sábado, 3 de maio de 2014

VIDENTE MÃE DINAH MORRE EM SÃO PAULO



Benedicta Finazza morreu nesta sexta-feira, em virtude de uma infecção generalizada; ela estava internada no Hospital da Luz, na Vila Mariana, desde quinta-feira, após sofrer uma queda em sua residência; Mãe Dinah ficou famosa na década de 1990, quando teria previsto o acidente aéreo que vitimou o grupo Mamonas Assassinas; ela também foi duramente criticada por ter previsto uma vitória de Ayrton Senna em 1994, ano em que o piloto morreu


247 - A vidente Benedicta Finazza, mais conhecida como Mãe Dinah, morreu nesta sexta-feira (2), em São Paulo, em virtude de uma infecção generalizada. Ela estava internada no Hospital da Luz, na Vila Mariana, desde a última quinta-feira (1), após sofrer uma queda em sua residência. O corpo de vidente será enterrado no Cemitério da Paz, Morumbi, na zona sul da capital paulista, às 15h deste sábado (3).

A vidente ficou famosa na década de 1990, quando teria previsto o acidente aéreo que vitimou o grupo Mamonas Assassinas, em 1996. A partir daí, ela ganhou espaço em diversos programas de televisão nos quais fazia suas previsões. Mãe Dinah também foi duramente criticada por ter previsto uma vitória do piloto de Fórmula 1 Ayrton Senna, em 1994, ano em que ele morreu.

Em sua defesa, Mãe Dinah alegava que tinha avisado pessoalmente ao piloto para que tomasse cuidado ao longo da corrida em que morreu, na Itália.

http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/138617/Vidente-M%C3%A3e-Dinah-morre-em-S%C3%A3o-Paulo.htm

DARTH BARBOSA E A GUERRA NOS PODERES

RICARDO FONSECA

Muito longe de ser um super-herói como a Grande Imprensa estampou em capas de jornais e revistas, Darth Barbosa não tem coração, nem sangue e muito menos alma
Estava demorando, mas ele voltou, voltou de forma retumbante, colocando José Genoíno (doente) de volta à Papuda. E ao som da "Marcha Imperial ", também conhecida como Darth Vader´s theme (confira aqui), o Sr. Joaquim Barbosa faz sua reentrada nos telejornais tupiniquins, como sempre, em meio a polêmicas.

Muito longe de ser um super-herói como a Grande Imprensa estampou em capas de jornais e revistas, Darth Barbosa não tem coração, nem sangue e muito menos alma. O que corre em suas veias para mim é Petróleo. O mais grosso possível, não o nosso, refinado na Petrobras. E bem no meio do seu peito, bate uma bomba, que está prestes a implodir em mais uma canetada, de tanto ódio do PT e seus signatários. Paradoxalmente, o mesmo partido que o levou a ocupar uma cadeira no Supremo Tribunal Federal.

Como na trilogia de George Lucas, o STF se transformou num gigantesco quartel general do lado negro da força. Calma Skywalkers, explico. Sem trocadilhos, ele se transformou numa constelação de estrelas incandescentes, como o sabre vermelho, que Darth Barbosa, provocado pela mídia comprometida, usa para aniquilar seus inimigos.

Dizem que o Sr. Joaquim Barbosa nem precisa usar a tradicional máscara negro-espelhada característica do vilão de "Guerras nas Estrelas". Sua face normalmente já mete medo em muita gente por aí. Acredito eu que principalmente nos quadrilheiros sem quadrilha e criminosos sem crime, condenados injustamente na AP 470 pela maçante "Teoria do domínio da força", Ops! "Do fato."

O mestre Yoda–Lula sabiamente colocou aos sete ventos, em Portugal, palavras que milhares de brasileiros gostariam de ter dito. Esse julgamento foi predominantemente político e, muito pouco ou quase nada, técnico. Sem crime, não tem réu. Mas por que diabos ainda estão presos?

Por que José Dirceu, condenado ao regime semiaberto, encontra-se até hoje (02), em fechado sem direito ao trabalho? Por que José Genoíno retornou à prisão, será que foi por não estar à beira da morte, como gostariam seus algozes?

Quantos Lukes Skywalkers vão ter de existir para que efetivamente se façam justiça nesse processo penal?

