem adivinhar que grupo Baldwin tinha em mente. Ainda não apareceu político inglês cujas mãos não sejam manchadas de murdochismo.

Nada autoriza a supor que os truques sujos de News of the World sejam exclusividade dos tablóides de Murdoch, ou que a imprensa popular ‘aprenderá a lição’: até que o crime de grampear telefones converteu-se em “grande notícia”, inevitável, inescapável, o que se ouvia era o silêncio ensurdecedor sobre o assunto no Daily Mail e no Daily Mirror. A única coisa que aconteceu, depois de tantos e tantos escândalos anteriores, é uma ostentação de arrependimento fingido, algum tempo de moderação e então, como viciado que não resiste à droga, tudo voltará a ser feito como antes, pelos velhos sujos caminhos.

Até aqui, a resposta dos tablóides tem sido “denunciar” a cobertura que a BBC ofereceu da história, e reclamar, furiosamente, contra qualquer tentativa de regulação da imprensa.

Há, sim, urgente necessidade de reformar-se a lei da mídia, para obrigar a imprensa a respeitar a privacidade dos cidadãos e a servir ao interesse público. Mas, isso, é o que nos prometem há anos, e continuamos à espera.

Seja como for, pode-se afirmar, no mínimo, que a obscena influência que Rupert Murdoch exercia sobre a política britânica, se não acabou, sofreu duro baque. Quebrou-se o feitiço. Vince Cable, ministro do gabinete Liberal Democrata que já enfrentou Murdoch, comparou o estado de espírito reinante em Westminster ao êxtase popular quando cai um tirano.

Cameron, em tom compungido-grandiloquente, diz que todos “temos de aprender as lições e fazer, do momento presente, momento de catarse”. Sim, sim. E a primeira lição é que, para o futuro, os magnatas bilionários das empresas de comunicação e mídia sejam mantidos bem longe da convivência com primeiros-ministros, ministros etc. Nada muda, de fato, se são obedecidos, se entram pela entrada principal ou pela porta dos fundos.

Líbia: a morte do comandante “rebelde”

http://redecastorphoto.blogspot.com/2011/07/libia-morte-do-comandante-rebelde.html

 

30/7/2011, Victor Kotsev, Asia Times Online
Traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu



Da discussão de pauta, na Vila Vudu:
“Acho que esse artigo é muito jornalístico – portanto não nos interessa.
Ninguém aqui tem qualquer interesse por ou obrigação de ouvir/ler o que pense um ou outro jornalista ou um ou outro Murdoch, sobre seja lá o que for.

Mas nenhum jornal ou jornalista brasileiro sabe porra-nenhuma sobre a Líbia. Por aqui, a única coisa que a imprensa oferece é o papim fraco dos mervais e uíliamvacks e demétriosmagnólias. E mesmo esse naaaaada nunca passa de repetição de releases do Departamento de Estado dos EUA, da CIA ou de agências de notícias que, idem, só fazem repetir releases etc. etc. etc., como o New York Times; ou é opinião fraca da USP udenista tucana golpista.

Nós trabalhamos sempre pra dar voz clara a UM LADO – o nosso. Em matéria de “ouvir os dois lados” à moda do jornalismo que há, já nos bastam os dois lados do sempre mesmo Murdoch. Como todos sabemos, nunca houve, não há nem jamais haverá murdochs éticos, nem murdochs democráticos.

Mas acho que sim, podemos traduzir. Há aí melhor informação que em qualquer jornal brasileiro. E a seleção de matérias que há nas notas pode ser útil para quem esteja acompanhando o noticiário (nossa camaradinha Lica, que está fazendo exatamente isso, disse que os artigos selecionados nessas notas não são nenhuma Brastemp, mas são muito melhores que qualquer coisa que tenha sido publicada na ‘grande’ imprensa brasileira).

Metemos aspas de ironia em todos os “rebeldes” e “revolucionários” que o jornalista “isento” escreva com pompa e circunstância (e com lado, é claro, mas nunca declarado); e escrevemos uma nota, pra chamar a atenção para o fato de que o jornalista escreve de Telavive.

