quinta-feira, 26 de julho de 2012

A difícil tarefa de vender o carro e conseguir um bom preço


A repórter Nathália Bernardo descobriu que, para conseguir um bom preço pelo carro usado, é preciso andar muito, ter os argumentos na ponta da língua para negociar e se dispor a gastar mais em um novo veículo
A repórter passou por duas revendas e uma concessionária de Fortaleza para avaliar o carro
Na hora de entregar a chave ao vendedor, a ressalva é necessária: “não repara na bagunça”. Só assim ele não pisaria nos muitos sapatos coloridos espalhados pelo carro. Alerta também na hora de abrir o porta-luvas: pulseiras e anéis podem cair no colo do passageiro. Pequeno, o carro só tem espaço para a motorista e parte do seu guarda-roupa.

O modelo foi escolhido milimetricamente no final de 2009. Um Ford Ka prata, afinal, quanto menor, mais fácil para estacionar. Também tinha que ser barato, precauções de quem previa que o primeiro carro sofreria bastante nas mãos de uma aprendiz afoita. O objetivo era não chegar aos 50 anos sem saber fazer uma baliza, não importando quantas vezes teria que recorrer ao seguro. Depois de duas franquias pagas, ainda sobrou um amassadinho.

Troca valoriza
Para quem adoraria ter um carro autolimpante (já não há geladeiras frost free?) e abastecido em movimento com energia solar, vender o carro sozinha era um desafio. Na primeira revenda, apenas pedi avaliação, entreguei as chaves, avisei sobre os sapatos e me calei. “Por que essa porta foi pintada?”, disparou o vendedor com cara de quem havia me pego em flagrante. “É meu primeiro carro”, respondi, com o sorriso amarelo que me cabia. A avaliação foi pífia. 

Retruquei. Avisei que o carro ainda tem garantia disso e daquilo, que todas as peças são originais, que o motor está ótimo. Consegui mais, mas não o suficiente. “E se eu quiser trocar por aquele Ecosport?” Foi o golpe de misericórdia e consegui R$ 3 mil a mais que a oferta original.

Com cara de quem entende do assunto e com detalhes técnicos na ponta da língua, fui à segunda revenda. Diante de revendedores e gerente simpáticos, fui logo abrindo o motor. Afinal, não seria por causa da bolsa à tira colo, sapatos amarelos e óculos escuros que eu não entenderia de carro. “Os pinos do motor estão intactos”, eu disse, para mostrar que não houve batidas na traseira ou dianteira do veículo. “E a porta, o que foi isso?”, pergunta inevitável do avaliador, à qual respondi sem sorriso amarelo. Não sei se a pose serviu, mas a oferta inicial foi a mesma com a qual deixei o vendedor anterior.

Não adiantou retrucar. Se eu quisesse mais, teria que deixar o veículo para que fosse vendido direto ao consumidor final com consignação, na qual a loja ficaria com 4% do total apurado. E eu que não perdesse meu tempo em concessionária, porque, mesmo na troca, eles derrubariam o preço no recebimento do meu veículo. Fui checar.

Documentação em dia
“Está quitado? Garantia? Revisões? Documentação?”, sofri um verdadeiro bombardeio de perguntas na concessionária. Respondi prontamente a tudo. A oferta voltou ao patamar inicial, mas foi subindo na medida em que fazíamos orçamentos de carros mais pomposos. A proposta não foi muito longe, mas superou a expectativa. “Segundo carro pode ser maior que o primeiro”, tentava me convencer o vendedor. Ele conseguiu.

Saí da concessionária namorando um modelo novo. Disse que voltaria, mas acompanhada por quem entende mais do assunto. Em breve, quem sabe, terei que escolher vagas maiores para estacionar.

Por quê

ENTENDA A NOTÍCIA

Com o barateamento dos carros novos, com os descontos do IPI, os usados também perderam valor nos últimos meses. Por isso, é importante avaliar o carro em diferentes revendas para conseguir o melhor preço.

Números

R$3 mil
diferença entre a maior e a menor oferta feita pelo veículo 

10%
O carro pode valer até 10% a mais se usado como entrada na compra de outro

Dicas

1 verton Fernandes, vice-presidente do Sindicato dos Revendedores de Veículos (Sindvel), dá dicas para quem quer vender um carro.
  
É obrigação do vendedor entregar o carro com documentação em dia e multas pagas. Se aparecerem multas mesmo depois da venda, elas são de responsabilidade de quem estava com o carro na data da infração.

Os itens obrigatórios, como extintor e estepe, devem ser entregues com o veículo.

4 Se ainda estiver sendo financiado, a negociação precisa passar pela financeira. Caso contrário, veículo e dívida terão proprietários diferentes.

5 Entregar a transferência do veículo com firma reconhecida em cartório dá segurança ao vendedor e confirma a venda na declaração do imposto de renda.

6 Fazer consertos no carro podem valorizá-lo. Pequenos reparos, contudo, podem baixar o preço se o serviço não for bem feito ou o vendedor imaginar consertos maiores que os feitos de fato.
http://www.opovo.com.br/app/opovo/economia/2012/07/26/noticiasjornaleconomia,2885898/a-dificil-tarefa-de-vender-o-carro-e-conseguir-um-bom-preco.shtml

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