segunda-feira, 28 de abril de 2014

São esses maus carateres que amanhã poderá está cuidando de sua vida


Aluna denuncia estupro em festa da Medicina da Unesp em Botucatu

De acordo com a estudante, ela teria aceitado uma carona oferecida por veteranos que a levaram a uma festa onde foi forçada a beber e manter relações sexuais


José Maria Tomazela - O Estado de S. Paulo
SOROCABA - Uma aluna do primeiro ano de Nutrição da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Botucatu, denunciou ter sido estuprada por um veterano durante uma festa promovida por estudantes de Medicina, no fim de semana, na cidade. De acordo com a estudante, ela teria aceitado uma carona oferecida pelos veteranos que, em vez de levá-la para casa, a conduziram até a festa. No local, ela foi forçada a ingerir várias doses de bebidas alcoólicas e a manter relações sexuais com um dos veteranos. O evento faria parte de um trote aplicado pelos veteranos em calouros da universidade.
A garota procurou a Delegacia de Defesa da Mulher para registrar a denúncia de estupro. Em razão de ter sido embriagada, ela não conseguiu fornecer as características físicas do agressor. A vítima realizou exames no Instituto Médico Legal e a Polícia Civil aguarda achegada dos laudos para abrir inquérito. O caso não é o único de violência sexual envolvendo veteranos e calouros do campus de Botucatu. Um coletivo de estudantes criou um blog para discutir as práticas violentas que ocorrem durante o trote. O período de recepção aos alunos se estende do início das aulas, em março, à segunda semana de maio.

No blog, são relatados casos de estudantes que abandonaram o curso depois de terem sido submetidos a trotes violentos, humilhantes e com conotação sexual, incluindo o estupro. As práticas ocorrem fora do campus, em festas organizadas nas repúblicas de veteranos. Os calouros que se negam a participar são excluídos da vida social na universidade. A alunas novatas são abordadas na saída do campus e obrigadas a aceitar caronas dos veteranos, que as levam para suas repúblicas. "As moças estão sendo sequestradas (sim, isso é sequestro) e são levadas para repúblicas masculinas onde são humilhadas e até mesmo estupradas", denunciou uma internauta.

Uma aluna relatou que os veteranos pegaram as calouras na saída da aula e levaram para festas em que foram obrigadas a simular sexo, caso contrário teriam as cabeças enfiadas no vaso sanitário. "As garotas que se recusam a ir nessas festas podem ser boicotadas pelos colegas e não serão mais convidadas para novos eventos", informa. Pelo menos uma internauta confirmou ter sido estuprada durante uma dessas festas. A aluna relatou que os calouros ofereceram carona até a Av. D. Lúcio, mas acabaram levando até a casa dos veteranos. "Ninguém perguntou se a gente queria ir. Um marmanjo mais velho, mais alto e mais forte que você enfia um copo de pinga na sua boca e diz 'bebe aí, senão você vai ver', não é violência?"

Um aluno saiu em defesa do trote e alegou que só é "sequestrada" quem quer. "Só bebe quem quer, só faz performance quem quer (as próprias garotas pedem para fazer e pedem para outras garotas fazerem, ninguém é obrigado a nada. E quando à garota ter sido estuprada, não foi. Ela quis ter relações com o veterano da agronomia e se arrependeu depois", postou. O coletivo de estudantes vai pedir ao Ministério Público do Estado de São Paulo que investigue os casos.

Sindicância. A Faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu informou, por meio da assessoria de imprensa, que os "supostos casos de estupro e de trotes violentos envolvendo alunos do campus de Botucatu da Unesp, vêm sendo objetos de processos administrativos na modalidade sindicância para que sejam feitas as devidas apurações". Conforme a nota, tanto a comissão central de recepção dos calouros como as comissões das respectivas unidades do campus de Botucatu orientam os veteranos e os novos alunos sobre a proibição do trote.

Entre as orientações está ampla divulgação, via material impresso, pela internet e pelas redes sociais, dos canais de denúncia da Universidade disponíveis para aqueles que julgam ter sofrido ou presenciado abusos de qualquer natureza. "Essas denúncias também podem ser feitas de forma anônima, mas, para a devida apuração, necessitam apresentar elementos factuais concretos que permitam uma apuração", informa a nota."Uma comissão foi nomeada e já trabalha nas investigações, que estão sob sigilo para preservar os envolvidos. As ouvidorias das quatro unidades da Unesp em Botucatu, bem como suas diretorias, continuam à disposição para receber denúncias sobre eventuais abusos cometidos dentro e fora de seus campus", acrescenta. O trote é proibido e as punições variam conforme a gravidade do caso, podendo chegar à expulsão.

Quanto às investigações sobre o suposto estupro que serão conduzidas também pela polícia local, a faculdade informou ter "plena certeza que serão tomadas as medidas cabíveis para identificação e apuração de responsabilidades e encaminhamento das punições de acordo com os procedimentos e normas legais".

http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,aluna-denuncia-estupro-em-festa-da-medicina-da-unesp-em-botucatu,1159758,0.htm

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