domingo, 17 de julho de 2011

O complexo cálculo matemático que mede a quantidade de pessoas entre a multidão

Datafolha desvenda o mistério das multidões paulistanas
G
IBA BERGAMIM JR.
DE SÃO PAULO

"Somos 4 milhões. É a maior do mundo!" Foi com esse grito que os organizadores da 15ª Parada Gay comemoraram, no chuvoso domingo de 26 de junho, a saída do último trio elétrico da rua da Consolação, no centro, ao final do evento. Na quinta-feira anterior, tinha sido a vez de os evangélicos festejarem sob sol forte na Marcha para Jesus, na pça. Campo de Bagatelle (zona norte). O saldo, segundo a organização, foi de 5 milhões de pessoas.

Entenda como são feitos os cálculos de multidões

É certo que os dois eventos reuniram centenas de milhares de participantes. Ambos estão na lista das maiores aglomerações que a cidade recebe anualmente, ao lado do Réveillon, também na Paulista. Porém, as leis da física e da matemática colocam os números divulgados sob suspeita mesmo para quem não entende nada de física ou de matemática.

Para pôr fim à imprecisão e a esse antigo debate paulistano, o Datafolha calculou a quantidade máxima de pessoas que os três principais espaços a sediar eventos do tipo --avenida Paulista, praça Campo de Bagatelle e vale do Anhangabaú-- têm condição de abrigar. Mesmo com estimativas bastante generosas, é possível afirmar: não cabe tudo isso de gente.

Marlene Bergamo - 26.jun.11/Folhapress
Foto aérea mostra o desfile da última Parada Gay
Foto aérea mostra o desfile da última Parada Gay, na avenida Paulista, na altura do MASP

Segundo o instituto de pesquisa, 1,5 milhão de pessoas é a lotação máxima do trecho Paulista-Consolação, caminho que a Parada Gay percorre. Isso num cálculo superestimado, considerando sete pessoas por metro quadrado, sufoco semelhante ao enfrentado por passageiros que embarcam na estação Sé do metrô no horário de pico. Para que 4 milhões ocupassem esses 216 mil m², seria necessário que 18 pessoas se espremessem em cada metro quadrado, algo só possível para contorcionistas como os da escola Acrobacia e Arte, convidados para ilustrar a capa desta edição.

Já os 5 milhões da Marcha para Jesus só seriam alcançados se 30 pessoas ocupassem cada metro quadrado do entorno da pça. Campo de Bagatelle e da avenida Santos Dumont, em Santana, cuja área total chega a 164 mil m². De acordo com o Datafolha, no máximo 1,15 milhão de pessoas podem ser reunidas ali.

Os organizadores argumentam que os eventos são itinerantes, duram mais de cinco horas e, por isso, recebem novos adeptos ao longo do dia. Mas, para especialistas, mesmo uma conta que contemple esse fluxo não resulta nos inflados milhões.

Se todos os espaços fossem preenchidos tanto na Paulista como na Consolação ao mesmo tempo, de calçada a calçada, 1,5 milhão de pessoas estariam grudadas umas às outras e praticamente imóveis durante a Parada Gay, segundo o Datafolha.

"Esses eventos mobilizam milhares de pessoas em temas de grande apelo político, econômico e ideológico. É claro que existe interesse de quem divulga em inflar os números", explica Alessandro Janoni, diretor de pesquisa do instituto. "Com essa medição, é provável que, nos próximos eventos, eles, sabendo que existe um limite, pensem duas vezes antes de divulgar."

Confira vídeo com os bastidores e comentários sobre a reportagem:


O Datafolha usou como referência o manual de cálculo de multidões feito pelo Centro de Estudos e Pesquisas de Desastres (CEPD), da Prefeitura do Rio. Para chegar à lotação máxima desses espaços paulistanos, o instituto fez intencionalmente um cálculo superestimado. A área medida incluiu bancas de jornais, árvores, canteiros e outros espaços que não são ocupados. E também considerou que sete pessoas cabem em um metro quadrado, uma situação de confinamento que não acontece em eventos ao ar livre.

"Sete pessoas por metro quadrado são possíveis em áreas fechadas, como em um ônibus, onde os passageiros se empurram. Em áreas abertas, a aglomeração jamais passa de cinco por m²", explica o engenheiro Bruno Engert Rizzo, autor do manual do CEPD. Se essa regra fosse aplicada, o público nos eventos analisados pelo Datafolha seria ainda menor.

A reportagem da sãopaulo constatou que, durante as sete horas da Parada Gay, era possível caminhar tranquilamente nos dois sentidos da Paulista e da Consolação, o que reduziria a proporção a duas pessoas por metro quadrado em determinados pontos. "Quando o evento é aberto, há o que nós chamamos de ilhas de descompressão. As pessoas inevitavelmente se espalham", afirma Rizzo.

MAIOR DO MUNDO

O mistério das multidões paulistanas se agravou depois de 2007, quando a Polícia Militar deixou de divulgar suas estimativas para a Parada Gay. A corporação explica que o importante não é mostrar os dados, mas usá-los para calcular o efetivo de policiais necessários para os eventos futuros. Mas continua fazendo as suas contas.

Procurada pela reportagem, a PM revelou que, às 16h30, a Parada Gay tinha 1,1 milhão de participantes contados do Masp, ponto de início do desfile, até a rua da Consolação, na altura da praça Roosevelt.

Marlene Bergamo - 26.jun.11/Folhapress
Foto aérea mostra o desfile da última Parada Gay, na avenida Paulista, na altura do MASP
Foto aérea mostra o desfile da última Parada Gay, na avenida Paulista, na altura do MASP

O horário é, segundo o capitão Emerson Massera, o auge do evento. A PM tem um sistema que elabora os cálculos com base em imagens registradas por helicóptero e na avaliação de policiais. A conta é parecida com a do Datafolha, mas a aglomeração usada pela PM é a de seis pessoas por metro quadrado. "Na maior parte do evento, não se chegou a essa concentração", disse Massera, que cuidou do setor de estatísticas da PM por 12 anos.

Ser a maior Parada Gay do mundo sempre foi a meta dos organizadores. Em 2003, a versão paulistana era considerada a terceira colocada, atrás de São Francisco (EUA) e Toronto (Canadá), ambas com perto de 1 milhão. No ano seguinte, com estimado 1,5 milhão, o topo foi comemorado. Sete anos depois, a conta quase triplicou.

As estimativas de público infladas também são comuns em outros eventos na Paulista, como o Réveillon. Os organizadores da última edição apostaram em 2,5 milhões de pessoas. Mas a área de 135,5 mil m² da avenida suportaria 950 mil em sua aglomeração máxima, diz o Datafolha.

FLUXO HUMANO

Levando em conta o método usado pelo Datafolha, surge a pergunta: "Mas e a movimentação das pessoas que entram e saem?". Segundo os especialistas, o argumento de que o público é maior por se renovar ao longo de eventos de longa duração não se sustenta. De acordo com Rizzo, pesquisas de fluxo de pessoas por hora feitas no Rio mostram que o incremento máximo causado pela renovação de público seria de apenas 20%.

Ainda sobre deslocamento, nas contas do engenheiro Horácio Augusto Figueira, especialista em trânsito, seriam necessárias cerca de 26 horas para que 4 milhões passassem pela av. Paulista numa velocidade de caminhada lenta, a 1,8 km/h. No ritmo animado da Parada Gay, onde as pessoas fazem pausas para dançar junto com os trios elétricos, em sete horas passariam cerca de 1 milhão de pessoas --estimativa sem base científica, cujo resultado coincide com os números do Datafolha e da PM.

Almeida Rocha - 4.jun.10/Folhapress
Participantes da Marcha Para Jesus do ano passado na av. Tiradente e na praça Campos de Baguatelle
Participantes da Marcha Para Jesus do ano passado na av. Tiradente e na praça Campos de Baguatelle

As divergências sobre o total de público de um evento não são exclusividade da Paulista, endereço mais famoso da cidade. Em Santana, na zona norte, a praça Campo de Bagatelle se tornou nas últimas duas décadas o palco predileto das festas de sindicalistas e evangélicos.

A Marcha para Jesus acontece simultaneamente em vários países. Em São Paulo, teve sua 19ª edição neste ano. Em 1994, quando ainda se chamava Marcha pela Paz e acontecia na av. Paulista, reuniu cerca de 500 mil pessoas, sempre segundo os organizadores. Para a PM, foram 20 mil.

Desde 2008 na Campo de Bagatelle, a festa religiosa dura cerca de nove horas. Ao fim da caminhada, que se inicia às 10h, shows com bandas de música gospel atraem o público jovem. Antes dos religiosos, eram os trabalhadores que celebravam por ali. O 1o de Maio era comemorado com shows e até sorteio de apartamentos.

