segunda-feira, 9 de julho de 2012

Demóstenes avisa: "Amanhã pode ser você"



Demóstenes avisa: Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

DIANTE DE UM PLENÁRIO ESVAZIADO, SENADOR GOIANO FAZ MAIS UM APELO EM VÃO ANTES DE SUA DEGOLA INEVITÁVEL, MARCADA PARA A PRÓXIMA QUARTA-FEIRA: AFIRMA QUE OS COLEGAS NÃO DEVEM SE RENDER À PRESSÃO DA IMPRENSA E DA OPINIÃO PÚBLICA

09 de Julho de 2012 às 16:47
247 – O senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) voltou ao plenário do Senado nesta quarta-feira para dar continuidade à defesa de seu mandato, que pode ser cassado na próxima quarta-feira por seus colegas. E apesar de argumentar que os 20 minutos que terá para se defender daqui a dois dias não serão o bastante, Demóstenes não foi muito além do que disse em quatro das cinco sessões do Senado na semana passada: é inocente, as provas que apresentam contra ele são irregulares e, no mais irônico dos argumentos, ele será punido graças à pressão da imprensa.
Do alto da tribuna, o senador alertou a um plenário esvaziado: "É fundamental manter o alerta sobre o precedente perigosíssimo de cassar um mandato com base em ilegalidade". "A expectativa, depois desta (farsa) tramada contra mim, é ampliar a confusão e a insegurança jurídica", argumentou o goiano, acrescentando que, a partir de sua provável cassação, ficará proibido, por exemplo, informar alguém sobre uma proposição que tramita no Congresso Nacional. "Quem determinou essa regras? Onde estão escritas? Na jurisprudência do nada e da justiça de coisa nenhuma", perguntou-se e respondeu.
"O parlamentar (no caso, ele) diz a verdade, mas ela tem muitos donos. A verdade de um não é a verdade de outros", filosofou o parlamentar, que citou Alexis de Tocqueville e o recém-falecido ex-governador Ronaldo Cunha Lima durante seu discurso. "A verdade é óbvia e está do meu lado. Não quebrei o decoro, não cometi ilegalidades, não menti em discurso, não pratiquei irregularidades, não me envolvi em qualquer crime ou contravenção", defendeu-se.
"Estou sacrificado por uma grande injustiça. Insisto que não há provas contra mim. Minha defesa está sendo cerceada, principalmente por causa da pressão exigida pela mídia", disse o senador, na grande ironia de seu processo de cassação. "A única base da cassação é dar satisfação à imprensa. O Senado não vai cair na armadilha de me fazer de bode expiatório de uma crise fabricada, como foram tantas outras", emendou, admitindo enfim a possibilidade de as acusações que ele próprio fazia do alto da tribuna contra outros colegas, há até outro dia, não serem legítimas.
Último recurso
Diante da insensibilidade dos colegas nos últimos dias, a defesa de Demóstenes Torres já prepara uma última alternativa para tentar evitar a cassação do cliente. A estratégia é tentar anular os votos daqueles senadores que optarem por declará-lo. "O voto é secreto e, se algum senador quiser fazer proselitismo, anunciando o voto, ele é nulo. Posso ir ao Supremo para tornar o voto inválido", avisou o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o kakay. "Se houver um movimento de tornar o voto aberto, em clara violação à Constituição, acho que é passível a contestação na Justiça", completou.
A 'ameaça' não comoveu senadores como Ana Amélia (PP-RS), que sustentava, nesta segunda-feira, a intenção de declarar seu voto pela cassação. “STF mantem voto secreto nas cassações de mandato! Jah abri meu voto pela cassacao de Demostenes Torres! Eh juizo politico!", escreveu a senadora em seu perfil no Twitter.

Nenhum comentário: