segunda-feira, 20 de junho de 2016

Por que Lula é investigado por tráfico de influência e Ilan Goldfajn não?



Quando é que o ministério público vai abrir inquérito para investigar o senhor Ilan Goldfajn por atuar como presidente do BC e participar das reuniões que definem o aumento ou a redução da taxa de juros que beneficia diretamente o banco do qual foi acionista e economista chefe?

Lula está sendo investigado em uma de várias frentes abertas pelo ministério público porque como presidente teria atuado noutros países para abrir mercados internacionais, possibilitando que empresas brasileiras fechassem negócios bilionários, gerassem divisas e empregos, lá e aqui. Isto que é dever de qualquer presidente, seja brasileiro ou estrangeiro, é tratado como crime por esses procuradores que fingem desconhecer quais são as responsabilidades do chefe maior do executivo.

Investigam também o ex presidente por renovar a edição de uma medida provisória que estava em vigência e que fora aprovada pelo congresso, a pedido do governo FHC, concedendo isenções fiscais a montadoras, atribuindo a ação do presidente em favor do emprego de milhares de brasileiros, motivações criminosas.
No governo do golpista Michel Temer, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, é um economista ACIONISTA do banco Itaú que possuía cargo de chefia naquela instituição.

Nada mais escandaloso em se tratando de um ex acionista de um banco privado que vai tomar conta da política monetária brasileira e mesmo dizendo que não enxerga nenhum conflito de interesse, 0,5% de aumento na taxa de juros representa o endividamento entre 7 a 10 bilhões na dívida pública, cujos maiores detentores são os bancos privados, dentre os quais o Itaú de onde Ilan saiu como economista chefe para presidência do Banco Central.

Portanto, a cada elevação na taxa de juros, os bancos privados se beneficiam diretamente, pois aumenta a dívida pública que é majoritariamente financiada por eles. Ter um presidente no BC que era acionista e economista chefe do banco Itaú é um escândalo de proporções homéricas.

Se o MPF consegue enxergar na atuação difusa do ex presidente Lula, lobby criminoso, por atuar junto a chefes de Estados de outras nações, nos continentes Sul americano, na África e Ásia, ainda que esteja coberto pelas prerrogativas do cargo que ocupou, sendo prática comum e necessária de qualquer presidente, diferente seria se Lula não tivesse atuado em defesa do interesse nacional, o que dizer do ex economista chefe de um banco privado, ser presidente do Banco Central que estabelece a política monetária, aumento da taxa Selic, que favorece diretamente os bancos privados, inclusive aquele do qual saiu para presidir o BC?

Quando é que o ministério público vai abrir inquérito para investigar o senhor Ilan Goldfajn, por atuar como presidente do BC e participar das reuniões que definem o aumento ou a redução da taxa de juros que beneficia diretamente o banco do qual foi acionista e economista chefe? Não há aí uma suspeita muito mais fundamentada de que a ação do atual presidente do BC concorre para beneficiar o banco do qual foi acionista e economista chefe, do que a suspeita de que Lula teria cometido tráfico de influência em favor de empresas nacionais, quando o senso comum diz que isso, antes de se constituir crime, como quer o MPF, é parte das funções de Estado do presidente?

Pois o MPF deveria abrir inquérito contra o presidente do BC, alegando que ele atua no Copom para beneficiar o banco Itaú do qual foi acionista e economista chefe, assim como fez com Lula, só porque Lula usou de sua influência para abrir mercados que geram empregos a milhares de brasileiros, divisas para o país e competitividade para as empresas nacionais. Se isto é crime, não seria muito mais criminoso considerar a atuação de Ilan Goldfajn no BC, já que cada aumento na taxa de juros beneficia o banco Itaú do qual saiu diretamente para presidir o BC?

NOSSO COMBATE AO GOVERNO GOLPISTA TEMER DEVERIA SE DÁ FUNDAMENTALMENTE A SEU PROGRAMA DE GOVERNO. A CORRUPÇÃO É PARTE ACESSÓRIA E NÃO O MAL MAIOR.




Pelo menos no que me diz respeito, não tenho a menor dúvida de que muito pior do que o lado moral do governo Temer, com toda a súcia de bandidos que ele encastelou em seu entorno, é O PROGRAMA DE GOVERNO QUE ELE ESTÁ EXECUTANDO.

O DESMONTE DAS POLÍTICAS SOCIAIS, conquistas de mais de uma década de trabalho duro, de uma luta política acirrada.

