Mais sobre o PSDB: um partido blindado e seu moralismo de fachada - "Divulguem exaustivamente, para que cada vez menos brasileiros queiram conversar com eles. "
Os movimentos da grande mídia, ao longo dos últimos meses, vêm
confirmando um fato mais do que previsível: o senador Aécio Neves será,
nas próximas eleições presidenciais, a opção preferencial dos
banqueiros, dos latifundiários e do alto empresariado em geral, a
começar pelas famílias que controlam aquela mesma mídia. As estratégias
empregadas para alavancar o desempenho do presidenciável tucano se
estenderão às esferas locais e regionais, ao longo da campanha eleitoral
de 2014, em benefício dos candidatos do PSDB e de seus aliados aos
governos estaduais, ao Senado e à Câmara.
A cúpula do tucanato não desconhece que, decorridos quase doze anos
desde seu término, a tendência elitizante das gestões de Fernando
Henrique Cardoso, suas privatizações repletas de aspectos escusos, e a
compressão salarial acompanhada pela má vontade da Receita Federal em
reajustar o limite de isenção do Imposto de Renda, entre outras mazelas,
ainda constituem elementos que determinam a impopularidade do partido
junto a vastas parcelas do eleitorado. Os apelos de seus marqueteiros
ao passado, portanto, tendem a não ir muito além do reforço do mito de
que o PSDB eliminou a inflação e de breves aparições televisivas de um
FHC posando de estadista em gravações feitas na sala vip de algum
instituto liberal.
Restará, como principal recurso de uma campanha que, obrigatoriamente,
visará a captura dos segmentos mais conservadores da sociedade, a
repetição massiva de mensagens centradas no uso responsável do dinheiro
público e no combate à corrupção. Isto já é perceptível nos discursos
recentes da maioria dos parlamentares tucanos, que em certos casos podem
parecer, ao olhar de incautos que se empolgam demais com palavras,
verdadeiras vestais.
Desta maneira, nos convém investigar um pouco sobre a correspondência
(de existência duvidosa) entre a fachada moralista do tucano médio e a
vida real; na verdade, penso que este trabalho seria desnecessário, se
removida a enorme complacência dos jornais de maior circulação e das
principais emissoras de televisão para com o partido emplumado. Retorno à
lista dos senadores em exercício pelo PSDB, que, como assinalei em
postagem recente, são onze, incluindo Aécio, cuja administração em Minas
Gerais merece matéria à parte. Os nomes de oito de seus companheiros
estão ou estiveram associados a graves irregularidades, como se
constata, em mais de um episódio, através de notas esporádicas dos
próprios veículos da imprensa burguesa.
O empresário Flexa Ribeiro, senador pelo estado do Pará, foi preso pela
Polícia Federal na Operação Pororoca, deflagrada em novembro de 2004,
sob a acusação de ter participado de licitações fraudulentas. Podemos
vê-lo, na primeira imagem abaixo, detido e recorrendo ao ridículo
expediente de ocultar as algemas sob uma revista.
O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) já chegou ao Senado, dia 11 de janeiro
último, com a imagem comprometida. Dias antes, no decorrer da chamada
Operação Pororoca, ele foi preso pela Polícia Federal com mais 29
políticos, empresários e servidores públicos, acusados de integrar uma
quadrilha envolvida em fraudes em licitações públicas.
E sabem quem também foi preso, na condição de dono de uma das empresas
que participavam das licitações supostamente fajutas, a Engelplan? O
então suplente de senador, e hoje senador pleno pelo PSDB do Pará Flexa
Ribeiro. Ele foi algemado, preso e passou 4 dias na cadeia. O inquérito
relativo à Operação sumiu no sorvedouro da Justiça.
O PSDB paraense também é representado no Congresso pelo ex-bicheiro
Mário Couto. Além de figurar como réu em processos relacionados ao
desvio de verbas legislativas, recebeu, em consequência de negócios
nebulosos, o caricato apelido de Senador Tapioca. Para arremate da obra,
não falta uma evidência de comportamento racista, que chegou à
Justiça.
