quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O “Filho de África” reclama as jóias da coroa de todo um continente




John Pilger

por John Pilger

A 14 de Outubro, o presidente Barack Obama anunciou o envio de forças especiais americanas para a guerra civil do Uganda. Nos próximos meses, tropas de combate americanas serão enviadas para o Sudão do Sul, Congo e República Centro-Africana. Obama assegurava também, satiricamente, que estas apenas “atuarão em "autodefesa”. Com a Líbia securizada, está então em marcha uma invasão americana do continente africano.

A decisão de Obama é descrita pela imprensa como “bastante invulgar”, “surpreendente” e até como “esquisita. “

Nada está mais longe da verdade. É a lógica própria à política externa americana desde 1945. Recordemos o caso do Vietnã. A prioridade era então fazer frente à influência da China, um rival imperial, e “proteger” a Indonésia, considerada pelo presidente Nixon a “maior reserva de recursos naturais da região” e como “o maior prémio”.

 O Vietnã estava simplesmente no caminho dos EUA; a chacina de mais de 3 milhões de vietnamitas e a destruição e envenenamento daquela terra era o preço a pagar para alcançar este objetivo.

Como em todas as invasões americanas posteriores, um rastro de sangue desde a América Latina até ao Afeganistão e ao Iraque, a argumentação era sempre a da “autodefesa” e do “humanitarismo”, palavras há muito esvaziadas do seu significado original.
Sudão do Sul, país recém criado.

Em África, diz-nos Obama, a “missão humanitária” é ajudar o governo do Uganda a derrotar o Exército de Resistência do Senhor (LRA), que “assassinou, violou e raptou dezenas de milhares de homens, mulheres e crianças na África Central”. Esta é uma descrição exata do LRA, que evoca múltiplas atrocidades administradas pelos próprios Estados Unidos, como é disso exemplo o banho de sangue que se seguiu, nos anos 60, ao assassinato perpetrado pela CIA do líder congolês Patrice Lumumba, democraticamente eleito, ou ainda a operação da CIA que instalou no poder aquele que é considerado o mais venal tirano africano, Mobutu Sese Seko.

Outra justificação de Obama também parece ridícula. Esta é a “segurança nacional dos Estados Unidos”. O LRA esteve fazendo o seu trabalho sujo durante 24 anos, com interesse mínimo dos Estados Unidos. Hoje ele tem pouco mais de 400 combatentes e nunca esteve tão fraco. Contudo, “segurança nacional” estadunidense habitualmente significa comprar um regime corrupto e criminoso que tem algo que Washington deseja.

O “presidente vitalício” de Uganda, Yoweri Museveni, já recebe a parte maior dos US$45 milhões de “ajuda” militar dos EUA – incluindo os drones favoritos de Obama. Este é o seu suborno para combater uma guerra por procuração contra o mais recente e fantasmático inimigo islâmico da América, o andrajoso grupo al Shabaab na Somália.

O LRA desempenhará um papel de relações públicas, distraindo jornalistas ocidentais com as suas perenes histórias de horror.

No entanto, a principal razão para a invasão americana do continente africano não é diferente daquela que levou à guerra do Vietnã. É a China.

Num mundo de paranóia servil e institucionalizada, que justifica aquilo que o general Petraeus, o antigo comandante norte-americano e hoje diretor da CIA, chama um estado de guerra perpétua, a China substituindo a Al-Qaeda como a “ameaça” oficial americana. Quando entrevistei Bryan Whitman, secretário de estado adjunto da Defesa, no Pentágono, no ano passado, pedi-lhe para descrever os perigos atuais para os EUA no mundo. Debatendo-se visivelmente repetia: “Ameaças assimétricas… ameaças assimétricas”. Estas “ameaças assimétricas” justificam o patrocínio estatal à lavagem de dinheiro por parte da indústria militar, bem como o maior orçamento militar e de guerra da História. Com Osama Bin Laden fora de jogo, é a vez da China.

