terça-feira, 26 de junho de 2012

Microfranquias: oportunidade ou desilusão





O SISTEMA DE FRANQUIAS É UMA ÓTIMA ALTERNATIVA PARA QUEM DESEJA EMPREENDER, MINIMIZANDO OS RISCOS DE UMA EMPRESA RECÉM CRIADA NO MERCADO. MAS RESSALTO QUE NÃO É GARANTIA DE SUCESSO

O aquecimento da economia brasileira obviamente traz consigo benefícios que extrapolam os resultados sociais. Muitos brasileiros e até mesmo estrangeiros enxergam em nosso país oportunidades ímpares de negócios, que na maioria das vezes são sonhos de empreender, abandonando a pecha de empregado.
Alguns se arriscam de forma solitária no mundo dos negócios, enfrentando as adversidades e colaboram com a geração de empregos e renda. Outros preferem empreender com o apoio de parceiros, como apoiando-se nas possibilidades do sistema de franquias no Brasil.
Com 2.031 redes franqueadoras e 93.098 unidades franqueadas, segundo a ABF (Associação Brasileira de Franchising), o setor de franquias brasileiro é sinônimo de sucesso, tendo evoluído de forma vertiginosa nos últimos anos atrelado à expansão da economia nacional, preenchendo principalmente nas cidades oportunidades que faltavam a alguns empreendedores e aproximando serviços e produtos ainda distantes da maioria da população.
Tradicionalmente alinhado as empresas de cosméticos, alimentação, cursos de idiomas e informática, as franquias tinham em seu geral um investimento a partir de R$ 50 mil, o que impedia para muitos a realização do sonho de se tornar empresário com uma marca conhecida nacionalmente como grande parceira de negócio.
Pensando na expansão do mercado e nas necessidades locais de se reduzir os investimentos para democratizar suas marcas, redes tradicionais de franquias criaram conceitos de microfranquias.
O conceito de microfranquia nasce com investimentos a partir de R$ 5 mil, e beira em alguns casos até R$ 30 mil. Portanto, são franquias de baixo investimento, ligadas a prestação de serviço (não predominantemente, existindo diversas redes de comércio) em que, o franqueado, ou seja, o empresário, assumirá a gestão do negócio de forma mais direta, extrapolando as meras funções de gestão.
Outra primordial característica é a possibilidade de se trabalhar em casa, no sistema chamado home based. Ressalto que trabalhar em casa não significa dizer informal. Todas as regras tributárias e de legislação aplicadas às empresas, também se aplicam nas microfranquias.
Dentro desta áurea solução de empreender, é necessário que o investidor não seja pego de surpresa durante a operação no negócio, e esta prevenção se inicia já no momento da escolha da franquia.
Há armadilhas e perigos, mesmo no sistema de franquias, onde se pode ter a falsa impressão de que todo negócio terá retorno positivo sobre o valor investido, único e exclusivamente por ser uma loja/empresa franqueada. Não há certeza de sucesso em nenhum empreendimento.
Existem diversas lojas franqueadas que não deram certo por diversos fatores, desde falta de experiência do franqueado na operação do negócio até inoperância e ausência de apoio do franqueador (que é o dono da marca/know-how de toda a rede).
É extremamente importante visitar e/ou conversar com os microfranqueados da rede a se escolher, observando como é a relação do franqueado e franqueador. Observar como é a disponibilidade do franqueador para relacionar-se com os franqueados, se as solicitações são prontamente atendidas ou se há um verdadeiro descaso.
Pondere ainda a relação entre faturamento médio da microfranquia e os royalties pagos mensalmente para o franqueador, não se comprometendo com uma despesa que prejudicará o retorno do investimento.
Este encontro com os atuais microfranqueados transcende a simples conversa que teve como pauta se a relação entre os pares é boa. Precisa-se pontuar como foram os primeiros meses de operação, ponderar os riscos, as lições e as conquistas obtidas pelo micro franqueado que já opera uma loja da mesma bandeira escolhida por você.
A questão da exclusividade territorial é outro assunto a ser lembrado no momento da tomada de decisão. Alguns franqueadores podem vender mais de uma unidade na mesma localidade. Isso pode trazer prejuízos à operação. Portanto, verifique se a região possui demanda suficiente para quando tal fato ocorrer não gere consideráveis prejuízos e como o franqueador se comporta frente a isso.
Um dos maiores erros cometidos por microempreededores é o chamado erro de cálculo do valor a se investir. Empolgado com as novas oportunidades que possam surgir, o novo empresário capta apenas o volume de recursos para o investimento inicial (taxa de franquia, equipamentos, marketing) e se esquecem de reservar parte do capital para um giro de caixa. Este capital é fundamental para saldar as primeiras operações, uma vez que o negócio demanda tempo para começar a retornar o investimento realizado.
É fundamental ao novo empresário reservar capital para arcar com suas contas pessoais até que a empresa comece a caminhar e seu pro labore possa ser retirado.
Outro cálculo muitas vezes esquecido quando se busca uma microfranquia é a mensuração dos custos de deslocamento para o treinamento inicial de pré abertura, que dependendo do total do investimento e da localização da sede da empresa franqueadora, atingirá até 10 ou 15% do total investido.
Lembro que estamos trabalhando com investimentos tetos de R$ 30 mil, ou seja, uma despesa com passagens, hospedagem, alimentação e etc podem facilmente atingir a quantia de R$ 3mil, e atingir o comprometido de 10% do total a ser investido.
O sistema de franquias é uma ótima alternativa para quem deseja empreender, minimizando os riscos de uma empresa recém criada no mercado. Ressalto que não é garantia de sucesso, e o trabalho neste caso específico das microfranquias dominará grande parte do cotidiano do novo empresário. A conta do investimento vai além das taxas e licenças de franquia. Em sua maioria das vezes, a empresa contará com poucos empregados, e muita força de trabalho do proprietário.
Antônio Teodoro é economista e professor

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