Nenhum jornalista que tenha de trabalhar em Telavive JAMAIS escreverá matéria assinada em que informe, decentemente, que a guerra da Líbia foi INVENTADA e IMPOSTA à Líbia, por EUA-OTAN, interessados em destruir a Líbia de Gaddafi, porque Israel acha-que-sim.

Na matéria abaixo, de fato, a única notícia que se lê é que o calorão, o jejum de Ramadã, as tempestades de areia e a “complexidade do conflito” venceram a guerra na Líbia. Gaddafi nem passou por lá, nem derrotou os EUA-OTAN. E os ‘rebeldes’ hoje, já em pleno salve-se-quem-puder, não temem mais pelos próprios pescoços, que por alguma democracia.

De fato, pensando bem... fica-se sem saber o que, diabos, a CIA tanto espiona, que não sabia, sequer, da “complexidade do conflito” naquela parte do mundo! [gargalhadas e aplausos].

Se Obama – que estava ao lado da presidenta Dilma quando ordenou o ataque à Líbia – tivesse perguntado, a presidenta Dilma teria dito: “Não se meta lá. É fria.” Meteu-se Obama de pato do AIPAC a ganso do AIPAC, e levou um creu. Que utilidade teve a CIA?!

Se o que a CIA sabe fazer é “prever” que a Líbia corre risco de virar “mais uma Somália, dessa vez na costa Mediterrânea”, sinceramente, se a CIA trabalhasse pra mim, eu demitia por incompetência. E esse trecho do artigo, por absolutamente ridículo, a gente não traduz.

Não traduzimos tampouco os parágrafos em que o jornalista “informa” que a segurança do ocidente estará ameaçada se Gaddafi meter na cadeia (ou fuzilar) toooodos os “rebeldes”. Isso, o Estadão já (des)informa todos os dias. E, OK, aproveitamos, do artigo, o que presta.

Melhor pra nós se, em breve, as notas introdutórias das nossas traduções trouxerem mais reflexão aproveitável que qquer coisa que a gente traduza de jornais. Só a luta ensina!

Contudo, claro, desde que todos os cidadãos consumidores de jornais sejam devidamente alertados para a péssima qualidade do jornalismo que lhes é impingido (e VENDIDO!), pode-se ler qualquer coisa. Claro. Liberdade TOTAL.

No Brasil, por exemplo, a Folha de S.Paulo, por exemplo, tem todo o direito de publicar o que dê na telha das danuzas. Mas a empresa deve ser obrigada por lei a trazer na primeira página, em espaço equivalente a no mínimo ¼ de página, como já se faz nos cigarros, o seguinte:

ALERTA AOS CONSUMIDORES:
A Folha de S.Paulo pressupõe que você seja perfeito idiota. Para o caso de você ainda não ser perfeito idiota, a Folha de S.Paulo dedica-se a torná-lo perfeito idiota. Assim, fica todo mundo avisado.
Se você, consumidor, não se incomodar com ser engambelado diariamente pela Folha de S.Paulo, pague, por favor, ao jornaleiro (ou por boleto, ou pelo cartão) o muito caro que a Folha de S.Paulo lhe cobra para imbecilizá-lo... e deixe-se imbecilizar à vontade.
O dinheiro é seu. A liberdade de informação, também.”

Por tudo isso, e sob as condições acima (o que não se traduz e CORTA-SE do artigo abaixo), voto a favor de traduzirmos o artigo abaixo. É o meu voto.”

[Voto aprovado por aclamação]

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O assassinato do comandante militar dos “rebeldes” líbios, general Abdel Fattah Younes pode levar a violenta cisão entre as forças de oposição a Gaddafi – que viria num momento em que a ofensiva da oposição já perde ímpeto, antes do início do mês do Ramadan, em agosto, quando o calor inclemente e o jejum obrigatório tornam os combates mais lentos e mais difíceis.

A morte do general, cujo corpo, com os de dois de seus principais auxiliares foi encontrado queimado na 5ª-feira, traz à luz uma rede extensa e complexa de relações de poder e rivalidades que invade os dois lados em luta. É prova de o quanto é fluida a situação na Líbia, com camadas superpostas de lealdades, que se modificam a todo o momento.