Enquanto o mensalão tucano (aquele lá de Minas) - bem mais cabeludo do que o petista - prescreve ao sabor do pão de queijo, os verdadeiros heróis que lutaram a vida toda contra os Atos Institucionais, o Militarismo, a repressão, a ditadura, etc e tal... estão enjaulados como bichos, sem direito a seus próprios direitos.

Está na hora de o Congresso Nacional retomar a questão e fazer valer o que está escrito na Constituição. Judicializaram a política sim, mas não politizaram a Justiça.

Enquanto muitos dormem em colchas de seda e lençóis egípcios, famílias passam noites em claro, numa insônia infinita, à espera de uma luz no fim do túnel. Como a do sabre verde de Luke Jedi, usada para salvar-lhes das garras dos monstros horrendos e do laser dos soldados inimigos.

Será que o mal vencerá o bem nessa "Guerra de poderes", ao contrário da saga de Lucas? Ou a verdadeira Justiça realmente haverá de ser feita?

Que a força esteja com os condenados, que estão sofrendo na pele a angústia de cumprirem pena como bandidos, com a consciência limpa, de não sê-los.

O que será que acontecerá nos próximos capítulos? "O Congresso contra-ataca ?" ou "A princesa aposentadoria vence Darth Barbosa?"

http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/138608/Darth-Barbosa-e-a-guerra-nos-poderes.htm


NOTA DE JOAQUIM BARBOSA REVELA QUE ELE NÃO SABE DE NADA






ANTONIO LASSANCE

Uma autoridade do Estado que se utiliza do cargo para conclamar o repúdio a pessoas e a opiniões mostra que não sabe o que é ser um democrata
(originalmente publicado na Carta Maior)

Irritado com as declarações do ex-presidente Lula à Rádio e Televisão Portuguesa (RTP), contrárias à condução do processo do mensalão, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, soltou uma nota em defesa do processo e externando sua visão sobre o STF.

Nela, afirma que Lula tem “dificuldade em compreender o extraordinário papel reservado a um Judiciário independente em uma democracia verdadeiramente digna desse nome” e arremata dizendo que o STF é um "pilar essencial da democracia brasileira".

Barbosa avalia que a declaração de Lula "é um fato grave que merece o mais veemente repúdio", e que emite um sinal ruim ao "cidadão comum".

"Cidadão comum", como sabemos, é uma daquelas expressões orwellianas, usadas por quem acha que todos são iguais, mas alguns são mais iguais que outros. Há cidadãos e "cidadãos comuns".

Na condição de "cidadão comum", creio que o fato mais grave e que merece repúdio é alguém que se diz parte de um "pilar da democracia" não admitir o direito de quem quer que seja de criticar o STF, assim como podemos hoje criticar qualquer governo e o Congresso. São todos órgãos do Estado, fundados e mantidos pelo cidadão.

O grave é uma autoridade do Estado se utilizar de seu cargo para conclamar, em uma nota assinada enquanto presidente do Supremo Tribunal Federal, o repúdio a pessoas e a opiniões.

Se alguém tem dificuldade para compreender alguma coisa em matéria de democracia, de uma forma que seja "verdadeiramente digna desse nome", esse alguém é o próprio Joaquim Barbosa.

Qualquer aula de introdução à Ciência Política e qualquer cursinho sobre instituições políticas brasileiras mostram que o pilar da democracia é o princípio da soberania popular.

Nossa Suprema Corte não é constituída por esse princípio. Não é sócia fundadora da democracia. É fundada por ela. É ramo, e não raiz.

Barbosa poderia ter dito, por óbvio que seja, que o Judiciário é um pilar da Justiça, da liberdade, dos direitos humanos, inclusive contra os riscos dos governos da maioria.

Barbosa poderia e até deveria ter dito que esse não é um órgão democrático e representativo, pois não é eleito, mas que não deve se envergonhar disso. Trata-se de um órgão meritocrático, e até isso pode ser posto em dúvida. Até que ponto os ministros que vão para o Supremo são, de fato, os melhores? Há controvérsias saudáveis a respeito.

A confusão de Barbosa explica, em grande medida, sua dificuldade de distinguir entre a missão do Judiciário e o serviço do justiceiro.