PALCO HISTÓRICO

A polêmica em torno da quantidade de gente que uma manifestação reúne é antiga em São Paulo. Em 16 de abril de 1984, um protesto do movimento Diretas-Já, que reuniu lideranças da política, das artes e do futebol lotou o vale do Anhangabaú, mas não tanto quanto divulgaram seus organizadores.

Na época, foi dito que 1 milhão de participantes estiveram no evento para ouvir discursos de Ulisses Guimarães, Lula e Franco Montoro. Cálculo posterior do Datafolha mostrou que "apenas" 400 mil tinham participado.

Daniel Marenco - 31.ago.10/Folhapress
Milhares de torcedores comparecem à festa do centenario do Corinthians, no vale do Anhangabaí, em agosto de 2010
Torcedores comparecem à festa do centenario do Corinthians, no vale do Anhangabaí, em agosto de 2010

Outro momento marcante da política nacional também teve o Anhangabaú como cenário. Em 18 de setembro de 1992, defensores do impeachment do então presidente Fernando Collor anunciaram que havia 1 milhão de manifestantes ali. A PM calculou na ocasião 650 mil pessoas. O Datafolha contou algo em torno de 70 mil.

Hoje o lugar é endereço certo de shows musicais e de telões que transmitem jogos da seleção brasileira durante as Copas do Mundo. No ano passado, a comemoração do centenário do Corinthians levou, segundo a PM, 110 mil torcedores ao local.

Agora sabe-se que, de acordo com o Datafolha, um evento no Anhangabaú pode receber quase 380 mil pessoas no máximo. Um tira-teima que, a exemplo dos exibidos na TV durante os jogos de futebol, veio para pôr fim às polêmicas que rondam as multidões paulistanas.

*

MULDIDÕES HISTÓRICAS
As estimativas que foram refeitas pelo Datafolha

Diretas-Já - abril de 1984
Local: vale do Anhangabaú
Público estimado por organizadores: 1 milhão
Cálculo do Datafolha: 400 mil

Matuiti Mayezo - 16.abr.84/Folhapress
Comício pelas Diretas Já no Vale do Anhangabaú, em abril de 1984
Comício pelas Diretas Já no Vale do Anhangabaú, em abril de 1984

Caras pintadas - setembro de 1992
Local: vale do Anhangabaú
Público estimado pelos organizadores: 1 milhão
Cálculo do Datafolha: 70 mil

Jorge Araújo - 18.set.92/Folhapress
Manifestação pelo impeachment do presidente Fernando Collor de Mello, no vale do Anhangabaú
Manifestação pelo impeachment do presidente Fernando Collor de Mello, no vale do Anhangabaú

*

OUTRO LADO

A organização da Parada Gay afirma que está fazendo um estudo de público sobre o evento de junho, mas que ele ainda não foi concluído. Os números levam em conta a rotatividade e a quantidade de pessoas nas imediações da av. Paulista, segundo os organizadores.

"Nos inspiramos nos cálculos feitos pelo 'Guinness', com a estimativa de público em diferentes momentos da Parada", explica Leandro Rodrigues, assessor do evento.

A Igreja Renascer, que organiza a Marcha para Jesus, usa critérios semelhantes, mas admite que não dispõe de base científica. A exemplo da Parada Gay, afirma que o público é grande por causa da alta movimentação de gente em suas nove horas de duração. A igreja diz que ruas próximas ao palco da pça. Campo de Bagatelle também são ocupadas.Datafolha desvenda o mistério das multidões paulistanas
GIBA BERGAMIM JR.
DE SÃO PAULO

"Somos 4 milhões. É a maior do mundo!" Foi com esse grito que os organizadores da 15ª Parada Gay comemoraram, no chuvoso domingo de 26 de junho, a saída do último trio elétrico da rua da Consolação, no centro, ao final do evento. Na quinta-feira anterior, tinha sido a vez de os evangélicos festejarem sob sol forte na Marcha para Jesus, na pça. Campo de Bagatelle (zona norte). O saldo, segundo a organização, foi de 5 milhões de pessoas.

Entenda como são feitos os cálculos de multidões

É certo que os dois eventos reuniram centenas de milhares de participantes. Ambos estão na lista das maiores aglomerações que a cidade recebe anualmente, ao lado do Réveillon, também na Paulista. Porém, as leis da física e da matemática colocam os números divulgados sob suspeita mesmo para quem não entende nada de física ou de matemática.

Para pôr fim à imprecisão e a esse antigo debate paulistano, o Datafolha calculou a quantidade máxima de pessoas que os três principais espaços a sediar eventos do tipo --avenida Paulista, praça Campo de Bagatelle e vale do Anhangabaú-- têm condição de abrigar. Mesmo com estimativas bastante generosas, é possível afirmar: não cabe tudo isso de gente.

Marlene Bergamo - 26.jun.11/Folhapress
Foto aérea mostra o desfile da última Parada Gay
Foto aérea mostra o desfile da última Parada Gay, na avenida Paulista, na altura do MASP

Segundo o instituto de pesquisa, 1,5 milhão de pessoas é a lotação máxima do trecho Paulista-Consolação, caminho que a Parada Gay percorre. Isso num cálculo superestimado, considerando sete pessoas por metro quadrado, sufoco semelhante ao enfrentado por passageiros que embarcam na estação Sé do metrô no horário de pico. Para que 4 milhões ocupassem esses 216 mil m², seria necessário que 18 pessoas se espremessem em cada metro quadrado, algo só possível para contorcionistas como os da escola Acrobacia e Arte, convidados para ilustrar a capa desta edição.

Já os 5 milhões da Marcha para Jesus só seriam alcançados se 30 pessoas ocupassem cada metro quadrado do entorno da pça. Campo de Bagatelle e da avenida Santos Dumont, em Santana, cuja área total chega a 164 mil m². De acordo com o Datafolha, no máximo 1,15 milhão de pessoas podem ser reunidas ali.

Os organizadores argumentam que os eventos são itinerantes, duram mais de cinco horas e, por isso, recebem novos adeptos ao longo do dia. Mas, para especialistas, mesmo uma conta que contemple esse fluxo não resulta nos inflados milhões.

Se todos os espaços fossem preenchidos tanto na Paulista como na Consolação ao mesmo tempo, de calçada a calçada, 1,5 milhão de pessoas estariam grudadas umas às outras e praticamente imóveis durante a Parada Gay, segundo o Datafolha.

"Esses eventos mobilizam milhares de pessoas em temas de grande apelo político, econômico e ideológico. É claro que existe interesse de quem divulga em inflar os números", explica Alessandro Janoni, diretor de pesquisa do instituto. "Com essa medição, é provável que, nos próximos eventos, eles, sabendo que existe um limite, pensem duas vezes antes de divulgar."

Confira vídeo com os bastidores e comentários sobre a reportagem:


O Datafolha usou como referência o manual de cálculo de multidões feito pelo Centro de Estudos e Pesquisas de Desastres (CEPD), da Prefeitura do Rio. Para chegar à lotação máxima desses espaços paulistanos, o instituto fez intencionalmente um cálculo superestimado. A área medida incluiu bancas de jornais, árvores, canteiros e outros espaços que não são ocupados. E também considerou que sete pessoas cabem em um metro quadrado, uma situação de confinamento que não acontece em eventos ao ar livre.

"Sete pessoas por metro quadrado são possíveis em áreas fechadas, como em um ônibus, onde os passageiros se empurram. Em áreas abertas, a aglomeração jamais passa de cinco por m²", explica o engenheiro Bruno Engert Rizzo, autor do manual do CEPD. Se essa regra fosse aplicada, o público nos eventos analisados pelo Datafolha seria ainda menor.

A reportagem da sãopaulo constatou que, durante as sete horas da Parada Gay, era possível caminhar tranquilamente nos dois sentidos da Paulista e da Consolação, o que reduziria a proporção a duas pessoas por metro quadrado em determinados pontos. "Quando o evento é aberto, há o que nós chamamos de ilhas de descompressão. As pessoas inevitavelmente se espalham", afirma Rizzo.

MAIOR DO MUNDO

O mistério das multidões paulistanas se agravou depois de 2007, quando a Polícia Militar deixou de divulgar suas estimativas para a Parada Gay. A corporação explica que o importante não é mostrar os dados, mas usá-los para calcular o efetivo de policiais necessários para os eventos futuros. Mas continua fazendo as suas contas.

Procurada pela reportagem, a PM revelou que, às 16h30, a Parada Gay tinha 1,1 milhão de participantes contados do Masp, ponto de início do desfile, até a rua da Consolação, na altura da praça Roosevelt.