O espectro de uma invasão por terra, por forças da Aliança do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), já parece afastado. Já não se ouve o bravado do ocidente que se ouvia há apenas um mês – quando o exército britânico, além de outros, já preparava planos detalhados para uma Líbia de ‘depois de Gaddafi’ [1]. Esses planos saíram de cena, por uma combinação de fracassos em terra, falta de disposição política dos estados que enviaram soldados para a Líbia e os firmes protestos de Rússia, China dentre outros atores internacionais. (...)

Notícias sobre a morte do general Younes começaram a aparecer imediatamente depois que os líderes rebeldes anunciaram que o general fora preso; em seguida, as notícias foram corrigidas: o general teria sido “chamado do front”, para ser interrogado sobre suspeitas de que teria ajudado Gaddafi secretamente. O assassinato teria ocorrido quando o general voltava ao front, e o líder do grupo que o matou teria sido preso. Mas na manhã de 6ª-feira não houve novas notícias, e começaram a surgir boatos sobre quem, de fato, seria responsável.

Younes, que era tido como o segundo homem mais importante da Líbia, abaixo só de Gaddafi, antes de desertar em fevereiro, acompanha Gaddafi desde a revolução de 1969. Foi ministro do Interior, ativo várias vezes na repressão contra dissidentes, ao longo dos anos; muitos rebeldes, diz o noticiário, várias vezes manifestaram dúvidas sobre sua lealdade.

O fracasso do recente ataque pelos ‘rebeldes’ aos poços de petróleo de Brega, que resultou em várias baixas, parece ter despertado nova onda de suspeitas contra o general. Os “rebeldes” atribuíram a derrota a uma “traição”, nas palavras de um comandante, em entrevista à rede al-Jazeera, há dez dias. [2]

No início de abril, a filha de Gaddafi, Aisha, insinuou, em entrevista, que Younes continuaria leal a seu pai. Mas Gaddafi criou um prêmio pela cabeça de Younes. A entrevista, portanto, pode ter visado a desacreditar o general no campo “rebelde”. (...)

As defecções não são raras, no conflito líbio, dos dois lados. Nos primeiros protestos, jornalistas ocidentais surpreenderam-se ao ver gente que participava tanto dos protestos contra Gaddafi, quanto nas manifestações a favor.

É possível que Younes tivesse várias lealdades. Isso também significa que, tão cedo, não saberemos exatamente quem esteve por trás do atentado que o matou. Os “rebeldes” dizem que o general teria sido assassinado por “uma célula” pro-Gaddafi [o New York Times também diz, igualzinho. O New York Times, além do mais, só faz advertir contra o risco de “grave violência tribal, como em outras partes da África” [3]. É informação tão acurada e isenta quanto o Estadão “informar” que haverá um desfile de moda na Vila Madá, em Sampa, “como em outras partes do Cone Sul”. Ninguém precisa saber o que o NYT pensa sobre coisa alguma. Quantos votos teve o NYT? (NTs)].

Há notícias sobre importante cisão dentro do campo “rebelde’’ entre atuais “rebeldes” que por muito tempo foram aliados de Gaddafi e revolucionários com passado limpo. [Como assim... “limpo”?! Cadê o jornalismo isento, sô?! Quem precisa saber o que pensa o jornalista?! Quem precisa desse jornalismo?! (NTs)].

Seja como for, não é fácil definir o que seja passado limpo na Líbia. [e onde, diabos, seria facílimo definir “passado limpo”?! Parece a cabeça da D. Danuza, sô! (NTs)].

Para aumentar a complexidade da situação, o principal chefe rival de Younes no campo rebelde era o general Khalifa Hifter, que desertou em 1987 e viveu durante décadas nos EUA, até voltar à Líbia, em março, para juntar-se aos “rebeldes”.

Hifter, que goza da confiança dos “rebeldes” por ter passado limpo é, sabidamente, ligado à Agência Central de Inteligência (CIA) dos EUA. Daí nasceram suspeitas de que a agência norte-americana pode também estar implicada no assassinato.

Além disso, os objetivos da guerra vão-se rapidamente centrando em obter dinheiro e conquistar recursos naturais. Não por acaso, a mais recente ofensiva dos “rebeldes” visou a cidade de Brega, no leste. “A batalha na Líbia vai aos poucos se transformando, de desejo de conquistar territórios, para desejo de controlar recursos” – noticiou Anita McNaught, da rede al-Jazeera, há uma semana [4].
Outro dos motivos que têm aparecido como centrais, nos movimentos diplomáticos dos “rebeldes” líbios, é obter acesso ao dinheiro. Para tanto, os “rebeldes” tentam conseguir que sejam reconhecidos como legítimo governo líbio por outros países. [5] Querem ter acesso a dezenas de bilhões de dólares que estão congelados no ocidente; querem também poder receber ajuda militar, de que os rebeldes carecem desesperadamente: armas, munição, salários, comida e remédios.

Há fontes que dizem, até agora como pura especulação, que os ‘rebeldes’ têm planos de construir um exército mercenário para combater Gaddafi no futuro. A informação não foi confirmada, mas persistem muitas dúvidas quanto à identidade e o comportamento das forças “rebeldes”. Mesmo jornais simpáticos aos “rebeldes”, como al-Jazeera, já dizem que eles não seriam tão democráticos ou amantes da paz quanto querem fazer crer [6].

A ONU já acusou formalmente os dois lados por prática de crimes de guerra. [7] O assassinato de Younes, se foi crime de um dos lados em confronto, será exemplo claro das táticas brutais empregadas na Líbia, pelos dois lados. Se continuarem a surgir notícias sobre essas atrocidades, pode ser o fim de qualquer legitimidade da campanha das forças internacionais e da OTAN.

Em qualquer caso, a OTAN, a única força militar que efetivamente ainda apóia os “rebeldes”, já trabalha pressionada num cronograma estrito, embora não o declare. Muitos países-membro já não demonstram qualquer empenho político ou disposição para consumir recursos (ou não têm, mesmo, recursos a desperdiçar), na guerra. E logo começará o outono, época de tempestades de areia na Líbia, quando o potencial bélico dos jatos da OTAN será drasticamente reduzido.

Dado que já não se cogita de invasão por terra na Líbia, os dois cenários gêmeos, de colapso dos “rebeldes” e de vácuo de poder no país, tomam a cena. Em agosto, mês do Ramadã, não se deve esperar que os “rebeldes” derrotem Gaddafi pela força. E estão bem próximos de perder a OTAN, sua principal aliada. (...)

Notas do autor
[1.] Libya after Gaddafi, Asia Times Online, 5/7/2011.
[2.] Libyan rebels pushed back from Brega, al-Jazeera, 19/7/2011.
[3.] Death of Rebel Leader Stirs Fears of Tribal Conflict, The New York Times, 28/7/2011 (registration required).
[4.] Libyan rebels fight for resources, al-Jazeera 21/7/2011.

Promotoria acusa Testemunhas de Jeová de discriminação




LUIZA BANDEIRA
DE SÃO PAULO

O Ministério Público Federal no Ceará entrou com ação civil pública para impedir a igreja Testemunhas de Jeová de praticar suposta discriminação contra "ex-fiéis".

A ação, protocolada na última semana, foi motivada por representação do servidor público Sebastião Oliveira, 53, que foi expulso da religião. Depois disso, ele diz que passou a ser rejeitado por outros fieis por orientação da igreja.

O objetivo da prática, de acordo com a procuradora Nilce Rodrigues, é fazer com que o "ex-fiel" "caia em si e retorne a [religião de] Jeová".

Oliveira diz que foi expulso após escrever artigos em jornais sobre suas crenças. A orientação da religião é que apenas representantes oficiais se manifestem publicamente sobre a doutrina, conforme a Procuradoria.

Oliveira diz que perdeu seus amigos, pois a religião exige que um fiel só tenha relações com quem tem a mesma crença.