Tal confusão demonstra de onde vem sua obsessão por invadir o espaço reservado aos demais Poderes. Em seu cálculo, o risco institucional vale menos que uma manchete. Daí o gosto pelos saltos triplos carpados hermenêuticos, como disse um ex-ministro daquele mesmo STF, que também gostava de praticar ginástica institucional.

O raciocínio rasteiro que subjaz à sua baboseira retórica revelou-se, não faz muito tempo, na indecisão de Barbosa quanto a sair ou não candidato. Embora já não possa se candidatar em 2014, até hoje ele continua falando e agindo como candidato, e não como presidente de um Poder da República.

Sua "lição" de estadista contra Lula mostra o quanto Barbosa se desentende com o que é ser um estadista. Nem mesmo seu cargo de presidente do Supremo; nem sua assessoria; nem sua toga esvoaçante foram capazes de encobrir seu despreparo na hora de redigir uma nota em que deva expressar uma correta definição sobre o que é e para que serve o STF.

O Supremo é um um órgão essencial, mas hoje tristemente comandado com mão de ferro - e como se isso fosse uma virtude, e não um veneno - por quem não tem qualquer traço de estadista, muito menos de democrata.

http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/138298/Nota-de-Joaquim-Barbosa-revela-que-ele-não-sabe-de-nada.htm

Não dá pra esconder a montanha permanentemente

Ontem na abertura do congresso do PT com as participações da presidenta Dilma e do ex presidente Lula, mais uma vez Lula reafirmou que a candidata do PT será a presidenta Dilma. 

O partido foi chamado a marchar unido, sem divisões e sem essa campanha alimentada externamente para causar a cizânia nas hostes do partido e que tem origem na velha mídia, a oposição de fato, como denunciou o ex presidente Lula durante sua fala transmitida ao vivo pelo PT.

Hoje pesquisa Sensus ligada ao candidato Aécio Neves aponta para um segundo turno. José Roberto Toledo, colunista insuspeito do Estadão denuncia a manipulação dos dados.

Temos a seguinte situação para as eleições presidenciais: dos 5 principais institutos de pesquisas, nada menos do que 4 trabalham para Aécio Neves. O Datafolha que é ligado à Folha de São Paulo e que faz oposição acirrada aos governos do PT. O Ibope contratado das organizações Globo que é a ponta de lança na campanha pela eleição de Aécio e os 2 institutos mineiros o Sensus e o MDA ligado a CNT que é presidida por Clesio Andrade senador mineiro eleito pelas mãos generosas de Aécio e cuja esposa é conselheira do TCE, indicação questionada na justiça e também feita por Aécio. Ricardo Guedes, diretor do Sensus, trabalhou para o PSDB e para Aécio Neves. Sobra o o Vox Poppuli.

Daí o prenúncio de que teremos uma eleição presidencial no corrente ano muito pior da que elegeu Dilma. Todos contra o PT. Velha mídia, institutos de pesquisas, ministério público, justiça, PF, mais a campanha subterrânea que será feita nas redes sociais, as correntes de e-mail propagando calúnias sobre a vida da candidata Dilma e do ex presidente Lula com fotos montagens e o obscurantismo religioso.

Mesmo em Congresso com suas principais lideranças partidárias e base de apoio reafirmando, inclusive com ênfase dada por Lula que Dilma será a candidata, a velha mídia não se dá por vencida e o Datafolha sai a campo com uma nova pesquisa perguntando ao entrevistado quem deveria ser o candidato do PT: Lula ou Dilma. Não pergunta por exemplo quem deveria ser o candidato do PSDB: Aécio ou Serra. Ou do PSB: Marina ou Eduardo Campos. Pergunta apenas quem deveria ser o candidato do PT. O objetivo é claro, promover divisões no partido e confundir o eleitor.

Enquanto a campanha não começar oficialmente a oposição de fato no país tem uma enorme avenida para passear, dá um vareio de manipulação. Tão logo a presidenta se veja livre das amarras do cargo e possa falar abertamente e colocar sua campanha na propaganda eleitoral e olhar olho no olho dos candidatos nos debates, e Lula comece a rodar o Brasil desmitificando sofismas, a oposição de direito mais a de fato vão colher mais uma derrota fragorosa.