Couto, recorde-se, quando foi presidente da Alepa teve como auditora
geral sua filha, Cilene Lisboa Couto Marques, eleita deputada estadual
em 2010. Ela foi substituída no cargo por um irmão, outro dos filhos de
Mário Couto, também conhecido como Senador Tapioca. Couto assim ficou
conhecido após o escândalo da compra de material elétrico em uma empresa
que produzia, unicamente, farinha de tapioca. O escândalo foi cunhado
de Tapiocouto.
O Ministério Público do Estado do Pará enviou à Procuradoria Geral da
República as provas coletadas contra o senador Mário Couto (PSDB) ao
longo de mais de um ano de investigação. Couto é acusado de envolvimento
em desvio de dinheiro da Assembleia Legislativa no período em que
presidiu a casa. Pelo menos onze processos licitatórios teriam sido
fraudados entre os anos de 2004 e 2007. Os desvios somam, segundo
cálculos do Ministério Público Estadual, R$ 13 milhões. Também está sob
análise na Procuradoria Geral da República a denúncia por racismo e
abuso de autoridade feita contra o senador pela
assistente-administrativa Edisane Gonçalves de Oliveira, 34 anos. Em
depoimento no Pará Edisane acusou o senador de tê-la ofendido chamando-a
de “preta”, “safada”, “macaca”,“vagabunda” entre outros palavrões. A
assistente-administrativa denunciou Couto e a coligação “Reconstruindo
Salinas”, alegando violação do Código Eleitoral ( valer-se o servidor
público da sua autoridade para coagir alguém a votar ou não votar em
determinado candidato ou partido). A agressão teria ocorrido porque
Edisane se recusou a fazer propaganda política do candidato a prefeito
apoiado por Couto.
Cícero Lucena Filho, da Paraíba, é outro senador tucano que já
frequentou o noticiário policial. Ele foi um dos alvos da Operação
Confraria, em julho de 2005.
O secretário de Planejamento e Gestão do governo da Paraíba e
ex-prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena Filho (PSDB), foi preso ontem
na Operação Confraria, da Polícia Federal. Outras seis pessoas foram
presas e, até o fechamento desta edição, uma sétima negociava sua
entrega à PF. A operação foi desencadeada a partir das conclusões de
auditorias da CGU (Controladoria-Geral da União) sobre 13 contratos de
obras da Prefeitura de João Pessoa em convênios com a União no total de
R$ 50 milhões, que teriam causado prejuízo de R$ 12,4 milhões ao erário.
O sorridente político que abraça Aécio Neves, à nossa esquerda, é o
senador Paulo Bauer, do PSDB de Santa Catarina. Encontramos com
facilidade relatos desabonadores de sua conduta como parlamentar.
Uma investigação sigilosa da Câmara apura denúncia de que o secretário
de Educação e deputado licenciado, Paulo Bauer (PSDB), teria contratado
servidores para o gabinete do suplente Acélio Casagrande (PMDB) e
repassado o salário a um colega de partido. Em uma gravação de áudio
entregue à Casa por um ex-assessor de Casagrande, Bauer menciona o uso
de uma mulher como laranja para repassar o salário ao aliado político
Fábio Dalonso, ex-presidente da Câmara de Vereadores de Joinville.
Gravações obtidas pelo Congresso em Foco mostram que o deputado
licenciado Paulo Bauer (PSDB-SC), atual secretário de Educação de Santa
Catarina, manteve controle sobre seus créditos de passagens aéreas mesmo
depois que deixou o mandato, em fevereiro de 2007. Os áudios mostram
que o parlamentar tentou “fazer negociação” sua cota, pedindo até uma
consulta ao um funcionário da administração da Câmara. Depois do evento,
diz o próprio Bauer, ele autorizou seu chefe de gabinete a avaliar o
processo de venda dos créditos de passagens.
