terça-feira, 15 de julho de 2014

Parreira vê saída 'esperada', pede formação no Brasil e desaprova técnico estrangeiro



Parreira: 'Sempre considerei meu trabalho com prazo de validade'; veja 1ª parte da entrevista
Carlos Alberto Parreira, coordenador técnico da seleção brasileira na Copa do Mundo de 2014, foi entrevistado no programa Bate-Bola - 1ª Edição, nesta terça-feira. Demitido pela CBF nesta segunda, ao lado do treinador Luiz Felipe Scolari e todos os demais integrantes da comissão técnica, ele falou sobre os motivos da eliminação brasileira, passado, presente e futuro da preparação para os próximos Mundiais. Abaixo, as opiniões de Parreira:
Saída da comissão técnica
Acho que isso tem que ser encarado com o naturalidade. Sempre considerei como um cargo com prazo de validade que vai de uma Copa até a outra, ganhado ou perdendo. Se for inteligente, sai depois de ganhar. Não houve constrangimento, expectativa ou surpresa. Era um fato esperado.
Possibilidade de continuação
Não sei, esse assunto nunca foi falado, ventilado. Desde que nós assumimos, nunca conversamos com a direção da casa sobre permanência. Não fizemos planos após a Copa. Ganhando ou perdendo, conversaríamos com a CBF, o assunto ficou muito claro.
Problema da seleção: clubes formadores
Acho que deveria olhar o que foi feito, o planejamento. O que poderia pensar para o futuro é ser mais abrangente com as federações internacionais. Até já começou a melhorar a formação treinadores, mas ainda é pequeno. Os europeus fazem isso há mais de 20 anos. Vou fazer um relatório e mandar.
Alemanha tem mais de 20 centros formadores espalhados pelo país e os treinadores trabalham no mais alto nível. Isso tem de ser feito a médio-longo prazo, de cinco a dez anos.
O Fernandinho disse algo interessante, que os jogadores estão sendo formados no exterior. São brasileiros, mas a formação é europeia. (...) Não sei até onde o governo teria força para mexer nisso.
Vamos pensar no futuro o que pode se feito para não acontecer mais. Fica muito claro que não é fácil ganhar a Copa e que qualquer equipe pode passar por uma entressafra. Temos que fazer como os alemães que se preparam há dez anos, e não interromper um trabalho a cada um ou dois anos.
Isso faz parte constante do aprendizado. Temos que fazer o que sempre fizemos e incrementar o trabalho de divisões de base, revelar jogadores de alto nível. As qualidades com escolinhas, treinadores.
A CBF não é formadora de jogadores, é o clube quem forma. A CBF tem que incentivar os clubes. A CBF organiza os jogadores para disputar competições sub 17, sub 20 e profissional.
A Alemanha é um time formado há dez anos, super experiente, com mais de 120 jogos, que vem sendo preparado. Joachim Low nunca tinha feito uma final e foi o primeiro título dele em dez anos. É questão de trabalho, intercâmbio. Sou a favor de fazer esses cursos fora do país. Precisamos que os clubes invistam nas divisões de base e temos que formar em casa os jogadores.
Parreira admite: '7 a 1 foi vergonhoso, desastroso'; veja 2ª parte da entrevista
Nada de surpresa pelo desempenho de Alemanha e Holanda
Eu sempre acompanhei o Felipão, não me lembro de ter sido surpreendido por eles. Eu conheço a Alemanha desde 2005, quando ganhamos deles na Copa das Confederações. Conhecíamos esses jogadores, a própria Holanda. A sequência de trabalho e continuidade são importantes.
Discurso de que o Brasil tinha colocado uma mão na taça
Você já imaginou algum líder de alguma entidade importante falando que vamos entrar para participar e pedindo um terceiro lugar? Disse com convicção, achando que poderíamos ser campeões. É importante ser otimista.
Quando você tem um bom ambiente e uma boa preparação, coloca uma mão na taça. No restante é o desempenho. Era isso. Criar um bom ambiente e preparação já e colocar uma mão não taça.
O discurso pressionou os atletas?
Não, os jogadores de seleção já têm pressão quando vêm à seleção, ainda mais com uma Copa em casa. A pressão era natural, vai ser sempre assim com a seleção.
Eliminação para a Alemanha
Foi a primeira Copa em que ficamos entre os quatro melhores desde 2002. A ideia é só uma quando faz o trabalho, que é ser campeão. Não tem plano b.
Não adianta querer negar, foi uma vergonha, maior derrota, está tudo claro e acabou. Isso foi escrito. Quantas vezes, em 100 anos perdeu de sete? Não vai acontecer uma segunda vez.Foi vergonhoso, desastroso, e assimilamos tudo. Brasil e Alemanha podem voltar a jogar váriasvezes. A Fifa, colocou um pesadelo em três minutos (sobre o que ocorreu no jogo). Não fomos nós e, sim, a Fifa.
Legado
Essa seleção deixou um legado intangível. Há muitos anos eu não vejo esse Brasil em torno de um objetivo, como o torcedor se uniu com essa seleção. Mesmo após a derrota por 7 a 1, fomos a Brasília e vimos crianças e o povo todo cantando e incentivando. O Brasil voltou a cantar seu hino, as pessoas sentiram orgulho de algo. Teve a televisão que expos a vida de cada um desde o começo. Ficou um legado que para vocês (imprensa) e para nós não importa. Ficou uma coisa bonita que não se pode negar. Essa geração que apoiou, vai continuar a apoiar por mais três, quatro Copas. Os jogadores tiveram essa mensagem. O sonho não termina, ele foi interrompido. O trabalho começa daqui um mês e meio.
Técnico estrangeiro
Esse assunto me constrange. Acho que não há necessidade de estrangeiro em qualquer seleção grancde. Não deu certo na Inglaterra. Foi um fracasso com Eriksson e o Capello. Grandes seleções têm que ser treinadas por técnicos locais. Imagina o técnico aqui tendo um dia para treinar e enfrentar a Colômbia. Tem dois meses para enfrentar a Argentina na China. Em seis jogos, perde três e já vai pressionado (...) O cara que chegar vai sofrer muito. Até porque, quando entender, já era.
Pode ter palestras, intercâmbio... é importante os treinadores irem ao exterior para palestras e cursos. Não sou contra a ideia, acho difícil implementar o trabalho com um estrangeiro. O Lothar Matthaus no Atlético-PR, por exemplo. Ele ficou três meses e foi embora,. Não voltou nunca mais, eu sei das cosias que aconteceram lá. É um choque esportivo e cultural grande.
Promovam esse fórum, eu vou fazer parte, gosto de ouvir, de fazer parte,. Esse intercâmbio é favorável a todos.
Qual seleção propôs algo novo taticamente?
Para mim, A Alemanha não apresentou algo novo, mas um futebol com quatro, cinco craques em prol da equipe, experientes, entrosados, sabiam resolver os problemas. Não apresentaram nada de novo, mas eu gostei de ver. Os deuses do futebol abençoaram com essa conquista.


Parreira: 'Grandes seleções devem serhttp://espn.uol.com.br/noticia/425684_parreira-ve-saida-esperada-pede-formacao-no-brasil-e-desaprova-tecnico-estrangeiro dirigidas por técnico local'; veja 3ª parte da entrevista

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