Esse candidato com pinta de bom moço mas que tem um imenso rastilho de pólvora, sobre o qual recai a acusação de bater até na namorada, de ser parado em blitz completamente embriagado, com vídeos circulando no youtube com ele chapado e mais a fama de gostar de dá uma cheiradinha, de mandar prender jornalista que denunciava seus mal feitos que são escondidos por essa imprensa bandida, se sobreviver eleitoralmente o fará com prazo de validade, até o segundo turno. Lá suas esperanças serão sepultadas.



http://www.brasil247.com/pt/247/poder/138594/Datafolha-ainda-não-desistiu-do-volta-Lula.htm

Para brasileiro o brasileiro é desonesto. Os outros, ele que foi entrevistado não. Um contrassenso.

Para brasileiro o brasileiro é desonesto. Os outros, ele que foi entrevistado não. Um contrassenso já que se cada brasileiro fosse individualmente entrevistado teria uma imagem muito positiva de si mesmo. Como as entrevistas são feitas por amostragem aleatória com grupos pertencentes a várias classes sociais representativas de todo país, aquele que foi entrevistado acha o brasileiro desonesto. Quando perguntado sobre si mesmo afirma ser honesto, imagem que cada brasileiro teria de si próprio se um por um fosse entrevistado. Trocando em miúdos "eu brasileiro sou honesto" os meus compatriotas não. Isso só reafirma o conceito rodriguiano do falso moralismo e da hipocrisia que estão impregnados na alma do brasileiro em geral.


O desencanto com o Brasil

Um estudo inédito revela o que os brasileiros pensam do País: um lugar desonesto, violento e ruim para se viver