Moralista indignada, a ponto de assumir posição de proa em campanhas
contra a corrupção, a senadora goiana Lúcia Vânia aparentemente é adepta
de algum método de esquecimento seletivo.
A senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO) é investigada no inquérito 2099
no Supremo Tribunal Federal (STF) por crime contra a administração
pública. O processo teve origem na Justiça Eleitoral e tramita no
Supremo desde 2004.
Seria um Demóstenes de saias? Um inquérito contra a senadora Lúcia Vânia
(PSDB-GO) suspeita de peculato, foi protocolado há nove anos. Houve
sucessivas ampliações de prazo, autorizadas pelo MPF, para a Polícia
Federal realizar diligências. O inquérito aguardava manifestação da
procuradoria desde setembro de 2010.
Que dizer, então, do Sr. Cássio Cunha Lima, da Paraíba? Como governador
de seu estado, foi cassado por comprar votos, e só conseguiu garantir a
posse no Senado ao se valer do princípio da não-retroatividade,
aplicado à Lei da Ficha Limpa. Nada disto impede que receba o carinho
de Aécio Neves e a solidariedade de José Serra.
O governador teve o mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral da
Paraíba (TRE-PB) sob a acusação de ter distribuído 35 mil cheques a
cidadãos carentes durante a campanha eleitoral de 2006, por meio de
programa assistencial da Fundação Ação Comunitária (FAC), vinculada ao
governo estadual. Segundo a denúncia, os cheques totalizam cerca de R$ 4
milhões. Em seu voto, nesta noite, o relator do processo, ministro Eros
Grau, negou o recurso de Cunha Lima, sugerindo a cassação do diploma do
governador. “Houve marcante descontrole na distribuição de valores
financeiros na proximidade do pleito”, disse Eros. “Há exemplos
expressivos nos autos. Pagamento de plano de saúde, festival de
repentistas, que não configuram assistência a pessoa em carência
extrema”, completou o relator. Todos os demais ministros da Corte
seguiram o voto do relator.
O ex-governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), tomou posse
hoje (9) como senador, após ter sua eleição, em 2010, reconhecida pelo
Supremo Tribunal Federal. Cunha Lima teve sua eleição barrada pela Lei
da Ficha Limpa, mas diante do entendimento do STF sobre a validade da
lei, não atingindo as últimas eleições, foi conduzido ao cargo no lugar
de Wilson Santiago (PMDB-PB). Cunha Lima teve uma posse rápida, com a
presença de diversos representantes de seu partido, como o ex-governador
de São Paulo José Serra.
A respeito de um mestre do moralismo de fachada, o senador Álvaro Dias,
eu diria que a amizade com Demóstenes Torres (ver foto) não lhe cai mal.
Além da omissão de informações sobre patrimônio que deveriam ser
prestadas à Justiça Eleitoral, pesam contra o paranaense antigas
ligações com o doleiro Alberto Youssef.
O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) foi pego em um “deslize”. Apesar de ser
um dos mais atuantes dentro do Senado, referência na oposição ao governo
do presidente Lula e um dos primeiros a cobrar transparência nas ações
políticas, Alvaro deixou de informar à Justiça Eleitoral um patrimônio
de cerca de R$ 6 milhões, referentes a saldos bancários e investimentos
financeiros. O valor é quatro vezes maior que a soma das informações de
bens apresentadas antes da eleição de 2006 pelo senador – R$ 1,9 milhão.
A notícia foi divulgada nesta semana pela revista Época.
Doleiro Alberto Youssef já havia fretado jatos para o senador Alvaro
Dias (PSDB-PR) em 1998; e, pasme, o serviço foi pago com recursos
desviados da prefeitura de Maringá, em 1998, uma investigação na
prefeitura de Maringá descobriu que recursos do município foram usados
para pagar jatos usados pelo senador Alvaro Dias (PSDB-PR) em sua
campanha. O responsável pelo fretamento era justamente Youssef o doleiro
preso.