Marlene Bergamo - 26.jun.11/Folhapress
Foto aérea mostra o desfile da última Parada Gay, na avenida Paulista, na altura do MASP
Foto aérea mostra o desfile da última Parada Gay, na avenida Paulista, na altura do MASP

O horário é, segundo o capitão Emerson Massera, o auge do evento. A PM tem um sistema que elabora os cálculos com base em imagens registradas por helicóptero e na avaliação de policiais. A conta é parecida com a do Datafolha, mas a aglomeração usada pela PM é a de seis pessoas por metro quadrado. "Na maior parte do evento, não se chegou a essa concentração", disse Massera, que cuidou do setor de estatísticas da PM por 12 anos.

Ser a maior Parada Gay do mundo sempre foi a meta dos organizadores. Em 2003, a versão paulistana era considerada a terceira colocada, atrás de São Francisco (EUA) e Toronto (Canadá), ambas com perto de 1 milhão. No ano seguinte, com estimado 1,5 milhão, o topo foi comemorado. Sete anos depois, a conta quase triplicou.

As estimativas de público infladas também são comuns em outros eventos na Paulista, como o Réveillon. Os organizadores da última edição apostaram em 2,5 milhões de pessoas. Mas a área de 135,5 mil m² da avenida suportaria 950 mil em sua aglomeração máxima, diz o Datafolha.

FLUXO HUMANO

Levando em conta o método usado pelo Datafolha, surge a pergunta: "Mas e a movimentação das pessoas que entram e saem?". Segundo os especialistas, o argumento de que o público é maior por se renovar ao longo de eventos de longa duração não se sustenta. De acordo com Rizzo, pesquisas de fluxo de pessoas por hora feitas no Rio mostram que o incremento máximo causado pela renovação de público seria de apenas 20%.

Ainda sobre deslocamento, nas contas do engenheiro Horácio Augusto Figueira, especialista em trânsito, seriam necessárias cerca de 26 horas para que 4 milhões passassem pela av. Paulista numa velocidade de caminhada lenta, a 1,8 km/h. No ritmo animado da Parada Gay, onde as pessoas fazem pausas para dançar junto com os trios elétricos, em sete horas passariam cerca de 1 milhão de pessoas --estimativa sem base científica, cujo resultado coincide com os números do Datafolha e da PM.

Almeida Rocha - 4.jun.10/Folhapress
Participantes da Marcha Para Jesus do ano passado na av. Tiradente e na praça Campos de Baguatelle
Participantes da Marcha Para Jesus do ano passado na av. Tiradente e na praça Campos de Baguatelle

As divergências sobre o total de público de um evento não são exclusividade da Paulista, endereço mais famoso da cidade. Em Santana, na zona norte, a praça Campo de Bagatelle se tornou nas últimas duas décadas o palco predileto das festas de sindicalistas e evangélicos.

A Marcha para Jesus acontece simultaneamente em vários países. Em São Paulo, teve sua 19ª edição neste ano. Em 1994, quando ainda se chamava Marcha pela Paz e acontecia na av. Paulista, reuniu cerca de 500 mil pessoas, sempre segundo os organizadores. Para a PM, foram 20 mil.

Desde 2008 na Campo de Bagatelle, a festa religiosa dura cerca de nove horas. Ao fim da caminhada, que se inicia às 10h, shows com bandas de música gospel atraem o público jovem. Antes dos religiosos, eram os trabalhadores que celebravam por ali. O 1o de Maio era comemorado com shows e até sorteio de apartamentos.

PALCO HISTÓRICO

A polêmica em torno da quantidade de gente que uma manifestação reúne é antiga em São Paulo. Em 16 de abril de 1984, um protesto do movimento Diretas-Já, que reuniu lideranças da política, das artes e do futebol lotou o vale do Anhangabaú, mas não tanto quanto divulgaram seus organizadores.

Na época, foi dito que 1 milhão de participantes estiveram no evento para ouvir discursos de Ulisses Guimarães, Lula e Franco Montoro. Cálculo posterior do Datafolha mostrou que "apenas" 400 mil tinham participado.

Daniel Marenco - 31.ago.10/Folhapress
Milhares de torcedores comparecem à festa do centenario do Corinthians, no vale do Anhangabaí, em agosto de 2010
Torcedores comparecem à festa do centenario do Corinthians, no vale do Anhangabaí, em agosto de 2010

Outro momento marcante da política nacional também teve o Anhangabaú como cenário. Em 18 de setembro de 1992, defensores do impeachment do então presidente Fernando Collor anunciaram que havia 1 milhão de manifestantes ali. A PM calculou na ocasião 650 mil pessoas. O Datafolha contou algo em torno de 70 mil.

Hoje o lugar é endereço certo de shows musicais e de telões que transmitem jogos da seleção brasileira durante as Copas do Mundo. No ano passado, a comemoração do centenário do Corinthians levou, segundo a PM, 110 mil torcedores ao local.

Agora sabe-se que, de acordo com o Datafolha, um evento no Anhangabaú pode receber quase 380 mil pessoas no máximo. Um tira-teima que, a exemplo dos exibidos na TV durante os jogos de futebol, veio para pôr fim às polêmicas que rondam as multidões paulistanas.

*

MULDIDÕES HISTÓRICAS
As estimativas que foram refeitas pelo Datafolha

Diretas-Já - abril de 1984
Local: vale do Anhangabaú
Público estimado por organizadores: 1 milhão
Cálculo do Datafolha: 400 mil

Matuiti Mayezo - 16.abr.84/Folhapress
Comício pelas Diretas Já no Vale do Anhangabaú, em abril de 1984
Comício pelas Diretas Já no Vale do Anhangabaú, em abril de 1984

Caras pintadas - setembro de 1992
Local: vale do Anhangabaú
Público estimado pelos organizadores: 1 milhão
Cálculo do Datafolha: 70 mil

Jorge Araújo - 18.set.92/Folhapress
Manifestação pelo impeachment do presidente Fernando Collor de Mello, no vale do Anhangabaú
Manifestação pelo impeachment do presidente Fernando Collor de Mello, no vale do Anhangabaú

*

OUTRO LADO

A organização da Parada Gay afirma que está fazendo um estudo de público sobre o evento de junho, mas que ele ainda não foi concluído. Os números levam em conta a rotatividade e a quantidade de pessoas nas imediações da av. Paulista, segundo os organizadores.

"Nos inspiramos nos cálculos feitos pelo 'Guinness', com a estimativa de público em diferentes momentos da Parada", explica Leandro Rodrigues, assessor do evento.

A Igreja Renascer, que organiza a Marcha para Jesus, usa critérios semelhantes, mas admite que não dispõe de base científica. A exemplo da Parada Gay, afirma que o público é grande por causa da alta movimentação de gente em suas nove horas de duração. A igreja diz que ruas próximas ao palco da pça. Campo de Bagatelle também são ocupadas.
GIBA BERGAMIM JR.
DE SÃO PAULO

"Somos 4 milhões. É a maior do mundo!" Foi com esse grito que os organizadores da 15ª Parada Gay comemoraram, no chuvoso domingo de 26 de junho, a saída do último trio elétrico da rua da Consolação, no centro, ao final do evento. Na quinta-feira anterior, tinha sido a vez de os evangélicos festejarem sob sol forte na Marcha para Jesus, na pça. Campo de Bagatelle (zona norte). O saldo, segundo a organização, foi de 5 milhões de pessoas.

Entenda como são feitos os cálculos de multidões

É certo que os dois eventos reuniram centenas de milhares de participantes. Ambos estão na lista das maiores aglomerações que a cidade recebe anualmente, ao lado do Réveillon, também na Paulista. Porém, as leis da física e da matemática colocam os números divulgados sob suspeita mesmo para quem não entende nada de física ou de matemática.

Para pôr fim à imprecisão e a esse antigo debate paulistano, o Datafolha calculou a quantidade máxima de pessoas que os três principais espaços a sediar eventos do tipo --avenida Paulista, praça Campo de Bagatelle e vale do Anhangabaú-- têm condição de abrigar. Mesmo com estimativas bastante generosas, é possível afirmar: não cabe tudo isso de gente.

Marlene Bergamo - 26.jun.11/Folhapress
Foto aérea mostra o desfile da última Parada Gay
Foto aérea mostra o desfile da última Parada Gay, na avenida Paulista, na altura do MASP

Segundo o instituto de pesquisa, 1,5 milhão de pessoas é a lotação máxima do trecho Paulista-Consolação, caminho que a Parada Gay percorre. Isso num cálculo superestimado, considerando sete pessoas por metro quadrado, sufoco semelhante ao enfrentado por passageiros que embarcam na estação Sé do metrô no horário de pico. Para que 4 milhões ocupassem esses 216 mil m², seria necessário que 18 pessoas se espremessem em cada metro quadrado, algo só possível para contorcionistas como os da escola Acrobacia e Arte, convidados para ilustrar a capa desta edição.