Amauri Segalla (asegalla@istoe.com.br) e Paula Rocha
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Se o Brasil fosse uma pessoa, como ela seria? Alegre? Confiável? Distinta? Para uma parcela considerável da população, nenhum desses atributos traduz a verdadeira alma brasileira. Se o Brasil fosse alguém de carne e osso, a principal característica, aquela que se vê logo de cara, seria a desonestidade. Um estudo inédito realizado pela consultoria BrandAnalytics, empresa ligada à Millward Brown Optimor, um dos maiores grupos de pesquisa do mundo, revela o que os brasileiros pensam do País. Obtidos com exclusividade por ISTOÉ, os resultados são espantosos. Os entrevistados receberam uma lista com 24 palavras e tiveram que apontar quatro delas que definissem com exatidão a nação onde vivem. Metade das pessoas declarou que a palavra “desonesto” descreve a personalidade nacional. E mais: apenas 18% das pessoas afirmaram que o Brasil é o lugar ideal para viver, praticamente o mesmo percentual (17%) que apontou o Japão como o país preferido. Trata-se do índice mais baixo entre quatro nações pesquisadas. Segundo o estudo, 52% dos americanos, 30% dos ingleses – pessimistas por natureza, lembre-se – e 26% dos chineses escolheram seu próprio país como o lugar perfeito para viver. Não é preciso muito esforço para entender o que a pesquisa evidencia. Os brasileiros estão, afinal, desencantados. “O levantamento mostra um índice de insatisfação surpreendente”, diz Isa Telles, associada da BrandAnalytics e coordenadora do estudo. A mesma descrença é confirmada pela pesquisa ISTOÉ/Sensus, tema da reportagem de capa desta edição. Neste caso, 50,2% dos brasileiros não consideram que o País está no rumo certo.
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O que explica tanta desilusão? Basta dar uma espiada no noticiário para conhecer a incivilidade que permeia a vida de cada um de nós. Em São Paulo, alguém esquarteja o corpo de um motorista de ônibus e espalha partes dele pela cidade. No Rio, amarram um negro num poste e o espancam. Em Brasília, presos graúdos passam o tempo vendo jogos de futebol em tevês de plasma, enquanto no resto do País os cárceres são depósitos humanos degradantes. Em Belo Horizonte, hospitais públicos recusam atendimento a uma criança à beira da morte. No Nordeste, faltam professores. Em quase todo o Brasil há escassez de água, e os governos, sejam eles de qualquer cor partidária, atribuem a culpa sempre aos outros, sem jamais assumir responsabilidades. Por onde se anda as pessoas reclamam do preço de tudo o que se consome, do tomate na feira, do iPhone na loja da Apple, da passagem de ônibus, do carro esportivo. A economia não anda. As obras da Copa não saíram como o prometido. Os políticos querem o poder apenas pelo poder. O trânsito é horrível. A violência bate à nossa porta. Como ser feliz em um lugar assim? “Os resultados da pesquisa demonstram que grande parte da população não confia nem no País nem no seu semelhante”, diz Dulce Critelli, professora de filosofia da PUC de São Paulo. “É a representação concreta da ideia de que é preciso se defender não só dos outros, mas também de seus governantes.”
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Talvez isso explique por que cada vez mais brasileiros achem que a melhor saída é o aeroporto internacional. Moradores do Rio de Janeiro, o publicitário Pedro Henrique Ramos, 31 anos, e a produtora cultural Liana Saldanha, também 31, estão aprontando as malas para mudar para Portugal, em julho. Na terra dos antepassados, acreditam, terão melhores condições para criar os futuros filhos. “Comparo a vida de meus amigos que moram em Portugal com a dos que vivem no Brasil e vejo que lá fora há mais perspectivas”, diz o publicitário. “Aqui não temos serviços públicos decentes nem escola e hospitais.” O que impressiona é que, profissionais de certo sucesso no Brasil, eles vão largar tudo para se aventurar mundo afora. Mesmo diante das incertezas de lá, acham que vale a pena fugir das certezas desagradáveis daqui.
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Se você nunca foi enganado, pergunte a um parente ou amigo se já sofreu algum golpe e a resposta provavelmente será sim. As mazelas nacionais estão aí, em qualquer área ou atividade, tão visíveis quanto um assalto à luz do dia. A secretária Daiane Alves de Lima, 20 anos, foi convencida a pagar R$ 80 – sim, apenas isso – por mês para comprar a casa própria. Era uma mentira, um golpe deslavado. “Não desconfiei de nada”, diz. “Só quando compareci a uma reunião do projeto é que passei a questionar a validade dele.” Daiane perdeu dinheiro e pediu a ajuda do Instituto Nacional de Defesa do Consumidor do Sistema Financeiro para checar se deveria continuar no projeto. Na saúde, os golpes se sucedem. A securitária Luciane de Paula e Silva, 41 anos, decidiu fazer, em abril de 2013, uma cirurgia para colocação de um balão intragástrico em uma clínica particular. Pagou R$ 12.712 pelo serviço. Um dia antes da operação, foi informada que ela havia sido cancelada. “Naquele momento, decidi desistir da cirurgia, pois perdi a confiança na clínica”, diz ela. O que Luciane não sabia é que ali começaria uma batalha que se arrasta até hoje. “Fiz um acordo com a clínica em que eles me devolveriam parte do dinheiro da cirurgia”, conta. “Para o meu espanto, os cheques da clínica voltaram, pois não tinham fundos.”
