quinta-feira, 25 de setembro de 2014

O que nos dizem as pesquisas, por Luiz Carlos Mendonça de Barros


da Folha
Luiz Carlos Mendonça de Barros
Os mercados financeiros no Brasil refletem hoje, de forma quase neurótica, as expectativas eleitorais de investidores e especuladores. Como esta questão não faz parte da agenda em que a maioria dos analistas ganhou seus diplomas, o resultado é um vaivém desordenado de lucros e prejuízos. A figura do cientista político passou a ser endeusada, embora recentemente tenha perdido um pouco de seu brilho, dada a dificuldade de entender o eleitor brasileiro neste final de corrida eleitoral.
Não sou especialista em eleições, mas na missão de acompanhar a economia do Brasil tenho seguido a evolução de uma parte importante da sociedade, chamada de forma simplista pela mídia de a "nova classe média", e que pode definir o resultado da eleição presidencial.
Esse grupo, que ao longo dos anos Lula passou a viver na economia formal, representa no universo confuso de eleitores de hoje uma parcela importante. Segundo meus cálculos, esses novos consumidores devem representar cerca de 20% da população e cerca de 12% do universo de pessoas que deverão votar em outubro e novembro.
Esse pessoal encontra-se hoje em uma encruzilhada entre o seu lado emocional e o seu bolso. De um lado tem consciência de que foi nos anos Lula que sua vida mudou de forma radical. Basta analisar os gráficos de dados de consumo naquele período de ouro para entender esse sentimento. De outro sente que, nos últimos quatro anos, sua ascensão social perdeu fôlego e problemas que não existiam antes em suas vidas apareceram no dia a dia da família. A inflação e o sufoco de fechar as contas no fim do mês são dois exemplos simbólicos dessa agenda negativa.
De certa forma é o futuro que os preocupa, e não as lembranças sobre o passado tão exitoso que vivenciaram. Em linguagem de economista, eles não questionam o estoque de bem-estar de hoje -embora reconheçam que ele existe-, mas as dúvidas sobre a continuidade dessa melhoria em suas vidas.
Este é um ponto fundamental -se verdadeiro como penso ser- e que tem criado problemas para as campanhas eleitorais dos principais candidatos. No grupo que critica a situação econômica atual, falta a visão de que, até agora, esses eleitores não estão sofrendo de forma direta o impacto da desaceleração econômica. O melhor exemplo disto é a situação do mercado de trabalho. O pleno emprego ainda existe, apesar de problemas pontuais, como é o caso do setor automobilístico principalmente.
Mesmo no quadro medíocre de hoje da economia, ainda estamos vivendo a criação de cerca de 500 mil empregos formais neste ano.
Mais uma vez a questão do estoque e do fluxo deve ser levada em consideração. A criação de vagas é menor do que a necessária para acomodar todos os jovens novos entrantes no mercado de trabalho, mas o número de pessoas sem colocação é ainda muito pequeno quando comparado com o estoque de empregados.
Não encontramos nos discursos dos três principais candidatos a presidente um tratamento correto dessa situação. A presidente Dilma, de certa forma, chove no molhado ao apresentar o passado de obras e sua continuidade no futuro. Não responde assim às angústias do eleitor assustado com a perda de velocidade de sua ascensão social.
O candidato do PSDB está fora do radar desse grupo na medida em que não reconhece formalmente os ganhos dos anos Lula. Além disto, responde aos anseios de continuidade no mundo da economia formal e da sociedade de consumo, com promessas de mudanças radicais em relação ao passado.
Foi o ex-governador Eduardo Campos, antes do terrível acidente que tirou sua vida, quem mais chegou perto do discurso que me parece adequado a esse grupo. Elogios ao período Lula e advertência de que o governo Dilma está destruindo o arcabouço econômico que gerou a sua ascensão e a entrada na sociedade do consumo.
Marina mudou o discurso e se aproximou da mensagem tucana, embora com uma história de vida diferente o que a aproxima dos novos consumidores.
Por isso, o voto desse número grande de eleitores ainda está bastante indefinido e no aguardo do discurso adequado.
http://jornalggn.com.br/noticia/o-que-nos-dizem-as-pesquisas-por-luiz-carlos-mendonca-de-barros

Um comentário:

brasilpensador.blogspot.com disse...

EU CONTINUO FECHANDO MINHAS CONTAS NATURALMETE SE COMPRO ALGO NO CARTAO DE CREDITO E DIVIDO EM PARCELAS SO FAÇO OUTRA COMPRA QUANDO O PRIMEIRO ESTA PARA ACABAR. O brasileiro com o poder de compra que passou a ter muitas vezes foge aos seus limites e controles criando um certo problema mais aqueles que controlam direitinho seus gastos nao tem problema. digo isso porque o que ele paga este mes vai pagar a mesma coisa no mes seguinte. quando ha mais de 12 anos isso nao acontecia e ele tinha que rebolar para botar dinheiro em cima para fechar as contas devido aos constantes aumentos semanais. Hoje mesmo no governo Dilma as coisas estao equilibradas e as pessoas nao tem sobressaltos nos seus pagamentos. Muitos ficaram estericos com o poder de compra e se excederam. agora vao ter que se organizar e colocar as coisas nos devidos lugares.