Já os 5 milhões da Marcha para Jesus só seriam alcançados se 30 pessoas ocupassem cada metro quadrado do entorno da pça. Campo de Bagatelle e da avenida Santos Dumont, em Santana, cuja área total chega a 164 mil m². De acordo com o Datafolha, no máximo 1,15 milhão de pessoas podem ser reunidas ali.

Os organizadores argumentam que os eventos são itinerantes, duram mais de cinco horas e, por isso, recebem novos adeptos ao longo do dia. Mas, para especialistas, mesmo uma conta que contemple esse fluxo não resulta nos inflados milhões.

Se todos os espaços fossem preenchidos tanto na Paulista como na Consolação ao mesmo tempo, de calçada a calçada, 1,5 milhão de pessoas estariam grudadas umas às outras e praticamente imóveis durante a Parada Gay, segundo o Datafolha.

"Esses eventos mobilizam milhares de pessoas em temas de grande apelo político, econômico e ideológico. É claro que existe interesse de quem divulga em inflar os números", explica Alessandro Janoni, diretor de pesquisa do instituto. "Com essa medição, é provável que, nos próximos eventos, eles, sabendo que existe um limite, pensem duas vezes antes de divulgar."

Confira vídeo com os bastidores e comentários sobre a reportagem:


O Datafolha usou como referência o manual de cálculo de multidões feito pelo Centro de Estudos e Pesquisas de Desastres (CEPD), da Prefeitura do Rio. Para chegar à lotação máxima desses espaços paulistanos, o instituto fez intencionalmente um cálculo superestimado. A área medida incluiu bancas de jornais, árvores, canteiros e outros espaços que não são ocupados. E também considerou que sete pessoas cabem em um metro quadrado, uma situação de confinamento que não acontece em eventos ao ar livre.

"Sete pessoas por metro quadrado são possíveis em áreas fechadas, como em um ônibus, onde os passageiros se empurram. Em áreas abertas, a aglomeração jamais passa de cinco por m²", explica o engenheiro Bruno Engert Rizzo, autor do manual do CEPD. Se essa regra fosse aplicada, o público nos eventos analisados pelo Datafolha seria ainda menor.

A reportagem da sãopaulo constatou que, durante as sete horas da Parada Gay, era possível caminhar tranquilamente nos dois sentidos da Paulista e da Consolação, o que reduziria a proporção a duas pessoas por metro quadrado em determinados pontos. "Quando o evento é aberto, há o que nós chamamos de ilhas de descompressão. As pessoas inevitavelmente se espalham", afirma Rizzo.

MAIOR DO MUNDO

O mistério das multidões paulistanas se agravou depois de 2007, quando a Polícia Militar deixou de divulgar suas estimativas para a Parada Gay. A corporação explica que o importante não é mostrar os dados, mas usá-los para calcular o efetivo de policiais necessários para os eventos futuros. Mas continua fazendo as suas contas.

Procurada pela reportagem, a PM revelou que, às 16h30, a Parada Gay tinha 1,1 milhão de participantes contados do Masp, ponto de início do desfile, até a rua da Consolação, na altura da praça Roosevelt.

Marlene Bergamo - 26.jun.11/Folhapress
Foto aérea mostra o desfile da última Parada Gay, na avenida Paulista, na altura do MASP
Foto aérea mostra o desfile da última Parada Gay, na avenida Paulista, na altura do MASP

O horário é, segundo o capitão Emerson Massera, o auge do evento. A PM tem um sistema que elabora os cálculos com base em imagens registradas por helicóptero e na avaliação de policiais. A conta é parecida com a do Datafolha, mas a aglomeração usada pela PM é a de seis pessoas por metro quadrado. "Na maior parte do evento, não se chegou a essa concentração", disse Massera, que cuidou do setor de estatísticas da PM por 12 anos.

Ser a maior Parada Gay do mundo sempre foi a meta dos organizadores. Em 2003, a versão paulistana era considerada a terceira colocada, atrás de São Francisco (EUA) e Toronto (Canadá), ambas com perto de 1 milhão. No ano seguinte, com estimado 1,5 milhão, o topo foi comemorado. Sete anos depois, a conta quase triplicou.

As estimativas de público infladas também são comuns em outros eventos na Paulista, como o Réveillon. Os organizadores da última edição apostaram em 2,5 milhões de pessoas. Mas a área de 135,5 mil m² da avenida suportaria 950 mil em sua aglomeração máxima, diz o Datafolha.

FLUXO HUMANO

Levando em conta o método usado pelo Datafolha, surge a pergunta: "Mas e a movimentação das pessoas que entram e saem?". Segundo os especialistas, o argumento de que o público é maior por se renovar ao longo de eventos de longa duração não se sustenta. De acordo com Rizzo, pesquisas de fluxo de pessoas por hora feitas no Rio mostram que o incremento máximo causado pela renovação de público seria de apenas 20%.

Ainda sobre deslocamento, nas contas do engenheiro Horácio Augusto Figueira, especialista em trânsito, seriam necessárias cerca de 26 horas para que 4 milhões passassem pela av. Paulista numa velocidade de caminhada lenta, a 1,8 km/h. No ritmo animado da Parada Gay, onde as pessoas fazem pausas para dançar junto com os trios elétricos, em sete horas passariam cerca de 1 milhão de pessoas --estimativa sem base científica, cujo resultado coincide com os números do Datafolha e da PM.

Almeida Rocha - 4.jun.10/Folhapress
Participantes da Marcha Para Jesus do ano passado na av. Tiradente e na praça Campos de Baguatelle
Participantes da Marcha Para Jesus do ano passado na av. Tiradente e na praça Campos de Baguatelle

As divergências sobre o total de público de um evento não são exclusividade da Paulista, endereço mais famoso da cidade. Em Santana, na zona norte, a praça Campo de Bagatelle se tornou nas últimas duas décadas o palco predileto das festas de sindicalistas e evangélicos.

A Marcha para Jesus acontece simultaneamente em vários países. Em São Paulo, teve sua 19ª edição neste ano. Em 1994, quando ainda se chamava Marcha pela Paz e acontecia na av. Paulista, reuniu cerca de 500 mil pessoas, sempre segundo os organizadores. Para a PM, foram 20 mil.

Desde 2008 na Campo de Bagatelle, a festa religiosa dura cerca de nove horas. Ao fim da caminhada, que se inicia às 10h, shows com bandas de música gospel atraem o público jovem. Antes dos religiosos, eram os trabalhadores que celebravam por ali. O 1o de Maio era comemorado com shows e até sorteio de apartamentos.

PALCO HISTÓRICO

A polêmica em torno da quantidade de gente que uma manifestação reúne é antiga em São Paulo. Em 16 de abril de 1984, um protesto do movimento Diretas-Já, que reuniu lideranças da política, das artes e do futebol lotou o vale do Anhangabaú, mas não tanto quanto divulgaram seus organizadores.

Na época, foi dito que 1 milhão de participantes estiveram no evento para ouvir discursos de Ulisses Guimarães, Lula e Franco Montoro. Cálculo posterior do Datafolha mostrou que "apenas" 400 mil tinham participado.

Daniel Marenco - 31.ago.10/Folhapress
Milhares de torcedores comparecem à festa do centenario do Corinthians, no vale do Anhangabaí, em agosto de 2010
Torcedores comparecem à festa do centenario do Corinthians, no vale do Anhangabaí, em agosto de 2010

Outro momento marcante da política nacional também teve o Anhangabaú como cenário. Em 18 de setembro de 1992, defensores do impeachment do então presidente Fernando Collor anunciaram que havia 1 milhão de manifestantes ali. A PM calculou na ocasião 650 mil pessoas. O Datafolha contou algo em torno de 70 mil.

Hoje o lugar é endereço certo de shows musicais e de telões que transmitem jogos da seleção brasileira durante as Copas do Mundo. No ano passado, a comemoração do centenário do Corinthians levou, segundo a PM, 110 mil torcedores ao local.

Agora sabe-se que, de acordo com o Datafolha, um evento no Anhangabaú pode receber quase 380 mil pessoas no máximo. Um tira-teima que, a exemplo dos exibidos na TV durante os jogos de futebol, veio para pôr fim às polêmicas que rondam as multidões paulistanas.

*

MULDIDÕES HISTÓRICAS
As estimativas que foram refeitas pelo Datafolha

Diretas-Já - abril de 1984
Local: vale do Anhangabaú
Público estimado por organizadores: 1 milhão
Cálculo do Datafolha: 400 mil

Matuiti Mayezo - 16.abr.84/Folhapress
Comício pelas Diretas Já no Vale do Anhangabaú, em abril de 1984
Comício pelas Diretas Já no Vale do Anhangabaú, em abril de 1984

Caras pintadas - setembro de 1992
Local: vale do Anhangabaú
Público estimado pelos organizadores: 1 milhão
Cálculo do Datafolha: 70 mil

Jorge Araújo - 18.set.92/Folhapress
Manifestação pelo impeachment do presidente Fernando Collor de Mello, no vale do Anhangabaú
Manifestação pelo impeachment do presidente Fernando Collor de Mello, no vale do Anhangabaú

*

OUTRO LADO

A organização da Parada Gay afirma que está fazendo um estudo de público sobre o evento de junho, mas que ele ainda não foi concluído. Os números levam em conta a rotatividade e a quantidade de pessoas nas imediações da av. Paulista, segundo os organizadores.

"Nos inspiramos nos cálculos feitos pelo 'Guinness', com a estimativa de público em diferentes momentos da Parada", explica Leandro Rodrigues, assessor do evento.

A Igreja Renascer, que organiza a Marcha para Jesus, usa critérios semelhantes, mas admite que não dispõe de base científica. A exemplo da Parada Gay, afirma que o público é grande por causa da alta movimentação de gente em suas nove horas de duração. A igreja diz que ruas próximas ao palco da pça. Campo de Bagatelle também são ocupadas.

Polícia detém ex-executiva da News Corp Rebekah Brooks

 



A polícia britânica deteve neste domingo Rebekah Brooks, editora do tabloide "News of the World" na época em que grampos e escutas ilegais teriam sido utilizados para obter informação exclusiva, um escândalo que tem afetado o império do magnata Rupert Murdoch, o News Corp..



A prisão foi confirmada pelo porta-voz de Brooks, David Wilson. "Rebekah foi à polícia por livre e espontânea vontade. Ela foi detida após a sua chegada à delegacia", declarou.

Pressionada pelo escândalo, Brooks se demitiu recentemente como ex-presidente-executiva da News Internacional, braço britânico da News Corporation, conglomerado de mídia do magnata australiano, Rupert Murdoch.

A polícia britânica divulgou um comunicado no qual afirma ter detido "uma mulher de 43 anos", idade de Brooks, em conexão com as denúncias de corrupção e grampos ilegais que o tabloide teria feito em centenas de telefones de políticos, celebridades, funcionários da família real e até vítimas de crime e familiares de soldados mortos no Iraque e no Afeganistão.

Olivia Harris-10jul.2011/Reuters
O magnata australiano Rupert Murdoch e a presidente-executiva da News International, Rebekah Brooks
O magnata australiano Rupert Murdoch e a presidente-executiva da News International, Rebekah Brooks

Ela se apresentou voluntariamente à delegacia de Londres às 12h e está sob custódia de oficiais das Operações Weeting e Elveden, que investigam as escutas ilegais e as denúncias de que jornalistas do "News of the World" subornaram policiais por informações.

Ela foi detida, ainda segundo a polícia, por suspeita de conspirar para interceptar comunicações e por suspeita de corrupção.

Outras nove pessoas já foram presas com relação à investigação. Na quinta-feira passada (14), foi Neil Wallis, ex-editor executivo do "News of The World". Dias antes, foi Andy Coulson, ex-diretor do jornal e ex-porta-voz do premiê David Cameron.

Brooks comparecerá ainda ao Parlamento britânico na próxima terça-feira para responder a perguntas sobre o escândalo de grampos envolvendo os jornais do grupo de Rupert Murdoch.

O convite foi feito na quinta-feira pelo Comitê de Cultura, Mídia e Esporte, que afirma ter "perguntas sérias" sobre as provas apresentadas por Brooks e Coulson durante audiência semelhante em 2003.

Com sua detenção e interrogatório, contudo, Brooks deve se abster de responder diversas perguntas dos legisladores. Ela não poderá comentar nada que prejudique as investigações policiais em andamento.

Brooks vinha sofrendo uma intensa pressão para deixar o cargo desde que o escândalo ganhou novas proporções nas últimas semanas, com denúncias de que um detetive contratado pelo tabloide acessou as mensagens de voz do celular de uma adolescente assassinada.

Na sexta-feira (15), ela anunciou sua demissão alegando que sua tentativa de se manter no cargo a colocou no centro da polêmica: "Isso está, agora, desviando a atenção de todos os esforços de resolver os problemas do passado".

Ela disse ainda que a reputação da companhia, "assim como as liberdades de imprensa que valorizamos tanto" estão sob risco.

ESCÂNDALO

Há anos há denúncias e relatos de que repórteres do tabloide acessaram ilegalmente mensagens de telefones de políticos, celebridades e membros da família real para obter informações exclusivas.

Nas últimas semanas, o escândalo ganhou novas proporções com denúncias de que vítimas de crimes e até familiares de soldados mortos nas guerras do Afeganistão e Iraque foram grampeados. Há ainda relatos de que o tabloide teria pago propina a policiais por informações.

Nesta semana, a comandante da Operação Weeting, que investiga os grampos, Sue Akers admitiu ao Parlamento que apenas 170 pessoas foram contatadas até agora de uma lista de 3.870 nomes, 5.000 telefones fixos e 4.000 celulares.

O "News of The World" pertencia ao grupo News Corporation (News Corp.), um dos maiores conglomerados mundiais de mídia, pertencente a Murdoch.

O tabloide era o jornal mais vendido aos domingos no Reino Unido, com uma circulação média de quase 2,8 milhões de exemplares. Sua última edição, com o título "Obrigado e Adeus", circulou no domingo passado (10), após decisão de Murdoch de fechar a publicação de 168 anos.

O escândalo também teve repercussão nos negócios de Murdoch. Ele se viu obrigado a retirar a oferta de adquirir a totalidade das ações do canal pago BSkyB, da qual já possui 39%.

Passos rebate denúncias de irregularidades

 


Por Yara Aquino*

Brasília – O ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, negou no sábado 16 que haja qualquer irregularidade em obras de rodovias apontadas na edição desta semana da revista IstoÉ.
“É preciso esclarecer que ainda que o Ministério dos Transportes tivesse feito suplementação de obra, seja por decreto, seja por projeto de lei, o Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) do governo federal bloqueia que se emprenhe e se pague algo com impedimento do Tribunal de Contas da União (TCU)”, disse o ministro.


A reportagem da IstoÉ diz que Paulo Sérgio Passos, que é filiado ao PR, liberou recursos de R$ 78 milhões para obras irregulares de empreiteiras que doaram mais de R$ 5 milhões a candidatos do partido nas eleições do ano passado. As obras são da BR-317, BR-265 e BR-101.

O ministro convocou entrevista para detalhar a situação de cada uma das três rodovias citadas pela revista e explicar os aditivos que foram feitos. Sobre as doações ao PR pelas empreiteiras, Passos disse que não tinha conhecimento e que não vê relação entre as duas coisas.

O ministro disse ter tido clara a determinação da presidenta Dilma Rousseff para fazer os ajustes necessários, e não descartou a possibilidade de novas substituições no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit). “Tenho clara a determinação da presidenta de fazer ajustes e promover a demissão de quem tenha comprovadamente conduta inadequada daquela de um servidor público”. Passos disse também que não vê a necessidade de instalação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para apurar as denúncias envolvendo o Ministério dos Transportes.

A reportagem da Isto É relata que no ano passado, quando Paulo Sérgio Passos exerceu interinamente o cargo de ministro para que Alfredo Nascimento, então titular da pasta, fizesse campanha ao governo do Amazonas, liberou R$ 78 milhões em créditos suplementares para três grandes obras.

Os empreendimentos, de acordo com a revista, constavam da lista de irregularidades graves do Tribunal de Contas da União, que identificou pagamentos antecipados, ausência de projeto executivo, fiscalização omissa e superfaturamento.

Várias das empreiteiras beneficiadas pelos aportes extraordinários doaram um valor de aproximadamente R$ 5 milhões a candidatos do PR durante a campanha eleitoral.

O Ministério dos Transportes vem enfrentando uma série de denúncias e passando por mudanças desde a reportagem da revista Veja sobre um esquema de cobrança de propinas na pasta. As denúncias levaram o então ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, pedir demissão do cargo, que agora é ocupado por Paulo Sérgio Passos. O diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura
Terrestre (Dnit), Luiz Antonio Pagot, que também teve o nome envolvido nas denúncias está de férias.

