sábado, 19 de maio de 2012

PF investiga venda do Hotel Nacional, no Rio, a sócio de Cachoeira



PF investiga venda do Hotel Nacional, no Rio, a sócio de CachoeiraFoto: Montagem/247

MARCELO LIMÍRIO, QUE ESTÁ PAGANDO AS DESPESAS DO BICHEIRO COM ADVOGADOS, COMPROU O HOTEL NO RIO DE JANEIRO EM OPERAÇÃO SUSPEITA; LEIA REPORTAGEM DA REVISTA ÉPOCA

19 de Maio de 2012 às 09:51
247 – O empresário Marcelo Limírio, sócio do senador Demóstenes Torres (sem partido/GO) numa faculdade e do bicheiro Carlos Cachoeira no setor farmacêutico, está sendo investigado pela Polícia Federal por ter sido favorecido no leilão do antigo Hotel Nacional, no Rio de Janeiro. Fatalmente, como adiantou o 247, ele será um dos próximos protagonistas da CPI. Neste fim de semana, a revista Época traz reportagem sobre a compra do Hotel Nacional. Leia, abaixo, o texto de Isabel Clemente e Hudson Corrêa:
Um leilão sem estrelas
A PF investiga a venda do Hotel Nacional, no Rio. Um leiloeiro filiado ao PTB e um amigo de Carlinhos Cachoeira estão entre os favorecidos
Uma torre redonda e envidraçada, com mais de 100 metros de altura, se destaca desde 1972 em São Conrado, bairro nobre da Zona Sul do Rio de Janeiro. Projetado por Oscar Niemeyer, o Hotel Nacional é um marco da arquitetura e já foi considerado o mais moderno da América Latina. Desde 1995, mais parece um imóvel fantasma, vítima das dificuldades financeiras de seu proprietário. Seu destino começou a mudar em dezembro de 2009, quando um leilão o transferiu da massa falida da Interunion Capitalização (dona do extinto Papa Tudo) para as mãos do empresário goiano Marcelo Limírio. Convocado a depor na CPI do Cachoeira, Limírio é parceiro de negócios do próprio contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, cujo apelido dá nome à comissão de inquérito.
A ligação do novo dono do Nacional com Cachoeira seria uma coincidência não fosse o leilão outro caso de polícia. ÉPOCA descobriu que o negócio é investigado pela Polícia Federal. A Justiça autorizou a quebra de sigilo bancário de todos os investigados por suspeita de desvio de recursos da Interunion Capitalização e até lavagem de dinheiro (leia o quadro abaixo). Três coisas causaram estranheza aos policiais federais – e em duas delas estão envolvidas siglas de partidos políticos:
- O leilão foi remarcado várias vezes sem que o hotel fosse vendido. A última tentativa malsucedida, em 4 de novembro de 2009, estabeleceu um preço mínimo de R$ 118,5 milhões, com o pagamento mínimo de R$ 100 milhões praticamente à vista. No leilão seguinte, um mês e meio depois, o preço foi para R$ 85 milhões, com o pagamento inicial de R$ 21 milhões. Nessas condições bem mais amigáveis, foi arrematado por Limírio. (Ele não atendeu a reportagem de ÉPOCA por estar em viagem. Um de seus advogados negou sua participação no esquema de Cachoeira.) A queda de preço ocorreu com a aprovação da Superintendência de Seguros Privados, a Susep, órgão federal que fiscaliza 25% do mercado financeiro nacional – cujo comando, uma indicação política, vem sendo disputado pelo PT e pelo PTB desde o governo Lula. Na ocasião do leilão, o superintendente da Susep era o deputado federal Armando Vergílio, do PSD de Goiás, cujo padrinho é o deputado federal Jovair Arantes, do mesmo Estado. Líder do PTB na Câmara dos Deputados, Arantes é citado na Operação Monte Carlo da Polícia Federal, que deu origem à CPI do Cachoeira.

- Foram contratados dois leiloeiros, um em São Paulo e o outro no Rio de Janeiro, para o leilão do Hotel Nacional. O de São Paulo era Luiz Fernando Sodré Santoro, suplente do senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR). Outra empresa, de propriedade da mulher de Santoro, ainda entrou no negócio. Junto, o casal recebeu R$ 3,85 milhões.

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