quinta-feira, 19 de julho de 2012

Deputado vê em EIT elo Cachoeira-Juquinha



Deputado vê em EIT elo Cachoeira-JuquinhaFoto: Edição/247

JOÃO MAGALHÃES (PMDB-MG) PEDE QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO DA EMPREITEIRA EIT; DONA DE CONTRATOS MILIONÁRIOS NA FERROVIA NORTE-SUL, EMPRESA ERA ASSOCIADA DA DELTA EM DIVERSAS OBRAS; EM 2008, A EIT FIGUROU NO CENTRO DA OPERAÇÃO BOI BARRICA, ARTICULADA COM FERNANDO SARNEY (À DIR.); PARLAMENTAR VÊ ELO DE LIGAÇÃO ENTRE OS ESQUEMAS DE DESVIO DE VERBAS PÚBLICAS

19 de Julho de 2012 às 19:41
247 – Pode ter surgido a ligação entre os dois mais rentáveis esquemas de corrupção e uso da máquina pública que se têm notícia nos últimos tempos no Brasil. O deputado João Magallhães (PMDB-MG) apresentou nesta quinta-feira 18 requerimento pela quebra dos sigilos telefônico, fiscal e eletrônico da empreiteira Empresa Industrial Técnica S.A., a EIT. A companhia é dona de contratos milionários nas obras de construção da ferrovia Norte-Sul, contratada pela Valec.
Destas obras, o ex-presidente da Valec João Francisco das Neves, o Juquinha, teria desviado mais de R$ 100 milhões, segundo investigações da Polícia Federal. A EIT tem diversas associações com a Delta Engenharia, a empreiteira que aparece nas investigações da Operação Monte Carlo, que apura a existência de uma organização criminosa liderada pelo contraventor Carlinhos Cachoeira. O deputado Magalhães suspeita que possa haver comunicação entre eventuais esquemas ilegais em torno da arrecadação da EIT e da Delta.
Caso o requerimento de quebra de sigilo seja aceito, não será a primeira vez que a EIT se envolve em problemas. Em 2008, a empresa figurou no centro da Operação Boi Barrica da PF como tendo praticado "irregularidades múltiplas" na execução de obras da ferrovia Norte-Sul. O deputado Magalhães também estuda requerer a quebra de sigilos da empreiteira Constran, do empresário Ricardo Pessoa.
Abaixo, notícia publicada pelo Jornal Pequeno a respeito do histórico de problemas da EIT com a Polícia Federal e o Tribunal de Contas da União:
Empresa investigada pela PF pode emperrar obra no Italuís
27 de maio de 2012 às 11:14
Auditoria do TCU descobriu que EIT se qualificou para tocar a obra de substituição da tubulação com documentação irregular
POR OSWALDO VIVIAN I _A empresa EIT, investigada pela Polícia Federal em 2008, na operação 'Boi Barrica' (rebatizada 'Faktor'), pode atrasar a obra de substituição da tubulação de um trecho de 20 quilômetros (Campo de Perizes) do Sistema Italuís, que abastece com água potável perto de 450 mil pessoas da região da Grande Ilha (São Luís, São José de Ribamar, Raposa e Paço do Lumiar). Devido à corrosão, a tubulação tem sofrido constantes rompimentos.
Uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), realizada entre os dias 13 de fevereiro e 23 de março deste ano – a cujo relatório, datado de 18/04/2012, o Jornal Pequeno teve acesso –, constatou que a EIT, que integra o consórcio vencedor da licitação para tocar a obra com o nome de EIT Construções S/A (CNPJ 13.424.192/0001-05), apresentou atestados de capacidade técnica em nome da EIT Empresa Industrial Técnica S/A (CNPJ 08.402.620/0001-69).
Os auditores do TCU também descobriram que EIT Construções S/A foi criada em 23 de março de 2011, apenas três meses antes da abertura da primeira fase da concorrência.
As outras empresas que compõem o consórcio vencedor da licitação são Edeconsil Construções e Locações Ltda e PB Construções Ltda.
De acordo com o que concluíram os auditores do TCU, 'foi indevida a aceitação pela Comissão Central Permanente de Licitação do Maranhão (CCL/MA) da documentação de qualificação técnica' da EIT.
Os cinco integrantes da CCL que aprovaram a documentação da EIT Empresa Industrial Técnica S/A em lugar da EIT Construções S/A são apontados como responsáveis pela ocorrência da irregularidade, e é sugerido no relatório da auditoria que sejam ouvidos.
Também é sugerida pelos auditores do TCU que a Caema 'não emita ordem de início dos serviços ou, caso já o tenha feito, suspenda a execução dos serviços relativos ao contrato firmado, até que o TCU delibere sobre o mérito dos autos'.
O valor total dos repasses programados para a obra no Sistema Italuís soma quase R$ 153 milhões – R$ 129 milhões da União e R$ 24 milhões da contrapartida do governo maranhense.
O relatório dos fiscais do TCU já está nas mãos do ministro relator João Augusto Ribeiro Nardes, que pode cancelar o certame e determinar a realização de uma nova licitação, o que atrasará ainda mais as obras de substituição da tubulação do trecho do Campo de Perizes.
Histórico – A EIT é notoriamente ligada ao grupo Sarney desde meados da década de 90, quando protagonizou o escândalo da 'estrada fantasma' Paulo Ramos-Arame (MA-008), no governo Roseana Sarney. A governadora pagou à construtora, entre 1995 e 1996, R$ 33 milhões por uma estrada de 128 km de extensão que nunca foi efetivamente construída, interligando os dois municípios mencionados.
Em 2008, a EIT foi flagrada pela Polícia Federal e pelo TCU praticando irregularidades múltiplas nas obras da ferrovia Norte-Sul, articulada com o 'esquema Fernando Sarney-Ulisses Assad' na estatal Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. O sangramento de verbas públicas destinadas à ferrovia consta do inquérito da Polícia Federal resultante da operação 'Boi Barrica'.
Um 'grampo' da PF – realizado em 5 de maio de 2008 – flagrou um contato ao telefone entre Flávio Barbosa Lima (dono de empresas que atuavam no 'esquema Fernando', segundo a PF) e Romildo Frota (dono da EIT). Na conversa, Flávio cobra agressivamente de Romildo uma 'propina' devida pela obtenção de uma subempreitada (provavelmente o trecho Pátio de Santa Isabel-Pátio de Uruaçu, em Goiás, da ferrovia Norte-Sul).

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