Na sexta-feira 15, o ministro Paulo Sérgio Passos decidiu afastar temporariamente o diretor executivo do Dnit, José Henrique Sadok, que estava respondendo interinamente pela diretoria-geral do órgão, em substituição a Pagot. O afastamento ocorreu após denúncias publicadas pelo jornal O Estado de São Paulo de que a construtora da mulher de Sadok tem contratos que somam pelo menos R$ 18 milhões para obras em rodovias federais entre 2006 e 2011, todas vinculadas a convênios com o Dnit.

*Publicado originalmente em Agência Brasil.

Em 45 anos de política, o que disse o Cerra para a História ?

Extraído do site Conversa Afiada.
 
 


Este ansioso blogueiro submeteu seus colegas de twitter o seguinte tema:

Em 45 anos de vida política, o que o Cerra fez ou disse que mereça o registro da História ?

As respostas a essa provocação resumem de forma eloquente a medíocre trajetória.

Comprovam a tese deste blog ansioso: não fosse o PiG (*), ele e o Farol de Alexandria não passavam de Resende.

O Cerra naufragou no Google.

Como disse o Oráculo – ou um de seus discípulos – ao tratar de como a Presidenta vai fazer a transição para o governo dela:

- O Cerra é professor de Deus.

- Isso quando ele se dispõe a dar aula.


Paulo Henrique Amorim


Divirta-se:

@Conversa Afiada
Em 45 anos de vida publica, que idéia original o Cerra teve ?

@festimada
Fernanda Estima
a ideia mais genial foi contratar o indiano na campanha e abraçar a Sonsinha!

@brunovsb
bruno barcelos
Criar um cano que vai do Sergipe ao Ceará, controlado pelo Ministério do Acarajé.

@sergiobcf1
Sergio Filho
inventou um jeito meio esquisito de sambar.



@Conversa Afiada
Em 45 anos de vida publica com que frase Cerra entrará para a História ?

@MaLouize
Marcinha Louize
Como ele, como a mãe dele, como a Vânia, como o Damião, como a Andreia, como a Dona Maria.

@roprado71
rodrigo prado
sou economista…

@joaofbortolanza
João F Bortolanza
“Bierrenbach, não aceito a exceção da verdade”

@Bruno_R_Barbosa
Bruno Barbosa
Frase? nem precisa…Ele só vai dizer: “Cansei”…

@joaofbortolanza
João F Bortolanza
“Os genéricos do Jamil Haddad é idéia minha”

@LeoDarbilly
Leonardo Darbilly
“O “Lula é meu amigo” (no início da campanha)

@joaofbortolanza
João F Bortolanza
“Levarei esgoto na porta da sua casa”.

@massagua
danilo | oliveira
“Gripe suína é transmitida dos porquinhos só qdo eles espirram, providência elementar é ñ ficar perto de porquinho algum”

@GabrielCiriaco
Gabriel Ciríaco Lira
se eu não terminar meu mandato (prefeito)não votem em mim.

@_HugoLeite
Hugo Leite
Não o conheço, mas ele é inocente! (Sobre Paulo Preto)

@RodrigoSidney
Rodrigo Soncin
“O Mercosul é uma farsa”

@ax_martins
Alexandre X Martins
Sou contra o aborto (no Brasil)

@reitchelcosta
Raquel Costa
“Não foi uma bolinha de papel”

@MarinaTardelli
Marina Tardelli
Serra para Márcia Peltier: “Não vou dar a entrevista. Faz de conta que eu não vim.

@jambahiense
jam/arthur bahiense
Alô,”Meu Presidente”?!Gilmarzinho, querido, pode pedir vistas do processo.Beijo no coração…

@juanpessoa
Juan Pessoa
“quando senti aquele objeto acertando a minha cabeça, fiquei assim…. meio… down.. e fui procurar meu oncologista”

@AnaxsFernando
Anaxsuell Fernando
“Faz de conta que eu não vim” em entrevista à Marcia Peltier.

@JorgeStolfi
Jorge Stolfi
“Fale que quem votar em mim tem mais chance com você.”

@_caroolalmeida
Carol Almeida
“Em SP, ajudei a criar puxadinhos”…

@pagina2
pagina2
Desculpa, não entendi seu sotaque

@arioldo
Arioldo Guimarães
“Isso aí é trololó petista.”

@joaofbortolanza
João F Bortolanza
“Chevron, se eu ganhar, mudaremos as regras do Pré-Sal”

O polêmico beijo de Lula numa fã

Na saída de um evento no Parque do Anhembi em São Paulo, Lula beijou uma fã.

O G1 e o Globo publicaram a foto.

Lula não beija na boca.

Ele está para entrar no carro e dá um beijo desajeitado, acima dos labios, ao lado do nariz.

O G1 e o Globo exploram a foto.

Tem-se a impressão de que o objetivo da sequência das fotos é registrar uma “pulada de cerca” do ex-presidente.

Uma óbvia tentativa de “flagrá-lo” num pecadilho que o incompatibilize com D. Marisa.

O Estadão, como sempre, vai às ultimas consequências.

E diz na capa da edição online que Lula beijou a fã na boca (depois tirou o “na boca”).

Não é verdade.

São os Murdoch do Brasil.


Paulo Henrique Amorim



Foto Extra:



Fotos do G1:








(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

Ricardo Teixeira para Rei Momo



Mino Carta

Espero que a presidenta e o ministro dos Esportes tenham lido a ótima reportagem de Daniela Pinheiro da revista Piauí sobre a peculiar- figura de Ricardo Teixeira, perfil redondo, identikit. O czar da Copa do Mundo de 2014 impávido avisa que estará habilitado então a fazer “a maldade que for”. E para não deixar dúvidas, exemplifica: “A maldade mais elástica, mais impensável, mais maquiavélica. Não dar credencial, proibir acesso, mudar horário de jogo. E sabe o que vai acontecer? Nada. Sabe por quê? Porque eu saio em 2015”. Teixeira fala com a repórter e a chama de “meu amor”.


Está claro que não precisamos convidar o gajo nas nossas casas para tomar um copo de cerveja, talvez melhor de cachaça vagabunda. Sobretudo se houver crianças presentes. Disse gajo, e confirmo. Soa-me como palavra adequada, embora antiga, a definir a personagem, talhada inexoravelmente para encostar a vasta barriga no banco de algum botequim do arrabalde, a rescender a sardinha frita e bebida derramada.


Sobram outras razões de preocupação e constrangimento, a começar pelo fato de que esse indivíduo vulgar, grosseiro até o deboche, e tão visceralmente disposto à maldade, será o mandachuva de uma festa representativa do nosso País- aos olhos do mundo. Mais recomendável seria se o homem fosse escalado para Rei Momo do próximo carnaval carioca, peso para tanto não lhe falta.


Alinho algumas sentenças do extraordinário discípulo de João Havelange e Joseph- Blatter colhidas nas páginas da Piauí. Ao acaso. “Ca… um montão” para as denúncias da mídia. “Só vou ficar preo-cupado, meu amor, quando sair no Jornal Nacional”. A ligação com a Globo-exalta–o-. Ou seria o conluio, a parceria? Nada de surpresas, são estes os donos do Brasil. E ele insiste, altaneiro: “Quanto mais tomo pau da Record, fico com mais crédito com a Globo”. Crédito? Quem sabe valesse apurar a fundo o significado da palavra.


Notável expressão causou-me sua percepção da sociedade brasileira e como enxerga as classes pobres, obviamente negras. Segundo Teixeira “o neguinho do Harlem olha para o carrão do branco e fala: quero um igual”. Aqui na terra ocorre o contrário: “O negro quer que o branco se f… e perca o carro”. Donde a proclamação “é essa coisa de quinta categoria”. Resta verificar em qual categoria há de ser catalogado Ricardo Teixeira.


Agora, vejamos. A mídia o alveja porque as mazelas da CBF e do seu presidente são de domínio público há muito tempo. E o alveja por ser longa manu de uma Fifa cada vez mais podre. E mais, o alveja na inescapável previsão da bandalheira que vem por aí. Deus onipotente e onisciente sabe o que pode acontecer. A presidenta e o ministro dos Esportes parecem não saber. CartaCapital confessa, aliás, sua estranheza diante da cordialidade reinante entre Teixeira e o ministro Orlando Silva. Tanta simpatia, tanta complacência incomodam.


Desde a posse de Dilma Rousseff, a revista permite-se chamar a atenção da presidenta em relação aos efeitos que a organização e a realização da Copa terão aqui e lá fora, tanto mais ao se levar em conta o ano eleitoral. O prestígio do País e do seu governo está em jogo desde logo e estará até lá. O papel determinante reservado a Ricardo Teixeira neste enredo não induz a bons presságios.


O ano do Mundial do Brasil é também o das eleições políticas e é lógico, e do ponto de vista de CartaCapital desejável, que Dilma Rousseff se apresente para a reeleição. Se assim fosse, a candidatura surgiria com naturalidade de um governo feliz, a corresponder, diga-se, à nossa crença. É inegável, porém, que o êxito da presidenta também depende dos passos a caminho da Copa.