A África faz parte da história do êxito chinês.

Recursos da África em hidrocarbonetos. 
Onde os americanos levam drones e desestabilização, os chineses levam ruas, pontes e barragens. O principal interesse são os recursos naturais, sobretudo os fósseis.

A Líbia, a maior reserva africana de petróleo, representava durante o governo Kadafi uma das mais importantes fontes petrolíferas da China. Quando a guerra civil começou e a OTAN apoiou os “rebeldes” fabricando uma história sobre supostos planos da Kadafi para um “genocídio” em Bengazi, a China evacuou 30 mil trabalhadores da Líbia.

A resolução do Conselho de Segurança da ONU que permitiu a “intervenção humanitária” por parte dos países ocidentais, foi sucintamente explicada numa proposta dos “rebeldes” do Conselho Nacional de Transição ao governo francês, divulgada no mês passado pelo jornal Libération, na qual 35% da produção de petróleo Líbia eram oferecidos ao estado francês “em troca” (termo utilizado no texto em questão) do seu apoio “total e permanente” ao CNT. O embaixador americano na Tripoli “libertada” Gene Cretz, confessou: “Sabemos bem que o petróleo é a jóia da coroa dos recursos naturais líbios”.

A conquista de facto da Líbia por parte dos Estados Unidos e dos seus aliados imperiais é o símbolo da versão moderna da “corrida à África” do século XIX.

Tal como na “vitória” no Iraque, os jornalistas desempenharam um papel fundamental na divisão dos líbios entre vítimas válidas e inválidas. Uma primeira página recente do Guardian mostrava um líbio “pró-Kadafi” aterrorizado e os seus captores de olhos brilhantes que, como intitulado, “festejavam”. De acordo com o general Petraeus, existe hoje uma guerra da “percepção... conduzida continuamente pelos meios de informação”.

Durante mais uma década, os Estados Unidos procuraram estabelecer um comando militar no continente africano, o AFRICOM, mas este foi rejeitado pelos governos da região, receosos das tensões que daí poderiam advir.

A Líbia, e agora o Uganda, o Sudão do Sul e o Congo, representam a oportunidade dos Estados Unidos. Como revelou a Wikileaks e o departamento americano de estratégia contraterrorista (National Strategy for Counterterrorism – White House), os planos americanos para o continente africano são parte de um projeto global, no quadro do qual 60 mil elementos das forças especiais, incluindo esquadrões da morte, operam já em mais de 75 países, número que aumentará em breve para 120. Como já dizia Dick Cheney no seu plano de “estratégia de defesa”:

Os Estados Unidos desejam simplesmente dominar o mundo.

Que esta seja a dádiva de Barack Obama, o “filho de África”, ao seu continente é incrivelmente irônico. Não é?

Como explicava Frantz Fanon no seu livro “Pele negra, máscaras brancas”, o que importa não é a cor da tua pele, mas os interesses que serves e os milhões de pessoas que acabas por trair.
20/Outubro/2011

O artigo original, em inglês, encontra-se em: “The Son of África claims a continent’s crown jewels”.
Tradução de MQ.
Esta tradução foi extraída de: “Resistir.info”.

