quarta-feira, 22 de outubro de 2014

CARTA ABERTA A RICARDO NOBLAT

Não minta senhor Noblat. O eleitor brasileiro, na média geral sabe que quem pode roubar à vontade são os tucanos cujos casos de corrupção não são denunciados e nem investigados com a mesma fúria pela imprensa na qual o senhor milita e nem pelos órgãos fiscalizadores.

Esses órgãos são aparelhados pela tucanagem desde as indicações dos PGEs e PGJs que nunca são os mais votados da categoria. Os indicados ainda que figurem como os menos votados nas listas dos membros do Ministério Público, são os escolhidos pelos governadores dos estados onde os tucanos estão no poder.

Nos TCEs e TCMs há também semelhante aparelhamento. Os parlamentares que agem como cães de guarda do governo, abafando CPIs, impedindo investigações nas comissões do parlamento, evitando o debate sobre os atos do governo de plantão, são os que vão para esses tribunais de contas.

Isso permite aos tucanos se apresentarem como homens probros. Quando denunciados sempre aparecem com o argumento de que o ministério público arquivou determinada ação ou o TCE deu parecer favorável a seus atos de governos sem informar a população que esse atestado de idoneidade deriva de conchavos espúrios para o prejuízo do interesse público que é o que menos prevalece, sobressaindo-se a relação de compadrio entre indicado e quem o indicou.

A inapetência em investigar tucano não resulta da falta de escândalos, resulta da quase conivência de tais órgãos para com a corrupção tucana.

A administração pública não é formada por seres etéreos oriundos de um mundo superior ao nosso, mas de pessoas de carne e osso que são parte de uma cultura de corrupção cuja origem provém dos lares, nas famílias, que se espraia para as ruas, o ambiente social, até chegar a política.

Não só na política como querem alguns, também no judiciário onde a corrupção campeia e é abafada e só poderia ser denunciada se a imprensa cumprisse com seu relevante papel social de bem informar, mas interesses escusos a impedem de fazê-lo porque invariavelmente depende de favores, razão pela qual raramente denuncia esse que é o pior poder da República.

A corrupção tem que ser ostensivamente combatida. Esse combate está sendo feito por esse governo que nunca se furtou de investigar naquilo que é de sua competência, no âmbito administrativo por meio da CGU e penal por meio da PF.

A partir daí cabe ao MP e a justiça, sobretudo a justiça completar as investigações e punir. Isso quase nunca acontece. Logo o problema da corrupção é a falta do binômio investigação e punição no caso dos tucanos que nunca são investigados e nem punidos.
  
Com relação aos governos petistas, os que mais investigam e combatem a corrupção, a falta de punição é da responsabilidade do judiciário em se tratando da esfera penal, já que administrativamente os governos do PT têm punido com severidade, demitindo todos os envolvidos, tanto aqueles que são indicações de livre provimento quanto servidores público efetivos para o bem do serviço público.

Sua frustração é não ter sido atendido no suicídio político que o senhor queria que a presidenta praticasse ao admitir em meio a um denuncismo seletivo e desenfreado dentro de uma estatal, em plena campanha política, coisa que ninguém é idiota de fazer se existem instituições que estão investigando, ainda em sede de tomada de depoimentos de uma delação que não se sabe verdadeira, provas não foram apresentadas que há corrupção dentro da Petrobras.

O governador de São Paulo até hoje não admitiu o racionamento e tampouco as gravíssimas consequências da crise hídrica no Estado de São Paulo. Praticou o maior estelionato eleitoral com a conivência de jornalistas como o senhor e pares na imprensa paulistana que nunca vieram a público exigir que Alckmin admitisse o inegável. Somente agora depois que ele foi eleito fala-se de racionamento nos jornalões impressos e televisivos.

O senhor quer que a presidenta admita culpa de João Vacari Neto tesoureiro da campanha dela com base em declarações de um bandido que não podemos afirmar ou negar que são falsas ou verdadeiras. Para isso existe justiça e a justiça até o presente não demonstrou uma única prova.

O senhor acha mesmo que está falando para asnos? Que iremos deixar de reeleger a presidenta com base nesse denuncismo tosco e seletivo? Pode chorar rios de lágrimas mas o povo brasileiro não é imbecil.

Atenção, senhores: podem roubar à vontade!

O eleitor não está nem aí.
Ricardo Noblat
Dilma guardou silêncio por mais de mês sobre o escândalo de corrupção que reduziu à metade o valor da Petrobras.
O escândalo tem a ver com o desvio de recursos para enriquecer políticos que apoiam o governo e financiar campanhas. A de Dilma, inclusive.
Por que na semana passada, finalmente, Dilma avisou a jornalistas que a entrevistavam: “Houve desvio, sim!”?
Primeiro: o desgaste de continuar fingindo que desconhecia o escândalo estava pegando mal junto a formadores de opinião.
Segundo: Dilma se sentiu confortável para reconhecer o escândalo ao saber que políticos do PSDB também meteram a mão na grana da Petrobras.
Ora, se todos roubam por que não podemos roubar? Se todos são uns pilantras por que não podemos ser?
E daí?
Daí, nada.
Salvo uma parcela do eleitorado que baba de raiva quando ouve falar em roubalheira, o resto está pouco se lixando. Parte do pressuposto de que todo político é ladrão. E de que só nos resta aturá-los.
O mensalão 1, o pagamento de propina a deputados federais para que votassem como queria o governo, fez tremer o governo no segundo semestre de 2005. Lula chegou a pensar em desistir da reeleição.
O primeiro semestre do ano seguinte começou com a recuperação da popularidade de Lula. O segundo terminou com a reeleição de Lula com larga vantagem de votos sobre Geraldo Alckmin (PSDB).
João Vaccari, tesoureiro do PT e representante da campanha de Dilma junto à Justiça Eleitoral, está metido até o último fio de sua quase careca na corrupção que ameaça engolir a Petrobras.
Vaccari foi nomeado por Dilma para o Conselho Administrativo da Itaipu Binacional. Ganha R$ 20 mil para participar de duas reuniões mensais.
- A senhora confia em Vaccari? Confia? – perguntou Aécio a Dilma no debate da TV Record.
Dilma fez que não ouviu.
Desde que façam alguma coisa pelos mais pobres, os políticos poderão continuar roubando à vontade.
Corrupção custa caro (Foto: Arquivo Google)Corrupção custa caro (Imagem: Arquivo Google)http://noblat.oglobo.globo.com/meus-textos/noticia/2014/10/atencao-senhores-podem-roubar-vontade.html

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