terça-feira, 14 de janeiro de 2014

O FENÔMENO DO ROLEZINHO, O OCCUPY DA PERIFERIA

Rudá Ricci



 Este ano promete. Promete em desnudar o país para além das  imagens plácidas das novelas (não tão plácidas assim, mas sempre  tendo como centro nervoso a classe média tradicional ou segmentos mais abastados do Brasil).

Neste momento, surge o fenômeno dos rolezinhos, estas "visitas" de jovens da periferia aos shoppings da periferia (até agora, rolezinho em shopping de classe de consumo A - este novo termo mercadológico - só o MST, como pode ser conferido AQUI ). De São Paulo para o resto do país (ontem, foi a vez do shopping Estação, em BH).

Trata-se de um occupy da periferia. Sem opção de lazer e cultura, os jovens da periferia, mergulhados na cultura funk, marcam pelas redes sociais encontros gigantescos, entre 1.000 e 5.000 pessoas e fazem sua festa, para horror de vendedores e classe média tradicional. Um fenômeno que revela, num só tempo, a quebra de barreira territorial com a inclusão pelo consumo e o abismo social que impera no país. Alguns jovens convocam o rolezinho com palavras de ordem, como "quem faz o fluxo somos nós", numa evidente autoafirmação adolescente.


Como nas manifestações de junho, a PM ataca sem dó, revelando sua vocação para a violência, para identificar no diferente um inimigo da ordem. Esta cultura militar que já está passando a hora de ser extirpada na manutenção da segurança de ações civis.

O fato é que o rolezinho já é o fenômeno social mais interessante do início deste 2014. E pode se somar às manifestações do próximo junho. A PM, enfim, vai dando munição para o confronto do ano. Como toda reação violenta e despolitizada, que pensa que jogar a sujeira para debaixo do tapete disfarça os problemas com a mobília da casa.

http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/126636/O-fen%C3%B4meno-do-rolezinho-o-occupy-da-periferia.htm

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