sexta-feira, 5 de novembro de 2010
Luizianne a Vingativa.
Luizianne Lins, por experiência própria, conhece os efeitos deletérios do poder, quando dirigido a uma pessoa com o fim de sufocá-la até roubar-lhe o ar que respira. Sua tenacidade comoveu o fortalezense quando teve que mover céus e terra, em 2004, para fazer valer seu direito de disputar, como candidata do PT, a prefeitura que hoje administra. Ao lado de João Alfredo, vereador de Fortaleza pelo PSOL, desafiou a cúpula de seu partido que tinha um acordo a cumprir com o PC do B do agora Senador Inácio Arruda que seria o candidato daquelas eleições pelo campo das esquerdas. A ousadia de Luizianne rendeu-lhe uma das mais terríveis persiguições políticas, comandada pelo então todo-poderoso, Ministro Chefe da casa Civil, José Dirceu que em momento algum aceitou a decisão soberana do diretório municipal do PT que decidiu pela candidatura própria e de tudo fez, para impedir que Luizianne disputasse aquelas eleições como candidata do PT. Nem por um instante, Luizianne se deu por vencida. Enfrentou de cabeça erguida às ameaças de intervenção no diretório municipal, recusou todos os apêlos no sentido de que desistisse de sua pré-candidatura pelo bem da união das esquerdas e rebateu as constantes pressões do Palácio do Planalto que enxergava em Inácio o único nome com chances de vencer os grupos do prefeito Juracy Magalhães e Tasso Jereissati. Não fosse o desgate causado na opinião pública que começava a comprometer à imagem de Inácio, José Dirceu teria seguido com seu plano de intervenção e Luizianne não seria a prefeita de Fortaleza. Contra tudo e contra todos, o calvário de Luizianne continuaria durante a campanha franciscana que foi obrigada a fazer. Sem apôios políticos de peso, sem dinheiro e com pouco tempo de radio e televisão desabou em lágrimas nos dias que antecederam o fim da propaganda eleitoral gratuita na televisão. Abertas as urnas, Luizianne derrota Inácio no primeiro turno e disputa o segundo com Moroni, obtendo uma vitória consagradora vindo a ser a segunda mulher a conseguir eleger-se prefeita de Fortaleza. Diferentemente do esperado, o tempo viria a mostrar que a batalha enfrentada por Luizianne não serviu-lhe de aprendizado, não a tornou uma pessoa mais humana, tolerante. Luzianne interferiu como pôde na eleição para presidência da câmara de vereadores de 2009 e inoculou o mesmo veneno, do qual fora obrigada a experimentar, quatro anos antes, quando bateu de frente com a cúpula de seu partido que rejeitava sua candidatura a prefeita, no vereador Salmito Filho que não se deu por achado e também contrariou a vontade da prefeita lançando-se candidato a presidente da câmara com apôio do vereador Tim Gomes. Assim como José Dirceu fizera com ela, Luizianne usou de toda a influência e poder que tinha para impedir que Salmito ganhasse as eleições chegando apoiar, ao lado de Cid Gomes, dos vereadores petistas e de parte da base aliada, um candidato de outro partido, o vereador Elpídio Nogueira. Ali, a história voltou a repetir-se como farsa e com 24 votos, 8 a mais que o adversário, Salmito Filho do PT derrotou humilhantemente a prefeita. Para Luizianne os direitos parece que não são iguais. Apesar de ter feito um governo medíocre, achou ser legítimo disputar a reeleição. Embora não tivesse feito por merecer, a generosidade do povo de Fortaleza a conduziu outra vez ao comando da prefeitura. Luizianne, porém, demonstra que não sabe perder e suas atitudes são reveladoras de que até hoje estar com Salmito atravessado na garganta, tanto que redobrou seus esforços para novamente tornar-se o grande obstáculo da reeleição do vereador Salmito, apenas porque o atual presidente da câmara de vereadores de Fortaleza tem conduzido aquela casa com altivez e não como apêndice do gabinete da prefeita. Não sem razão o deputado Ivo Gomes acusou a prefeita de se omitir na eleição de Dilma e de passar a maior parte de suas horas, não se sabe se de expediente ou vagas, conspirando contra a reeleição de Salmito Filho. A prefeita não gostou nem um pouco daquilo que considera ser uma interferência indevida, do irmão do governador, nas articulações que ela anda fazendo às escondida, como se o deputado Ivo não pudesse, na condição de parlamentar e cidadão, manisfetar sua indignação à trama que a prefeita urde, movida pelo sentimento de vingança, para impedir que o vereador Salmito pleitei legitimamente o direito de concorrer à reeleição, do mesmo modo que a prefeita concorreu a um segundo mandadato sem nenhum obstáculo. Inconformada, a prefeita usa dos mesmos expedientes rasteiros dos quais o candidato derrotado José Serra, que não gosta de ser contrariado por jornalistas frequentemente lança mão quando costuma ligar pras redações pedindo aos barões da mídia à cabeça desses profissionais. Aliás, a prefeita, neste aspecto, inova ao ligar diretamente ao Governado para reclamar da atitude do deputado Ivo. Ligou também para o líder Nelson Martins pedindo que falasse com Ivo. Nelson teve a ombridade de aconselhar Luizianne a sentar com Salmito e o candidato que ela apóia em busca de um entendimento. Até o deputado da cueca entrou em cena acenando com ameaças veladas de intervenção no caso do partido ser chamado. É este velho PT de Luizianne, corretamente criticado pela imprensa, de só visar o poder e não querer compartilhar espaços, de aparelhar a máquina, de defender a concepção de se não é por mim é contra mim que se tornou menor do que Lula e não teve forças de impedir que o presidente enfiasse goela abaixo a candidatura de Dilma, na maior jogada do velho metalúrgico para o regozijo da nação brasileira. Tivesse escolhido um dos fundadores qualquer que ainda permanece nos quadros do partido, esta mesma guerra fraticida estaria ocorrendo em busca de mais poder na câmara e no senado, em desestabilização da base aliada, comprometendo a governabilidade irreparavelmente e a república seria completamente aparelhada pelos companheiros que não sabem viver sem uma boquinha. A bela Lins, como a chama o deputado Fernando Hugo, não deveria ser tão vingativa. Faria bem se lembrasse dos anos que passou fazendo oposição histriônica aos governos tucanos nos mandatos que exerceu. Faria melhor, se se lembrasse da subserviência daquela casa ao governo do estado, objeto de críticas contudentes que costumava fazer reclamando da falta de indepêndencia do poder legislativo. O que era defeito dos governos tucanos é virtude no governo que dirige. Assim não dá prefeita!
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