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A pesquisa da BrandAnalytics confirma o que outros estudos já sugeriram: o descrédito profundo nas instituições, quaisquer que sejam elas. Segundo o levantamento, 81% dos entrevistados disseram que, para realizar seus sonhos, dependem essencialmente de esforços individuais. Só 13% responderam que precisam do suporte do governo. João Bico de Souza, 47 anos, é dono da Tecnolamp, uma empresa de iluminação com 40 funcionários diretos e 400 colaboradores temporários. “Abrir a empresa foi uma dificuldade”, diz. “Foram pelo menos dois meses de protocolos e burocracias.” João é o que se pode chamar de empreendedor nato. Filho de operário e de dona de casa, começou a trabalhar aos 15 anos, como balconista. Aos 22, já era empresário. O que o Brasil ofereceu para que seguisse em frente? Pouca coisa. “Falta apoio ou retorno do governo”, afirma. Tudo o que conseguiu, assegura ele, foi graças ao seu brutal esforço.
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No clássico “Raízes do Brasil”, o historiador Sérgio Buarque de Holanda, ao falar do homem cordial como uma marca indestrutível do caráter brasileiro (cordial não quer dizer para ele bondoso, mas retrata principalmente os que agem movidos pela emoção e não pela razão), desdobra-se também sobre o que chama de “personalismo” do cidadão brasileiro. No Brasil, diz Holanda, as pessoas cultuam o mérito pessoal (é o popular “cada um por si”), em vez do trabalho coletivo. O individualismo exacerbado se reflete, na análise do historiador, em organizações sociais e governos frágeis. “A nossa pesquisa revela que o brasileiro não tem uma visão de País”, diz Isa Telles, da BrandAnalytics. Seria isso resultado da conjuntura ou de um processo histórico? Provavelmente, as duas coisas. Se o individualismo contribuiu para a formação do que se pode chamar de psique brasileira, nos dias atuais ganhou alento graças ao desgosto com os rumos do País.
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O grau de insatisfação dos brasileiros começou a ser escancarado em julho do ano passado, quando milhares de pessoas foram às ruas gritar contra as coisas erradas do País. Mas é um equívoco dizer que tudo ficou ruim de repente. De certo modo, o desencanto tem a ver com o próprio despertar dos brasileiros. É inegável que o Brasil avançou em muitas áreas nos últimos anos. A miséria diminuiu, a classe C teve acesso a bens como jamais tivera, a renda dos trabalhadores aumentou. Mas será apenas isso que buscamos? Com o avanço da economia, os brasileiros passaram a conhecer outras realidades. Viajaram, foram morar fora e com a internet tiveram maior acesso à informação. Descobriram, enfim, que há muitos mundos por aí – e realidades mais amigáveis que a nossa. O economista alemão Albert Hirschman desenvolveu uma teoria psicológica que explica a baixa tolerância das pessoas com o seu próprio destino quando se deparam com outro melhor. Ele chamou isso de “efeito túnel.” Se você está num congestionamento e a pista ao lado começa a andar, logo se enche de esperança e imagina que seu carro vai se movimentar também. Se a expectativa é frustrada, você fica furioso: “Por que eu não estou na outra pista?”
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Falar mal do Brasil é um dos esportes preferidos da nação. Sempre foi assim. Sobre o País, o jurista, político e escritor Ruy Barbosa disse o seguinte lá no século XIX: “De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar diante da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.” O que Barbosa disse não é muito diferente do sentimento de desencanto revelado pelos brasileiros na pesquisa da BrandAnalytics. “Se para a corrupção não há punição, a sociedade acaba se acostumando com as transgressões diárias das leis”, diz o economista Gil Castello Brasil, da Ong Contas Abertas. “Mudar essa cultura depende de um longo processo de educação. Nesse sentido, mostrar-se insatisfeito e indignado é bastante positivo.” O cientista político Fernando Weltman, da Fundação Getulio Vargas do Rio de Janeiro, acha que o resultado do estudo expõe a baixa autoestima do brasileiro, consagrada por Nelson Rodrigues na expressão “complexo de vira-latas.” “As características apontadas na pesquisa reforçam o estereótipo de que os brasileiros são simpáticos e charmosos, mas podem te passar a perna”, diz Weltman.
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Isso realmente corresponde à realidade? Olhe para o lado e pense bem: a maioria das pessoas de seu convívio é desonesta? Elas querem levar vantagem sobre você? Não teria sido a impressão generalizada de desonestidade apontada na pesquisa um reflexo da má imagem que temos de nossos governantes? Não seria resultado dos índices chocantes de violência? Segundo a BrandAnalytics, hoje a maior preocupação dos brasileiros diz respeito justamente à segurança – segundo a ONU, 11 das 30 cidades mais violentas do mundo são brasileiras. É desnecessário dizer que, por mais que o Brasil tenha alimentado uma lamentável escola do crime nos últimos anos, as pessoas de bem, claro, representam larga maioria. O interessante da pesquisa é que os brasileiros julgam o Brasil um país desonesto, mas avaliam a si mesmos de maneira positiva. “É natural atribuir a si qualidades, mas achar que os outros não as têm”, diz Weltman, da FGV. Se metade dos entrevistados acredita que a principal característica do País é a desonestidade, 58% se dizem dignos de confiança. Ou seja, o meu vizinho é mau, mas eu sou bacana. No fundo, o que a pesquisa revela é que o Brasil tem um milhão de problemas para resolver e é só com a indignação – e o desencanto – que dá para sonhar com um país verdadeiramente melhor.
Foto: Felipe Varanda, Pedro Dias, João Castellano/Ag. Istoé, Pablo Jacob / Agência O Globo; MARCOS BIZZOTTO; Rogério Cassimiro/Folha Imagem
http://www.istoe.com.br/reportagens/360834_O+DESENCANTO+COM+O+BRASIL

"DE AGORA EM DIANTE, QUEM CUIDA DELE SOU EU"