Folha vs Falha: Decisão da Justiça pode criar jurisprudência perigosa



da Assessoria de Imprensa do deputado Paulo Pimenta (PT-RS)
Na tarde desta quarta-feira (26), a Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados promoveu audiência para debater o silêncio da mídia no caso de censura imposto pelo jornal Folha de São Paulo ao blog Falha de S. Paulo. Parlamentares de diversos partidos políticos compareceram à sessão, em uma demonstração de que essa não é uma discussão partidária, conforme tentou induzir o diário paulista nos últimos dias. Os deputados alertaram para um precedente perigoso que pode ser criado no país, dependendo da compreensão da justiça sobre o episódio.
Autor do requerimento para o debate, o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) enfatizou que a linha adotada pela Folha põe em risco um direito constitucional. “Estão corretos os que entendem que esse episódio não é algo menor. Como essa é uma ação inédita no Brasil, a decisão da Justiça em favor da Folha de S. Paulo criará uma jurisprudência de restrição à liberdade de expressão. Qualquer blog ou veículo alternativo que utilizar da sátira para criticar poderá ser processado e tirado do ar. No futuro, os próprios meios de comunicação serão julgados com base nesse entendimento”, frisou o parlamentar.
“É muito bom quando temos o dono do jornal deixando cair sua máscara, o jogo fica mais claro”
Criador do blog Falha, Lino Bochini criticou, por um lado, a ausência da Folha, mas por outro, afirmou que o jornal paulista “mostrou sua verdadeira face”. Ele, que classificou a ação da Folha com “absurda” e “truculenta”, rebateu as alegações do proprietário e diretor de redação, Otávio Frias Filho, de que o blog Falha não seria sátira nem independente. “É muito bom quando temos o dono do jornal deixando cair sua máscara, o jogo fica mais claro. A Folha mente, o nosso blog era sátira e era independente! A Folha é um jornal que cobra transparência, responsabilidade dos órgãos públicos – o que está correto – mas que foge do debate por meio de uma carta autoritária”, contestou Lino, desafiando que não há na blogosfera nenhum site defendendo a Folha, além do portal do próprio jornal.
“Folha tem pouco a acrescentar no debate sobre liberdade de expressão. Isso explica a ausência de seus representantes”
O 1º Secretário da Federação Nacional dos Jornalistas, Antônio Paulo Santos, que também compôs a mesa de trabalho, afirmou que o que os grandes grupos de comunicação querem é a “liberdade de empresa”. O dirigente da Fenaj criticou, e não isentou o Congresso, pelo fato de no Brasil o setor de comunicação não ter regulação nenhuma. “As tradicionais famílias que dominam a mídia em nosso país trabalham unidas pela desregulamentação do setor. Conseguiram, a partir de muita pressão, que o Congresso arquivasse o projeto de criação do Conselho Federal de Jornalismo, e, por fim, há dois anos, derrubaram o diploma de jornalismo”, resumiu.
Folha, por meio de nota, já havia antecipado que “declinaria” do convite por “discordar da temática da audiência”. Sobre ausência do jornal paulista, o deputado Pimenta disse que a “Folha de S. Paulo tem pouco a acrescentar no debate sobre liberdade de expressão”, o que, segundo ele, explica a ausência de seus representantes. Ivan Valente (PSOL-SP) considerou que a Folha desrespeitou o Legislativo ao contestar na carta a temática da audiência. “O jornal pode fazer o juízo de valor que quiser sobre o fato, mas não pode deslegitimar a atuação da Comissão de Legislação Participativa e do Poder Legislativo”, criticou.
Parlamentares condenam Folha e apóiam blog Falha
