TUDO DOMINADO
Para evitar incidentes, o STF já havia contratado 40
seguranças para atuar durante o julgamento do mensalão
A capa preta e a caneta do relator do mensalão, ministro Joaquim
Barbosa, fizeram com que o magistrado fosse comparado a um herói
justiceiro dos quadrinhos na internet. Na vida real, porém, Barbosa tem
recorrido a guarda-costas para se proteger. Desde o início do
julgamento, o ministro não dá um só passo sem a escolta de sete homens,
que ele requisitou ao Supremo Tribunal Federal. A operação de blindagem
que alterou a vida do relator do mensalão desde o início do
processo
não será exclusividade dele. Na próxima terça-feira, o STF vai
contratar 90 homens para fazer a segurança pessoal dos magistrados. A
Corte está preocupada com a proteção dos ministros após o fim do
julgamento. O preço do serviço é estimado em R$ 6,3 milhões, registra o
edital do pregão, e o número de seguranças que escoltará cada ministro
será uma decisão pessoal dos magistrados. O ministro Marco Aurélio de
Mello, por exemplo, mais preocupado em manter a privacidade, terá apenas
quatro seguranças. “Continuo protegido pelos meus jurisdicionados”,
brincou. A maioria dos ministros terá escolta de oito seguranças.
Joaquim Barbosa, por sua vez, que assumirá a presidência do STF em
novembro, aumentará sua segurança. Contará com a proteção de dez homens
divididos em dois turnos, quatro de dia e seis à noite. Para entrar na
vida dos magistrados e fazer a segurança pessoal, os guarda-costas terão
remuneração de R$ 8 mil mensais, receberão treinamento especial, além
de informações sobre os hábitos, rotina e vida familiar dos ministros.
Também precisarão assinar um termo de sigilo, que os impede de revelar a
terceiros dados sobre a intimidade das autoridades, explica o
especialista em segurança Irenaldo Pereira Lima, presidente do Sindicato
das Empresas de Segurança do Distrito Federal. A arma-padrão para o
serviço é uma pistola calibre 38, guardada em um coldre embaixo da
axila.
SEM SUSTOS
A Corte está preocupada com a proteção dos ministros após o fim do
julgamentodo mensalão. A maioria dos ministros terá escolta de oito seguranças
O efetivo já havia sido reforçado para fazer a segurança do STF durante o julgamento do mensalão. O
contrato
do serviço recebeu um aditivo para que, do dia 2 de agosto ao dia 1º de
outubro, 40 homens se juntassem ao “exército” de 295 vigilantes do
Supremo para evitar qualquer surpresa desagradável. Os funcionários
foram alertados sobre a possibilidade de pequenos atentados envolvendo
militantes políticos e grevistas, que em agosto protestavam na Esplanada
dos Ministérios. O planejamento de proteção aos ministros começou em
maio. Naquele mês, três experientes profissionais da área de
inteligência e ações práticas de órgãos policiais foram cedidos ao STF
para coordenar os trabalhos. A preparação para enfrentar qualquer tipo
de incidente durante o julgamento histórico também contou com a compra
de modernos dispositivos de monitoramento das instalações do prédio da
Corte e dos veículos usados pelos ministros. Para isso, no início do
ano, o Supremo adquiriu aparelhos de rastreamento de carros por
satélite, fechou contrato com uma empresa que fornece programas de
detecção de rostos e placas para equipar a garagem e comprou novo
aparelho de varredura contra grampos telefônicos, ao preço de R$ 182
mil.
Para evitar o contato dos magistrados com passageiros no aeroporto de
Brasília, uma sala especial de embarque também foi alugada desde agosto.
Custa R$ 18 mil mensais. A estratégia de segurança também passou pela
troca de fechaduras de portas e gavetas. Em junho, o STF abriu
concorrência para contratação de serviços de reparo e troca de segredo
de 650 trancas e confecção de novas chaves, a um custo de R$ 66 mil. O
zelo aparentemente extremo é comum e faz parte das medidas preventivas
de proteção adotadas em todo o mundo, explica o especialista em
segurança Jorge Lordello. Ele lembra o recente flagrante da funcionária
do setor de limpeza de um tribunal nos Estados Unidos, que arrombou uma
gaveta para furtar documentos. De acordo com Lordello, as salas dos
ministros também devem ser locais reservados, para evitar o roubo ou do
acesso a documentos sigilosos.
A última fase do julgamento, na próxima semana, é um momento
especialmente tenso, aponta o especialista, pois durante o anúncio das
penas os magistrados estarão selando o destino de muitos réus: “No
Brasil existem grupos organizados criminosos. Isso infelizmente é comum.
Os ministros não estão livres dessa atuação. O trabalho deles gera
contrariedade em vários níveis. Esse julgamento todo é crítico. E o
momento da dosimetria das penas leva a uma maior tensão.” Os magistrados
lhe dão razão. Dias atrás, um dos ministros comentou não manter nenhuma
ilusão de ser “invunerável”.
http://istoe.com.br/reportagens/247289_SUPREMO+BLINDADO
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