Ainda segundo o ex-fiel, colegas de trabalho "viraram a cara" e ele passou a andar só de carro pelo bairro para evitar a humilhação de ser ignorado por vizinhos. Nem com a irmã, que é da religião, conversa mais.

Segundo a procuradora, investigação comprovou que publicações da religião incentivam a discriminação contra ex-fieis e outras testemunhas confirmaram a orientação.

Rodrigues diz que a prática é discriminatória e que ninguém pode exercer pressão para manter "alguém filiado a uma entidade religiosa".

A ação, contra a Associação Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, que representa as Testemunhas de Jeová no Brasil, e a Associação Bíblica e Cultural de Fortaleza, representante no Estado, pede pena de pagamento de multa de R$ 10 mil por cada ato de discriminação identificado.

Foi pedido que a igreja não divulgue mais orientações sobre a forma de tratar "ex-fiéis" com discriminação.

Por meio de seu porta-voz, Walter Freoa, a igreja Testemunhas de Jeová afirmou que não se manifestaria.

De sertaneja a devassa, conheça as cinco faces de Sandy

DE SÃO PAULO

Aos 28 anos, a cantora Sandy já passou por várias fases na vida, que se desenrolou quase toda sob o olhar vigilante do público.

De cantora mirim a atriz da Globo, passando pela nova condição de celebridade que causa sempre que abre a boca, conheça as facetas da filha de Xororó.

A Maria Chiquinha

O sucesso sorriu cedo para Sandy. Após se apresentar ao lado do irmão, Júnior, no "Som Brasil", da Globo, os dois gravaram o primeiro disco, "Aniversário do Tatu" (1991). O grande destaque dessa época era "Maria Chiquinha", na qual ela respondia a Genaro, seu bem, o que tinha ido fazer no mato.

Os irmãos Sandy e Júnior, cantores de música sertaneja, em foto de 1992
Os irmãos Sandy e Júnior, que começaram a carreira como cantores de música sertaneja, em foto tirada em 1992

A adolescente certinha

Nos anos seguintes, Sandy construiu uma imagem de adolescente certinha, enquanto respondia a entrevistas para divulgar os novos trabalhos da dupla com o irmão, que incluíam sucessos como "Vamo Pulá!". A Globo a chamou para estrelar um seriado no qual interpretava a si mesma, o que ajudou a consolidar a fama de boa moça.

A dupla Sandy e Júnior em cena do programa da Globo que mostra a formatura do colegial
Sandy canta enquanto o irmão Júnior a acompanha no piano, em cena do seriado da Globo que mostrava a vida deles

A mocinha esotérica

Nesse meio tempo, ela conseguiu abrir espaço na agenda lotada de shows e gravações para protagonizar uma novela. Viveu a protagonista Cristal, uma mocinha meio bicho-grilo que vivia em uma comunidade alternativa em Goiás e transpirava incenso por todos os poros.

Sandy e Guilherme Fontes se beijam na novela "Estrela Guia", da TV Globo
Sandy beija o ator Guilherme Fontes em cena da novela "Estrela-Guia", da Globo, na qual dava vida à riponga Cristal

A cantora sozinha

Após 17 anos cantando em dupla com irmão, ela anuncia que seguirá seu rumo em 2007. Após comoção geral dos fãs da dupla, ela lança seu primeiro CD solo em 2010. Apesar da participação do irmão, ela prova que há vida para Buchecha sem Claudinho.

Sandy lança seu primeiro disco solo

Sandy lança seu primeiro disco solo em 2010, três anos após anunciar o final da parceria de 17 anos com o irmão

A devassa

Tentando se descolar da imagem que cultivou na adolescência, Sandy tentou de tudo um pouco. Fingiu que era "do mal" na MTV, encarnou a Amy Winehouse em um clipe, arranjou encrenca com seguidor no Twitter e, mais recentemente, virou garota propaganda de cerveja --mesmo sem gostar da bebida-- e aparecerá na capa da "Playboy" dizendo que é possível sentir prazer anal.

Sandy como musa de camorete de cerveja no carnaval

Sandy como musa de camorete de cerveja no carnaval, após o qual começou a dar declarações polêmicas a revistas