A corrupção não é o mal maior da nação. O mal maior é a iníqua desigualdade social, a falta de perspectiva para milhões de brasileiros num futuro melhor, a concentração das riquezas nas mãos de poucos privilegiados. Salários indecentes, falta de acesso aos serviços básicos de Saúde e Educação, a sonegação fiscal, o desemprego que já atinge milhões, a falência de empresas etc.. Esse é o câncer mais agressivo que está a nos corroer.

A corrupção será colocada em níveis toleráveis, deixada de lado como prática comum à maioria esmagadora dos brasileiros, quando houver mudança de mentalidade, de compreensão do que significa o uso do bem comum que a todos pertencem, e apropriação da coisa pública, para interesses pessoais daqueles em posição de poder, não mais prejudique a coletividade.

O início da interinidade do governo Temer, é só o prenúncio do que vem por aí em matéria do que representa para classe trabalhadora, em percas salariais, direitos consagrados, todo um arcabouço constitucional que será desfeito por um governo que carece da legitimidade do voto e cujo programa jamais passaria pelo crivo do voto.

Não podemos ficar paralisados pela cantilena do discurso da corrupção. O Brasil precisa seguir adiante e o combate a corrupção deve correr implacavelmente em paralelo as prioridades mais prementes, como algo corriqueiro e não extraordinário que só pode existir se estiver nos holofotes de uma mídia sequiosa pela divulgação de escândalos e, na ausência dessa cobertura, tudo é varrido para debaixo do tapete.

O temor de que as investigações da Lava Jato amanhã se acabem, é a admissão tácita de que não podemos confiar nas nossas instituições, que elas só agem se forem pressionadas porque seu modus operandi que funciona como regra geral, é o de proteger bandidos, corruptos que quando não estão sob os olhares da opinião pública, o judiciário agirá para lhes premiar com a impunidade.

Não o faz agora por está intimidado diante dos níveis de corrupção descobertos e pela ação intimidatória de um grupo de Procuradores dispostos a insuflarem a opinião pública a se levantar contra as cortes superiores de justiça que encalacradas pelo medo, a tudo coonesta e não assume que as investigações deveriam acontecer nos marcos da constituição.

A Lava Jato não deveria precisar ser defendida. Investigações de tamanha magnitude deveriam ser algo considerado corriqueiro, como prova do funcionamento das instituições, sem causar nenhum escândalo, estupefato, com todo o apoio do judiciário, estando ou não sob os olhares da opinião pública.

Quando isso só acontece porque a opinião pública foi mobilizada e serve de amparo para que as investigações continuem, do contrário serão paralisadas, demonstram que investigações como as feitas pela Lava Jato são uma exceção e não fosse pela determinação da Força Tarefa que a comanda, mesmo ultrapassando os marcos constitucionais, utilizando métodos heterodoxos de investigação para alcançar os resultados ora obtidos, decreta a falência das instituições, e revela que elas agem pela impunidade e que precisam de constante vigilância para não fugirem as suas responsabilidades, o que farão no seu mais recôndito esconderijo, longe dos olhares severos da opinião pública, sinalizando que a praxe é a impunidade e não a punição.

O governo do golpista Michel Temer deve cair muito mais pelo programa nefasto que pretende implementar em seu governo, caso o impeachment de Dilma se confirme, do que pelos crimes de corrupção que seus agentes, inclusive ele próprio, praticaram. É possível quantificar o dano causado pela corrupção em valores. Às vezes é até possível recuperar parcial ou totalmente esses valores.


Mas não conseguiríamos quantificar o dano causado, o sofrimento imposto a milhões de brasileiros que de uma hora para outra se verão desempregados, desprovidos de seus direitos mais elementares, sua aposentadoria, os benefícios a que tiveram direito nos programas sociais do governo, o acesso ao financiamento a faculdade, ao programa de agricultura familiar, subsídios governamentais, o que isso implicará nas relações familiares e sociais, entre maridos e esposas, filhos e netos, no aumento da violência, no número de crimes contra o patrimônio cometidos, violência doméstica, alcoolismo, uso de drogas, suicídios etc...

A resistência se deve dá fundamentalmente a aplicação do programa de governo que Temer pretende adotar com mais volúpia quando for definitivamente empossado. A corrupção é linha auxiliar desse programa. A população tem que ser esclarecida disso primordialmente. Deixá-la prisioneira a este discurso de combate a corrupção é permitir que o governo Temer funcione mal das pernas mas avançando sobre direitos e conquistas, enquanto batemos bumbo com a distração do noticiário sobre corrupção feito sob medida para nos anestesiar.