quarta-feira, 7 de maio de 2014

As reações de Aloysio e Genoíno diante de perguntas espinhosas

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Jornal GGN – Essa semana, em um fórum sobre liberdade de imprensa e democracia, representantes de veículos como Folha, Estadão, Correio Braziliense e TV Globo criticaram o relacionamento do PT com a mídia. Todas as críticas foram no seguinte sentido: desde que assumiu o poder, o partido tem se esforçado para manchar a imagem da imprensa nativa, numa atitude "anti-democrática e contrária à liberdade de expressão". Sem debatedores de outros veículos, o fórum deixa a dúvida no ar: seria o PT a única legenda a exercer algum tipo de repressão contra a imprensa? 
A diferença entre as reações de Aloysio Nunes (PSDB) e José Genoino (PT) diante de perguntas espinhosas pode ser um exemplo de que não. Basta considerar o recente estouro do senador tucano com um “blogueiro” que lhe perguntou sobre seu “suposto envolvimento” na formação do cartel dos trens paulistas e, de outro lado, a postura do ex-deputado petista diante da insistência do programa CQC (Custe O Que Custar) em entrevistá-lo com aquela dose de “humor” já conhecida pelo público.
Nesta quarta-feira (7), repercute nas redes sociais um vídeo gravado por Rodrigo Grassi. O militante abordou Aloysio Nunes nos corredores do Senado. Se apresentou ao tucano como colaborador, "na blogosfera, do Botando Pilha". Rodrigo foi assessor da deputada petista Erica Kokay e ganhou notoriedade após publicar um vídeo em que o ministro Joaquim Barbosa é hostilizado por populares. 
Grassi fez três perguntas a Aloysio Nunes:
- Qual a importância das CPIs?
- O que o senhor acha do seu partido lá em São Paulo, ter enterrado algo em torno de 70 CPIs?
- E o seu suposto envolvimento no caso [da formação de cartel para fraudar as licitações da CPTM e Metrô]?
Grassi foi preso pela polícia do Senado após o episódio, mas já está solto. Ao jornal O Globo, o senador, que correu atrás do militante dizendo "vá pra p* que te pariu, vagabundo. Eu vou comer o teu c*", afirmou que "não tinha outra atitude que não partir para cima dele para lhe dar um pescoção". Aloysio disse que foi "agredido". "Não tenho envolvimento em caso nenhum de metrô. (...) Só não dei um pescoção nele porque ele correu mais do que eu", concluiu.
Durante pelo menos cinco anos, como pode se constatar em vídeos disponíveis na internet, o programa CQC tentou insistentemente entrevistar José Genoíno. A busca por uma fala do ex-deputado se intensificou após ele ser condenado por corrupção ativa no julgamento do mensalão, em 2013.
Naquele ano, o CQC produziu um quadro especial em que prometia a “primeira entrevista de Genoíno” ao programa. Genoino – que classificou, por inúmeras vezes, o “jornalismo provocativo” do CQC como uma prática desprovida de preocupação em extrair informações da fonte, se limitando apenas a constrangê-la em rede nacional – se recusou a falar com a equipe de reportagem destacada para segui-lo pelos corredores do Congresso.
Mesmo assim, frente ao silêncio absoluto de Genoíno, o CQC fez as seguintes perguntas:
- Genoino, você veio aqui (Congresso) se esconder porque na prisão é pior? Aqui tem mais bandido, então é mais fácil?
- Tá fazendo voto de silêncio, deputado? Vai ser bom na prisão, porque lá X9 (gíria para quem fala demais) se ferra...
- Você não ficou chateado porque o Maluf não foi preso ou condenado, o pessoal todo não foi condenado, e o senhor está aí. Foi o único que foi com o João Paulo Cunha, esse pessoal (do mensalão)?
- Genoino, você vai passar onde o revéillon? Papuda? Já sabe qual vai ser a prisão?
O ex-deputado petista nada fez ou disse diante das investidas do CQC.
Genoino e a "imprensa provocativa"
Em 2013, Genoino, durante entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, na RedeTv!, afirmou que tem “uma posição crítica aos programas de humor”. “E faço questão de não citar esse programa. Porque o humor que ataca a pessoa, que faz execração pública, que desrespeita as normas civilizatórias e usa a pessoa para criar uma situação de constrangimento é um fenômeno de intransigência.”
O jornalista perguntou a Genoíno se não seria mais fácil ele dar a entrevista e evitar a repercussão negativa do caso, já que, inevitavelmente, o CQC, assim como outros programas e veículos de comunicação, tem licença para trabalhar dentro do Congresso.
Genoino explicou, então, que não considera o jornalismo praticado pelo CQC legítimo. “Eu me recuso a dar [entrevista] para não legitimar esse tipo de programa. Você dá a entrevista e ela é enfeitada, botam adereços na sua cabeça”, comentou, em alusão aos efeitos de edição. “Eu falo e discuto em qualquer entrevista, seja dura ou não, desde que seja uma entrevista”,pontuou.
O petista ainda sustentou que a atual legislação não facilita o uso do direito de resposta quando o entrevistado ou personagem de alguma reportagem se sente prejudicado. “Eles têm o direito de estar lá e eu tenho o direito de não dar entrevista, porque as perguntas são provocativas, são de ataque, não têm nível respeitoso de transmitir a informação. E no Brasil não tem o direito de resposta, isso é uma lacuna em nossa legislação”, finalizou.

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