Ao todo, 16 deputados registraram presença no debate. Todos dividiram da mesma preocupação, levantada no início do debate, sobre uma jurisprudência perigosa a ser criada pela justiça no caso de uma decisão favorável ao jornal Folha de São Paulo.
“Se um jornal quiser ter respeito pelo seu público, deveria ter o rabo preso com a verdade”
“A estrutura das empresas de comunicação no Brasil é familiar e secular, isso é ruim para a democracia brasileira. A propriedade cruzada, essa concentração da informação que em outros países não existe, aqui no Brasil pode! A Folha erra ao fazer a defesa da liberdade de expressão, ao mesmo tempo em que não consegue suportar as críticas de um blog. Se um jornal quiser ter respeito pelo seu público, deveria ter o rabo preso com a verdade, e não com o leitor (referindo-se ao antigo slogan da Folha ‘de rabo preso com o leitor’). Lamento que a justiça brasileira, às vezes, tenha definições impróprias sobre alguns temas, daí a necessidade da regulamentação dos meios de comunicação, para não termos um vazio legislativo, que possa, de alguma forma, ameaçar a liberdade de expressão no país”. Ivan Valente (PSOL-SP)
“É errado minimizarmos essa ação de censura, porque ela é muito grave”
“Esse tema não se esgotará, pois não há, aqui, a outra parte. Se não pudermos usar a marca para satirizar, como defende a Folha, o Zorra Total deveria sair do ar, pois faz uma sátira a Presidente Dilma. Se, por acaso, a Presidente pedisse para tirar o quadro do ar, certamente, a Rede Globo reagiria, e a Folha e os grandes jornais do país dariam capa para o assunto. O PCdoB, meu partido, poderia processar a revista Época que trouxe em sua edição desta semana uma montagem com nossa bandeira. Esse episódio criará um parâmetro para as decisões judiciais. Não podemos tratar o caso como se fosse algo isolado, um processo da Folha contra um blog. É errado minimizarmos essa ação de censura, porque ela é muito grave”. Manuela d´Ávila (PCdoB-RS)
“Chama a atenção que a Folha diz que a decisão da justiça de primeira instância é soberana e que o assunto está superado. Não está e o parlamento tem o dever de acompanhar os próximos desdobramentos”Luiz Couto (PT-BA)
Universitários de Brasília, representantes do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal e do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social também acompanharam a audiência.
“Está claro que, quando o espaço para os dois lados estão garantidos, a Folha prefere silenciar. Liberdade de expressão e liberdade de imprensa têm que conviver com as demais liberdades. Assistimos a grandes grupos fazendo mau uso da liberdade de expressão, o que não se configura no caso do blog Falha de S. Paulo. São os blogs, hoje, que nos garantem a pluralidade da informação, e mesmo assim os gigantes se insurgem contra os pequenos que exercem o direito à crítica”Mariana Martins – Grupo Intervozes
Convidadas, Associação Nacional dos Jornais (ANJ) não compareceu e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que havia confirmado o nome de Claudismar Zupirolli, Presidente do Tribunal de Ética e Disciplina (OAB-DF), não enviou representante, pois hoje no Supremo Tribunal Federal estava em julgamento a constitucionalidade do exame da ordem dos advogados.
Deputados presentes à audiência
Dr. Grillo (PSL-MG)
Paulo Magalhães (DEM-BA)
Paulo Pimenta (PT-RS)
Roberto Britto (PP-BA)
José Stédile (PSB-RS)
Miriquinho Batista (PT-PA)
Pedro Uczai (PT-SC)
Vitor Paulo (PRB-RJ)
Weverton Rocha (PDT-MA)
Luiz Fernando (PSDB-SP)
Vaz de Lima (PSDB-SP)
Ivan Valente (PSOL-SP)
Luiz Couto (PT-PB)
Manuela d´Ávila (PCdoB-RS)
Nelson Marchezzan Jr (PSDB-RS)