Aloysio Nunes Ferreira, senador pelo estado de São Paulo, também aprecia
o papo de pé de ouvido com Aécio. Mas a conversa flagrada pelo
fotógrafo, provavelmente, não foi a mais comprometedora do tucano
ex-quercista.
O ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer entregou ao Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (Cade) um relatório onde mostra “a
existência de um forte esquema de corrupção no Estado de São Paulo
durante os governos (Mário) Covas, Alckmin e (José) Serra, e que tinha
como objetivo principal o abastecimento do caixa 2 do PSDB e do DEM”.
Apesar de o relatório ter sido entregue no dia 17 de abril, somente
hoje, a informação veio a público, a partir de uma matéria d’O Estado de
S. Paulo, dos jornalistas Fernando Gallo, Ricardo Chapola e Fausto
Macedo.Rheinheimer diz ter provas e dá nome e sobrenome dos políticos
tucanos que receberam propinas das empresas do cartel dos trens. Os
“propineiros tucanos” fazem parte da Cúpula do PSDB. E essa é a primeira
vez que os políticos são nominalmente citados no esquema de corrupção. O
ex-diretor esteve à frente da divisão de Transportes da Siemens até
março de 2007, sendo que trabalhou por 22 anos na empresa. Ele é um dos
seis denunciantes que topou contar tudo o que sabe em troca de redução
de possíveis condenações, no acordo de leniência. O documento trazido
por Rheinheimer faz menção ao senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP),
os secretários estaduais José Aníbal (Energia), também deputado
(PSDB-SP), e Jurandir Fernandes (Transportes Metropolitanos). Todos
homens fortes do tucanato. Aloysio Nunes estava sendo cotado para ser
vice de Aécio. O senador já foi alvo de denúncias em 2010, por sua
ligação com Paulo Preto, o homem de confiança dos tucanos paulistas,
acusado de sumir com quatro milhões de reais do “caixa 2″ da campanha de
Serra.
O senador Cyro Miranda, tucano de Goiás, não aparece na Internet como
pivô de escândalos, salvo a grotesca declaração, proferida em março de
2012, de quetinha pena dos senadores obrigados a viver do salário de
dezenove mil reais líquidos. Mas é relevante a circunstância de ter
desembarcado em Brasília como suplente de Marconi Perillo (outro amigo
de Aécio), eleito para o governo do estado em 2010.
O Jornal Nacional, da Rede Globo, informou na edição de terça, 21, que o
governador de Goiás, Marconi Perillo(PSDB) será indiciado pela CPMI do
Cachoeirajunto com 45 outros nomes. Segundo a televisão, o relatório do
deputado Odair Cunha(PT) o governador goiano teria cometido seis crimes.
O documento deve citar "formação de quadrilha" e "corrupção passiva".
As investigações da Polícia Federal detectaram dois contatos diretos
entre Perillo e Cachoeira. Em um deles, o governador fala com o
contraventor pelo telefone para lhe desejar parabéns. Era 3 de maio de
2011, aniversário de Cachoeira. Os grampos da Operação Monte Carlo
indicam também que Cachoeira controlava indicações políticas no governo
de Goiás, do tucano Marconi Perillo. "A Rosana pode ser um salário de 2
000. A Vanessa é gerência, tá? A Renata é um salário de 2 000, não
precisa ser gerência, não. O Édson, cargo de gerência", diz Cachoeira,
em um dos grampos, ao ex-vereador Wladimir Garcez. Um relatório mostra
que um dos pontos de contato de Cachoeira com o governo era a
chefe-de-gabinete de Perillo, Eliane Gonçalves Pinheiro, que teria
repassado ao contraventor informações sigilosas sobre investigações
policiais. Entre outras questões nebulosas que ligam o governador ao
contraventor está a venda de uma casa de Perillo em um condomínio de
luxo de Goiânia. Foi nesse imóvel que Cachoeira foi preso em 29 de
fevereiro na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal.
http://ajusticeiradeesquerda.blogspot.com.br/2014/05/mais-sobre-o-psdb-um-partido-blindado-e.html
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