quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Barbosa Assume STF na quinta



Do Correio Braziliense

História no STF

Carlos Alexandre

Em dois dias, o Brasil testemunhará momento histórico: Joaquim Barbosa assume a Presidência do Supremo Tribunal Federal. O acontecimento de tamanha importância permite diversas leituras, compatíveis com o personagem complexo que, nos próximos dois anos, ocupará o mais alto cargo de um dos poderes da República. Dono de biografia singular e fascinante, o ministro apresenta currículo que o credencia com louvor a ocupar posto de tal magnitude. A admirável história pessoal — negro, filho de pedreiro e de dona de casa, aluno de escola pública — já seria suficiente para inspirar milhões de brasileiros.

Por seu lado, a ascensão de Joaquim Barbosa deve ser vista pelo significado que representa em um país que passou mais de 300 anos sob o regime da escravidão. Um negro comandar a mais alta Corte de Justiça do país, na mesma semana de homenagens ao herói Zumbi, simboliza o avanço incontestável de uma nação que acumula uma dívida incalculável com múltiplas gerações de brasileiros subjugados ao longo de séculos. 

A chegada do ministro negro à Presidência do STF ocorre, igualmente, semanas após a ampliação do sistema de cotas sociais no ensino superior. Apesar das críticas e ressalvas, os resultados demonstram que, do ponto de vista dos estudantes, a universidade significa oportunidade real e preciosa de conquistar posição mais digna. 

 É certo que as universidades oferecem contribuição limitada para nossos problemas educacionais — o desafio consiste em melhorar a qualidade do ensino fundamental e médio, além de estimular cursos profissionalizantes. Mas as políticas inclusivas constituem fator de transformação social que não pode ser menosprezado. Pelas próximas décadas, a sociedade brasileira terá como desafio permanente criar maneiras de reparar tão longo período de injustiça e dominação sobre parcela significativa de brasileiros. 

A trajetória do menino de Paracatu também remete à história de outro negro, este havaiano. Por duas vezes, Barack Obama conseguiu a façanha de ocupar o cargo mais importante de uma nação que, há pouco mais de meio século, era marcada pela segregação racial. Esses dois personagens são exemplos concretos da força maior da democracia — dar oportunidade a todos os cidadãos.

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