Vivemos agora uma fase indefinida, a impor ajustes finos e decisões rápidas e firmes. Transparente o contraste entre a lassidão e a leniência de vários setores e figuras da política, e, de improviso, o desconforto e a descrença de outros tantos da opinião pública, sem falar da ação da mídia nativa, sempre pronta a apostar na crise. Aí está o Teixeira, saído da espelunca periférica. Cuidado com ele.

Economista Claudio Haddad critica gestão de Coutinho no BNDES

Contabilmente o BNDES usava a justificativa de que, com a utilização de recursos do FAT [Fundo de Amparo ao Trabalhador], remunerados a 6% ao ano, não haveria subsídio se o BNDES emprestasse acima dessa taxa. É uma falácia, porque o custo relevante é aquele pelo qual o Tesouro capta.

Hoje, depois das capitalizações, os subsídios estão mais patentes. O governo capitalizou o BNDES com recursos captados a mais de 12% ao ano, e o banco empresta cobrando a TJLP [taxa de juros de longo prazo], que é de 6% ao ano “”a diferença, de mais de 6%, é o subsídio.


Qual o custo desse subsídio?

Cerca de R$ 18 bilhões por ano. Num cálculo rápido, são os 6% da diferença aplicados sobre o valor das captações, de quase R$ 300 bilhões. O governo está dando muito mais do que um Bolsa Família por ano a quem pega dinheiro no BNDES [o orçamento do programa para este ano é de R$ 13,4 bilhões]. E quem se beneficia são os acionistas das empresas.


E o papel de financiador de longo prazo?

É importante, mas o BNDES poderia emprestar a longo prazo com taxas reajustáveis, sem subsídios. Havendo dinheiro subsidiado, é evidente que as empresas vão preferir usá-lo. Mas não se trata de demanda nova por crédito, e sim de uma substituição do que seria tomado na rede bancária. Tanto que, depois das capitalizações dos últimos anos, o crédito do setor privado às empresas deu uma travada. Na estrutura de empréstimos bancários, o BNDES tem uma fatia de mais de 15%, o que é significativo. Também é preciso considerar que o mercado de capitais, com os IPOs [sigla em inglês para lançamento inicial de ações], se transformou numa fonte importante.


Como avalia a orientação de favorecer a formação de conglomerados com alcance global, os “campeões nacionais”?

O país precisa ter grandes empresas, sem dúvida, mas sou muito cético em relação a essa ideia. Dar dinheiro sem exigir metas de desempenho, sem um objetivo claro e sem políticas paralelas, como um esforço educacional, em geral leva ao fracasso. Se uma empresa quiser virar campeã nacional, que faça isso por conta própria, que seja uma campeã natural, e não artificial.


Não há contradição entre a ação do BNDES, que favorece a formação de conglomerados, e a do Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica], que tenta proteger a concorrência?

Sim. A política de formação de campeões, além de ser pouco eficiente, promove concentração de poder econômico.

Expedição virtual que revela um novo Alemão



Foto panorâmica de O DIA Online revelou até a moradores ângulos novos da favela
POR MARIANA MOURA

Rio - O Complexo do Alemão como se nunca viu. Literalmente. O DIA Online trouxe pela primeira um tour virtual de uma favela, com visão panorâmica, onde foi possível enxergar casas, escolas, quadras esportivas, cinema e as estações do teleférico. A novidade agradadou a todos, moradores ou não, que passaram esta sexta-feira conhecendo mais da sua própria comunidade.


 Fabio Gonçalves / Agência O DiaOs amigos

Cristiane e Odilon se divertiram descobrindo a localização de suas casas e de pontos conhecidos | Foto: Fabio Gonçalves / Agência O Dia

Quando viu a capacidade de da ferramenta, Cristiane Souza, 31, se espantou.“Caramba, será que dá pra ver minha casa?”, comentou. Moradora do Complexo há seis anos, a comerciante apontou a Igreja da comunidade, a padaria e a venda onde compra doces. O amigo Odilon Lima, 35, também ficou surpreso. "Dá para ver onde eu moro, ali do lado da quadra, na Praça do Terço”, indicou.

>> GIGAFOTO: Faça um passeio virtual pelo novo Complexo do Alemão

A novidade veio a calhar: tanto Cristiane quanto Odilon queriam passar os aspectos positivos de onde moram para seus familiares, de Ubaitaba (Bahia) e Natal (Rio Grande do Norte), respectivamente. “Eles ouvem falar de violência. Agora a gente vai mostrar o lado bom, nossa casa, nossa vida”, explicou o cozinheiro. “Vou colocar agora no Facebook para eles ‘curtirem’”, completou Cristiane.

>> FOTOGALERIA: Em imagens, o Complexo do Alemão do tráfico à reconquista de território

Quem conhece bem o Complexo também aprovou a gigafoto. Alexandre Correia da Silva, 35 anos, nasceu em casa, na Rua Armando Sodré, na parte de Olaria. Na imagem, mostrou onde o pai, Wanderlei, e a irmã, Luciene, moram. "As casas deles foram desapropriadas pelas obras do PAC e porque estavam em áreas de risco. Agora eles vivem ali, no Condomínio Palmeiras", apontou. O auxiliar administrativo da Unisuam ainda identificou o Clube Nova América, lugar que frequentou durante sua infância. "A violência não nos permitia ir, por exemplo, no Morro do Adeus. Essa foto permite aos moradores enxergar uma parte do Alemão que nem eu conhecia", explica Alexandre. "A pacificação também permitiu a exploração da nossa favela através do Fotoclube Alemão, grupo que se reúne aos sábados para fotografar a favela", completa.

>> FOTOGALERIA: Cantor Elymar Santos anda de Teleférico e se emociona

Para Loane Souza de Oliveira, 37, a imagem remeteu a momentos especiais. "Aqui era o baile, onde eu conheci o pai das minhas filhas. Logo acima é a escola delas, a Caic Teophilo de Souza Pinto", mostrou. Segundo a cozinheira, as mais velhas, Nadilane, 20 e Dejaline, 16, vão aproveitar muito a ferramenta. “É legal saber que estamos sendo divulgados no mundo inteiro. Antes a gente ouvia falar em Rocinha e Dona Marta e tinha inveja. Agora é a vez deles! Ninguém tem uma foto bonita como essa”, brincou.

Confira como é fácil acessar o serviço

Basta clicar AQUI para acessar a gigafoto. O internauta tem visão de 180 graus da comunidade. O passeio pode começar usando 9 âncoras dispostas na base da tela. Clique num quadrado para ser levado a um ponto da comunidade.

Para aproximar e ver, por exemplo, uma família se divertindo numa laje, aperte a tecla Shift; para afastar, aperte a tecla Control (Ctrl), ou use o botão giratório do mouse.

Para virar a imagem para a direita, mantenha pressionado o botão esquerdo do mouse e arraste para a direita. Para avançar para a esquerda, mantenha pressionado e arraste para a esquerda.

Para ver mais acima ou embaixo, mantenha pressionado o botão esquerdo do mouse e arraste-o no sentido desejado. Ou use as setas direcionais do teclado e viaje pelo Alemão.

http://odia.terra.com.br/portal/rio/html/2011/7/expedicao_virtual_que_revela_um_novo_alemao_178087.html

Os irmãos Picciani se elegeram fraudando declaração ao TRE


O clã Picciani, além fraudar declaração de renda, campeão de propaganda irregular (Reprodução do UOL)
O clã Picciani, além fraudar declaração de renda, campeão de propaganda irregular (Reprodução do UOL)


Os deputados Leonardo Picciani (federal) e Rafael Picciani (estadual), os irmãos Picciani, filhos do ex-presidente da ALERJ conhecido como “o Rei do Gado”, fraudaram a declaração de bens que apresentaram ao TRE para se candidatarem nas últimas eleições. Abaixo, eu reproduzo os documentos que comprovam a fraude.

No caso de Leonardo Picciani ele declarou ao TRE possuir 2.020 cotas da empresa Agrobilara (os negócios com gado) no valor de R$ 712.221. Acontece que na alteração contratual efetuada na Junta Comercial de Minas Gerais, em 6 de fevereiro de 2009, com a incorporação da empresa AgroVaz, conforme consta do contrato, a participação acionária de Leonardo Picciani é de R$ 2.020.000. Ou seja, sonegou a informação ao TRE, fraudando sua declaração de renda em R$ 1.307.779.

