segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Crise e intrigas no balé russo


Bailarino suspeito de planejar ataque com ácido contra o ex-diretor do Bolshoi cria polêmica ao assumir a maior escola de balé do mundo em São Petersburgo

por Fabíola Perez
 

O balé russo é reconhecido em todo o mundo por sua tradição e grandiosidade. Casos de corrupção, prostituição e escândalos políticos, porém, têm saído frequentemente das coxias para vir a público. No início do mês, o consagrado bailarino do teatro Bolshoi, Nikolai Tsiskaridze, foi nomeado pelo ministro da Cultura da Rússia, Vladimir Medinsky, o novo diretor da maior e mais antiga escola de balé do país, a Academia de Vaganova, em São Petesburgo. A nomeação ocorreu à revelia da comunidade artística. Não tardou para que uma das melhores bailarinas do renomado balé local, Diana Vishneva, criticasse a escolha. “Não havia motivos para uma mudança tão controversa”, disse ela. Tsiskaridze é apontado como o mandante do atentado contra o ex-diretor artístico do teatro Bolshoi, Sergei Filin, em janeiro. “A reputação do teatro foi drasticamente abalada com esse episódio”, disse à ISTOÉ Simon Morrison, professor da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, e autor do livro “Bolshoi Confidencial – Os Segredos do Balé Russo”.

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ISOLADO
Tsiskaridze virou diretor do balé de São Petersburgo sem apoio da comunidade artística

O ataque com o ácido, que obrigou Filin a se submeter a 24 cirurgias para reconstituir o rosto, jogou luz sobre a crise interna do Bolshoi. “Nos últimos tempos o teatro estava em guerra”, afirma Elena Jaeger, diretora do Instituto Cultural Russo no Brasil. “Ao que tudo indica, a inveja e a ambição profissionais foram os motivos do crime.” Em junho, Tsiskaridze não teve seu contrato renovado pelo Bolshoi. Um dos motivos que pode ter levado à demissão é o desentendimento do bailarino com o diretor-geral da companhia, Anatoly Iksanov. Na sequência, o ministro da Cultura da Rússia nomeou Vladimir Urin como o novo diretor-geral. “Um de seus primeiros atos foi estabelecer um novo acordo coletivo de trabalho com os dançarinos”, diz Morrison, de Princeton. “A iniciativa melhorou instantaneamente o convívio entre os profissionais.”

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Enquanto no Bolshoi a esperança é que as nuvens comecem a se dissipar, na Academia de Vaganova a dúvida sobre o futuro da instituição ainda paira. Além de Tsiskaridze, sua companheira de dança, Uliana Lopatkina, também suspeita de participar do ataque a Filin, foi nomeada diretora artística. A bailarina de São Petersburgo, Diana Vishneva, é taxativa: “Temos muitas esperanças de que não seja o fim de uma grande escola”. Por enquanto, é necessário esperar para saber se a crise no balé russo, de fato, chegará ao norte do país.

http://www.istoe.com.br/reportagens/333807_CRISE+E+INTRIGAS+NO+BALE+RUSSO

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