sábado, 8 de fevereiro de 2014

Ronaldo Caiado é agente de Fidel?


 Autor: Fernando Brito
caiado
Nunca antes na história deste país a propaganda pró-Cuba foi tão intensa.
A burrice e a insensibilidade social da elite brasileira estão fazendo o que nenhum movimento castrista já conseguiu: disseminar no meio do povo a discussão sobre Cuba e a forma diferente de olhar os direitos sociais do povo.
Se tivessem ficado quietos e ainda  agradecessem a todos os profissionais estrangeiros que quiseram vir para o Brasil atender em locais onde os médicos brasileiros não quiseram ir ou não quiseram trabalhar com menos condições e por mais tempo, pro povão não tinha diferença entre cubanos, boliviano, guatemalteco ou espanhol, afora a maior quantidade de negros.
Mas a mídia, o corporativismo médico e a direita se encarregaram de fazer um estadalhaço tamanho que transformaram um pequeno gesto – afinal, sete mil médicos para quase seis mil municípios não é lá nenhuma multidão – e algo de proporções gigantescas.
E o programa mais médicos, que dividia opiniões, passou a ser uma quase unanimidade nacional, sobretudo no povão.
Os médicos brasileiros sofreram uma onda avassaladora – e injustíssima para com muitos e muitos deles – de ojeriza popular da qual, pior ainda, muitos têm dificuldades de se defender criticando a atitude de seus Conselhos.
A qualidade baixíssima do ensino médico – notadamente o particular – virou notícia.
O absenteísmo e o “jeitinho”  na jornada de trabalho, idem.
A imprensa caiu sobre os cubanos, ao ponto de provocar surpresa em todos eles, como registrou o “Valor”:
Silvia Blanco, 45 anos e 20 de experiência na saúde básica, morou de 2003 a 2007 na Venezuela, trabalhando nas áreas mais carentes de serviços de saúde. Mas foi em Santo Antônio de Posse (SP), cidade de pouco mais de 20 mil habitantes, que Silvia experimentou pela primeira vez a sensação de ser o centro das atenções. “Nunca vi tanto jornalista atrás de mim na Venezuela, nunca fui entrevistada lá. Aqui é diferente”, afirma a primeira médica trabalhar em Posse pelo programa Mais Médicos.Sorridente e em portunhol claro, Silvia avisa que não gosta de tanto assédio e pede que a entrevista seja curta, porque vai visitar pacientes que moram no entorno do posto de saúde Benedicto Alves Barbosa, o Popular, que cobre quatro bairros com 5.000 famílias e, desde outubro, é seu local diário de trabalho das 7h às 16h.
Quando a xenofobia travestida de “nível de qualidade” deu com os burros n´água, partiu-se para um falso “humanismo”.
Os cubanos eram “escravos”.
Arranjaram até uma desertora, numa história para lá de cabeluda.
Com o ingrediente esdrúxulo que o Leandro Fortes bem resumiu: a “escrava” cubana “fugiu para os braços de um coronel da Casa Grande.”.
Afinal, Caiado, o ruralista tacanho, é um dos 29 deputados que votou contra a Emenda Constitucional que punia severamente a prática de trabalho escravo.
O tiro, enfim, saiu pela culatra.
A notícia agora são os outros milhares que, ganhando o mesmo, estão atendendo a contento – e a contento da população de lugares onde o boca a boca vale por dez mil editoriais do Estadão.
E a imagem dos cubanos e a de Cuba sai mais forte perante gente que nunca sequer havia ouvido falar da ilha dos barbudos.
O Brasil, realmente, é um país inacreditável.
O único país do mundo onde uma imprensa de direita e um coronel reacionário se tornam propagandistas de Cuba.
O Camarada Ronaldo Caiado merecia uma caixa dos “puros” cubanos. 

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