Mas vamos ao caso do irmão caçula, o menino prodígio dos negócios da família, o deputado estadual Rafael Picciani. Na sua declaração de renda ao TRE informa possuir 2.020 cotas da mesma empresa Agrobilara, no valor de R$ 1.749.000. Porém com a aquisição da AgroVaz, em 2 de fevereiro de 2009, de acordo com a divisão societária tinha R$ 2.020.000. Fraudou a declaração em R$ 271 mil.

Observem que a fraude é tão mal feita, que salta aos olhos. Vejam que os irmãos Picciani declaram cada um, o mesmo número de 2.020 cotas da Agrobilara. Mas na declaração de Leonardo as mesmas cotas valem R$ 712.221. Já na do irmão Rafael, as mesmas 2.020 cotas valem R$ 1.749.000. E no final os dois mentiram para o TRE porque valem R$ 2.020.000.

Abaixo vocês verão a declaração oficial ao TER, a alteração na Junta Comercial de Minas Gerais e a divisão societária e o respectivo valor, de acordo com o contrato, com a incorporação da AgroVaz.


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Reprodução da Veja on line
Reprodução da Veja

Exclusivo! Uma viagem fantástica aos milhões da família Picciani


O clã Picciani: de pai para filhos, a mesma vocação para grandes negócios
O clã Picciani: de pai para filhos, a mesma vocação para grandes negócios


O ex-deputado Jorge Picciani, atualmente presidente do PMDB – RJ quando começou a carreira política morava no subúrbio de Ricardo de Albuquerque e usava um fusquinha para ir aos comícios. Era um sujeito humilde que dizia que queria lutar por uma vida melhor para os seus concidadãos. Mas vejam as voltas que a vida dá. Foi na política que descobriu que tinha uma vocação ainda maior para os negócios. Continuou lutando por uma vida melhor, mas só que para a sua família. Em poucos anos como poderão ver abaixo, se transformou no Rei do Gado, com uma evolução patrimonial excepcional. Um faro e uma sorte nos negócios de deixar Eike Batista com inveja.

Para que ninguém tenha dúvidas todos os documentos relativos à evolução patrimonial da família Picciani são oficiais. Vamos então começar pelo patriarca da família Picciani, o ex-deputado Jorge Picciani. Notem que no ano de 2000, sua declaração de renda era de R$ 1.345.777,57. Em 2011, ele alcança sozinho R$ 27.367.931,08. É uma evolução realmente fantástica!


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Além de muito competente para aumentar o patrimônio, o ex-deputado Picciani também é muito esperto. Atualizou o capital social de sua empresa de pecuária Agrobilara, somente agora, em 11 de abril de 2011, apesar de ter incorporado a empresa Agrovaz, desde fevereiro de 2009. Mas se tivesse feito a atualização antes, sua declaração ao TRE, no ano passado, não seria de um patrimônio de R$ 11 milhões, mas sim de R$ 27 milhões. Poderia parecer ao eleitor que ficou rico demais, depressa demais.

Mas Picciani não é um fenômeno sozinho, é um excelente pai que ensinou ao filho Leonardo Picciani os segredos de fazer bons negócios e também lhe passou a mesma sorte.


O secretário estadual de Habitação(deputado licenciado), Leonardo Picciani aprendeu com o pai a fazer bons negócios
O secretário estadual de Habitação(deputado licenciado), Leonardo Picciani aprendeu com o pai a fazer bons negócios


Leonardo Picciani seguiu os passos do pai entrando para a política, se elegendo deputado federal, mas acabou descobrindo sua vocação familiar para fazer negócios. Em 2000 declarou no Imposto de Renda R$ 365.624,60, e agora, com o aumento de participação na Agrobilara, seu patrimônio deu um salto para R$ 9.885.603,00, como podem conferir no gráfico abaixo.


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Ele é secretário de Habitação de Sérgio Cabral. Se construísse casas para o povo na mesma velocidade que aumenta o seu patrimônio não haveria um sem teto no Rio de Janeiro.

Na eleição do ano passado Picciani decidiu lançar na política mais um filho, o caçula Rafael.


O caçula deputado estadual Rafael Picciani aprendeu com o pai e com o irmão mais velho
O caçula deputado estadual Rafael Picciani aprendeu com o pai e com o irmão mais velho



Agora vejam o que é o destino e a herança genética, o jovem Rafael, de 25 anos se revelou também um gênio para os negócios. Em 2009, Rafael declarou R$ 1.970.719,33. Agora em 2011, pulou para R$ 7.970.719,33. Em apenas dois anos quadriplicou o patrimônio. Realmente Rafael, aos 25 anos é o que se pode chamar de menino prodígio. Deveria ser convidado pela presidente Dilma, para ser ministro do Crescimento Econômico.


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Agora observem o gráfico da evolução de Picciani pai, mais os filhos Leonardo e Rafael. É bom ressaltar que não estão incluídos, a mulher Márcia e outro filho Felipe, que é quem administra os negócios da família.


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Não é fantástico? De 2000 para 2011 os três aumentaram juntos o patrimônio, de 1.711.402,07 para R$ 58.174.253,61. Um crescimento astronômico de 3.400%.

Mas não pensem que termina por aí. Não, tem muito mais. Como não obtivemos as informações sobre o patrimônio da mulher do Rei do Gado, Márcia Monteiro Picciani e do seu filho Felipe Picciani ainda falta muito, muito mesmo, no patrimônio da família. Mas é importante destacar que Márcia e Felipe, só na Agrobilara tiveram um aumento de participação de R$ 13 milhões, em 2011. Não dispomos das informações de tudo o que declararam como patrimônio. Falta portanto incluir o valor total das cotas de Márcia e Felipe na Agrobilara e imóveis ou outros negócios que possam lhes pertencer.

Bem, nunca é demais lembrar que isto tudo, esta fortuna familiar que se formou em tempo recorde é só o que está declarado, Dizem que há muito mais, mas não podemos provar.

Vocês devem estar estarrecidos, mas surge uma pergunta no meio da história do humilde morador de Ricardo de Albuquerque que virou o milionário Rei do Gado: Se Picciani que é subordinado a Cabral há muitos anos, desde os tempos em que Cabral era o presidente da ALERJ, e ele o secretário tem isso tudo declarado, e o chefe Cabral quanto tem?

Para Serra, o adversário de 2014 será Lula, não Dilma

 


Sérgio Lima/FolhaAo esboçar seus planos para 2014, o tucano José Serra faz apostas que destoam da média das opiniões disponíveis.

Para Serra, o antagonista do PSDB na próxima sucessão presidencial será Lula, não Dilma Rousseff.

Decidido a disputar pela terceira vez, Serra desdenha também da tese segundo a qual Aécio Neves tornou-se a bola da vez do tucanato.

Em privado, Serra acalenta a expectativa de que Aécio não se animará a medir forças com o PT se o oponente for Lula.

Algo que não ocorre com ele. Entre quatro paredes, Serra declara que tudo o que deseja é um novo confronto eleitoral com Lula.

Nos dois embates anteriores, levou a pior. Em 2002, perdeu para o próprio Lula. Em 2010, foi batido pela candidata de Lula, uma Dilma novata em urnas.

Serra acredita que o PSDB não terá como desprezar os 43,7 milhões de votos que ele obteve no ano passado.

Avalia que Dilma não será candidata à reeleição por duas razões: 1) Diz que, embora negue, Lula quer voltar. 2) Declara que a gestão Dilma resultará em fracasso.

Na opinião de Serra, os primeiros seis meses de Dilma foram marcados pelo desperdício de tempo.

Acha que, rendida por uma herança que não pode denunciar e sitiada por interesses partidários subalternos, Dilma absteve-se de tratar do essencial.

Não cuidou da reforma tributária. Elevou os juros em vez de rebaixá-los. E não desarmou a armadilha da sobrevalorização do Real.

Enxerga o recrudescimento do que chama de “desindustrialização”. E vaticina: as baixas taxas de investimento público agravarão os gargalos da infraestrutura.

Por todas essas razões, Serra defende internamente que a oposição escale sobre Dilma, adotando, desde logo, um discurso mais incisivo.

Contra a vontade de Serra conspiram os fatos. Formou-se dentro do PSDB uma densa maioria pró-Aécio.

Na eleição de 2010, além de empurrar para dentro de sua biografia uma segunda derrota presidencial, Serra colecionou desafetos.

Aécio cavalga essa insatisfação. Dono de um mandato de oito anos no Senado, não teria, em tese, razões para fugir das urnas em 2014.

Ainda que o rival seja Lula, Aécio tem pouco a perder. Na pior hipótese, leva a cara à TV, enverniza a imagem para embates futuros e retorna ao Senado.

Para o grosso da cúpula do PSDB, Serra precisa concentrar-se em 2012, não em 2014. O partido quer saber dele se vai ou não disputar a prefeitura de São Paulo.