domingo, 22 de julho de 2012

Ideli Salvatti, a soldada de Dilma


A trajetória, as convicções e o poder da ministra que recebe os políticos e tenta administrar seu apetite insaciável

LUIZ MAKLOUF CARVALHO

O Fi não gostou”, disse a ministra Ideli Salvatti, das Relações Institucionais, numa tarde do mês passado. Ela estava na sala de reuniões, geminada a seu gabinete, no 4º andar do Palácio do Planalto. O assunto era uma foto que se alastrara pela internet: Ideli, então senadora, em dezembro de 2007, parece dar um sufocante beijo na boca do senador José Sarney.
Fi, o que não gostou, é Jeferson Figueiredo, marido de Ideli, subtenente músico do Exército. “Não é que ele não tenha gostado da minha postura. Ele se incomodou, muito, foi com a forma como isso é usado.” Naquele dezembro de 2007, última sessão do ano, senadores e senadoras trocavam despedidas, com beijos, abraços e tapinhas nas costas. O repórter fotográfico Lula Marques, do jornal Folha de S.Paulo, viu quando Ideli partiu para Sarney. Fotografou, de cima, a sequência de salamaleques. Sabia que o ângulo faria parecer um beijo na boca – e caprichou. “Meus Deus amado!”, diz Ideli. “Aquilo é ângulo de máquina! Tem várias vezes que você pega capa de jornal com a presidente Dilma quase beijando na boca. É ân-gu-lo-de-má-qui-na! Ou você acha que eu ia dar um beijo na boca do Sarney?”
OLHAR DESCONFIADO A ministra Ideli Salvatti, fotografada na semana passada no Palácio do Planalto. “Dilma é muito exigente. Mas a exigência número um é com ela mesma”  (Foto: Celso Junior/ÉPOCA)
“A ministra tem razão: foi um beijo no rosto”, diz Marques. Na biografia de Sarney, da jornalista Regina Echeverria, Ideli é citada só uma vez, no capítulo que conta como Sarney, bombardeado por denúncias, escapou de ser levado à Comissão de Ética, em 2009. Ideli defendeu Sarney – contra integrantes de seu próprio partido. Até hoje ela acha que estava certa: “Não tenho problema nenhum com o que aconteceu na situação do Sarney. Fizemos o enfrentamento, mas perdemos a eleição. O Sarney ganhou, com votos de boa parte daqueles que depois queriam tirá-lo. Para assumir quem? O Marconi Perillo, o vice-presidente? Aí não conte comigo, porque é questão de governabilidade. Ajudo a colocar e depois vou dar um jeito de tirar? Não conte comigo, porque posso ser tudo, menos louca, nem doida e nem burra”.
Família e poder (Foto: arq. pessoal (2) e Lula Marques/Folhapress)

No escândalo do mensalão, em 2005, Ideli bateu-se em defesa do governo e dos acusados, como o então ministro da Casa Civil, José Dirceu. “Sobre o qual temos certeza de que em nenhum momento possa pairar qualquer tipo de dúvida”, disse, no Senado, quando Dirceu renunciou ao ministério para reassumir o mandato de deputado (posteriormente cassado). O que ela diz, hoje, sobre o iminente julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF)?

– Na posição em que estou, é melhor não dizer nada. Da mesma forma como a CPI é assunto do Legislativo, o julgamento é assunto do Judiciário. A única coisa que espero, como cidadã, é que seja feito pela prova dos autos.
– E, como cidadã, a senhora acha que houve mensalão – pagamentos para parlamentares votarem com o governo?
– Eu estava no Congresso, acompanhava as votações, inclusive na condição de líder. Não confere, nem coincide, não bate com a realidade.
Leia esta reportagem completa na edição de ÉPOCA que chega às bancas e ao seu tablet(baixe o aplicativo) neste fim de semana.

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