"Ou anulam as provas ou anulam as questões"


Foto: Divulgação

EM ENTREVISTA AO BRASIL 247, PROCURADOR OSCAR COSTA FILHO PEDIU AÇÃO IMEDIATA DO MEC SOBRE SUPOSTO VAZAMENTO DE 13 QUESTÕES DO ENEM EM FORTALEZA

26 de Outubro de 2011 às 18:19
Diego Iraheta_247 - Depois de um fim de semana de tranquilidade e aparente sucesso, o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) 2011 está em xeque. Candidatos do Ceará denunciaram que 13 questões da prova amarela tinham sido reproduzidas em um simulado do colégio Christus, de Fortaleza. O Ministério Público Federal é taxativo: houve vazamento e, por isso, o caso requer uma solução imediata. “Não precisa esperar inquérito da Polícia Federal. A solução tem que ser apresentada hoje, nesta semana”, disse ao Brasil 247 o procurador federal Oscar Costa Filho, há 20 anos atuando no Ceará.
Para ele, o Ministério da Educação tem duas opções. Ou anula o exame inteiro ou anula as 13 questões. Oscar Costa Filho discorda de solução ventilada pelo MEC de invalidar apenas os exames dos cerca de 600 estudantes do colégio Christus, que tiveram acesso às questões em simulado duas semanas antes do concurso. “Não tem como dimensionar quantos alunos tiveram acesso. Tem estudantes que se comunicam. Como é que vai dizer que foram só alunos dessa escola que tiveram acesso às questões do Enem?”, argumenta. Leia a entrevista completa ao Brasil 247:
Brasil 247: O senhor viu as questões do simulado. Elas eram idênticas mesmo?
Oscar Costa Filho: Sim, está tudo documentado. São 13 questões. A primeira coisa que temos que nos entender com o MEC é na matemática. Não são 9, 10 questões. São 13. Elas foram cópias, cópias, cópias!
Como teria sido esse vazamento de questões?
O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), do MEC, aventou que pode ter sido vazamento no pré-teste. O pré-teste é um processo sigiloso, em que grupos de alunos isolados resolvem questões do exame. É como se fosse um teste de questões do Enem, para medir o nível de complexidade dos itens. Com base nesse pré-teste, faz-se um banco de questões – que não são disponibilizadas ao público. É tudo feito pelo Inep sob absoluto sigilo.
Então, o vazamento foi no pré-teste?
É isso que está sendo investigado. Se foi do pré-teste ou da própria prova. A investigação criminal que vai definir para saber onde estão as fraturas expostas do Enem.
Mas os candidatos terão que esperar o inquérito da Policia Federal?
Não, o que nos interessa agora é que houve vazamento. As questões não deviam ter ido a público e foram. São cópias! Não precisa esperar inquérito da Polícia Federal. A solução tem que ser apresentada hoje, nesta semana.
Quais são as possíveis soluções para os mais de quatro milhões de candidatos que fizeram as provas?
Como foi problema de vazamento, minha recomendação é que a solução tem que atingir todos os candidatos nacionalmente. O MEC tem tido histórico de querer fazer concurso nacional. Mas quando tem problema, quer tornar o problema local. Isso não funciona. O problema é local, mas a solução tem que ser nacional.
Ou seja, o senhor discorda da anulação das provas só para os candidatos do colégio Christus?
Isso não pode ser feito, senão vai ser barrado na justiça. Não dá pra fazer a prova somente com os 600 candidatos dessa escola. Não tem como dimensionar quantos alunos tiveram acesso. Tem estudantes que se comunicam. Como é que vai dizer que foram só alunos dessa escola que tiveram acesso às questões do Enem?
Então, o senhor acha que a única saída é anular a prova?
É o que nós recomendamos. Faz outra prova. Atinge todo mundo...
Mas o custo disso não é muito elevado, procurador? Tem milhões de candidatos..
Por isso, aventamos a possibilidade de anular só as 13 questões idênticas. Mas para todo o País.

Denúncias contra Orlando continuarão a ser apuradas



Denúncias contra Orlando continuarão a ser apuradasFoto: AGÊNCIA BRASIL

PROCURADOR-GERAL ROBERTO GURGEL DIZ QUE EXONERAÇÃO DO MINISTRO DO ESPORTE NÃO CESSA INVESTIGAÇÃO

Por Agência Estado
26 de Outubro de 2011 às 18:44Agência Estado
Autor do pedido de investigação contra Orlando Silva, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou hoje que as apurações continuarão mesmo com a saída dele do Ministério do Esporte. "A gente tem que investigar independentemente", disse.
Segundo Gurgel, é necessário investigar amplamente o suposto esquema de desvio de verbas do programa Segundo Tempo. "A saída eventual dele do Ministério não altera a necessidade de investigação porque a primeira aparência é a de que todo esse programa Segundo Tempo tem sérios problemas de irregularidades em todo o País", afirmou o procurador.
A demissão de Orlando Silva fará com que o inquérito aberto nesta semana pela ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia Antunes Rocha seja transferido para o Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ao deixar o cargo, Orlando Silva perde direito ao chamado foro especial, ou seja, de ser investigado e julgado perante o STF.
Mas como o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, também é investigado o caso passará para o STJ. No Brasil, os governadores têm direito ao foro privilegiado, só que no STJ. Dessa forma, as apurações e os processos contra governadores de Estado tramitam no STJ.
Orlando Silva foi o primeiro ministro do governo da presidente Dilma Rousseff alvo de um inquérito no STF. A investigação foi aberta para apurar o suposto envolvimento dele em crimes contra a administração pública. Ao pedir a abertura do inquérito, o procurador-geral da República afirmou que existiam "fortes indícios" de desvios "em proveito de integrantes do PC do B".

Enem valeu e não será anulado, diz Ministério da Educação



Enem valeu e não será anulado, diz Ministério da EducaçãoFoto: Divulgação

APENAS OS 639 ALUNOS DO COLÉGIO CHRISTUS VÃO REFAZER AS PROVAS; SE PARTICIPAÇÃO DA ESCOLA NO ‘VAZAMENTO’ FOR COMPROVADA, MEC PROMETE PROCESSAR INSTITUIÇÃO

26 de Outubro de 2011 às 19:51
Diego Iraheta_247 – Com a anulação das provas dos estudantes do Colégio Christus, em Fortaleza (CE), o Ministério da Educação espera acalmar os ânimos dos quatro milhões de candidatos do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem). Pelas redes sociais, milhares de jovens demonstraram preocupação com o suposto vazamento de questões do concurso. A decisão do MEC foi uma resposta à recomendação do Ministério Público Federal de anular o Enem 2011 pela denúncia de irregularidades.
Os 639 alunos do Christus deverão fazer os novos testes nos dias 28 e 29 de novembro. Apesar da decisão, o MEC não reconhece que houve vazamento das questões. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, responsável pelo Enem, revisou todas as etapas de aplicação das provas e informou a ausência de “ocorrência de incidente”. Para entender como os candidatos do Christus tiveram acesso às questões, o MEC acionou a Polícia Federal. Caso seja verificado envolvimento da escola, o ministério vai processá-la.
Banco de Questões
Em nota oficial (leia mais), a direção do Colégio Christus afirma que não teve acesso às provas do Enem 2011. A instituição mantém um banco de questões fruto das sugestões de estudantes e ex-alunos. Os diretores atribuem a eles a possível inclusão de questões que constavam no pré-teste do Enem. Essa é uma etapa anterior às provas, na qual o Inep mede o nível de complexidade dos itens. É um processo sigiloso, em que grupos de alunos são escolhidos em determinadas instituições no País para resolver as provas.
“Desafia a lógica e agride o bom senso alguém imaginar que, tendo de alguma forma conseguido previamente questões que seriam aplicadas no Enem, fosse o Colégio Christus torná-las públicas”, conclui a nota.
Repercussão na Web
Na tuitosfera, os boatos de vazamento já estavam em ebulição na terça-feira à noite. A formalização de um pedido do MPF para cancelar as provas elevou a temperatura dos candidatos ao longo desta quarta. “Se cancelarem o Enem de que adianta eu fazer as provas? #AíEuDesisto”, protestou o @Markuzitu, que já é veterano de Enem.
“Cancelar é um absurdo!”, bradou @messiasb20. Ele foi bem nos exames e teve receio de que as provas fossem anuladas em todo o Brasil. Nosso leitor identificado como Cláudio participou da discussão no mural de comentários do site. Ex-professor de cursinho pré-vestibular, ele saiu em defesa do Colégio Christus: “Eu buscava as questões dos meus simulados nos mesmos lugares de onde os elaboradores das provas tiravam as questões do vestibular… A probabilidade de algumas questões concidirem sempre existia”.