A polícia britânica deteve neste domingo Rebekah Brooks, editora do tabloide "News of the World" na época em que grampos e escutas ilegais teriam sido utilizados para obter informação exclusiva, um escândalo que tem afetado o império do magnata Rupert Murdoch, o News Corp..
A prisão foi confirmada pelo porta-voz de Brooks, David Wilson. "Rebekah foi à polícia por livre e espontânea vontade. Ela foi detida após a sua chegada à delegacia", declarou.
Pressionada pelo escândalo, Brooks se demitiu recentemente como ex-presidente-executiva da News Internacional, braço britânico da News Corporation, conglomerado de mídia do magnata australiano, Rupert Murdoch.
A polícia britânica divulgou um comunicado no qual afirma ter detido "uma mulher de 43 anos", idade de Brooks, em conexão com as denúncias de corrupção e grampos ilegais que o tabloide teria feito em centenas de telefones de políticos, celebridades, funcionários da família real e até vítimas de crime e familiares de soldados mortos no Iraque e no Afeganistão.
Olivia Harris-10jul.2011/Reuters | ||
O magnata australiano Rupert Murdoch e a presidente-executiva da News International, Rebekah Brooks |
Ela se apresentou voluntariamente à delegacia de Londres às 12h e está sob custódia de oficiais das Operações Weeting e Elveden, que investigam as escutas ilegais e as denúncias de que jornalistas do "News of the World" subornaram policiais por informações.
Ela foi detida, ainda segundo a polícia, por suspeita de conspirar para interceptar comunicações e por suspeita de corrupção.
Outras nove pessoas já foram presas com relação à investigação. Na quinta-feira passada (14), foi Neil Wallis, ex-editor executivo do "News of The World". Dias antes, foi Andy Coulson, ex-diretor do jornal e ex-porta-voz do premiê David Cameron.
Brooks comparecerá ainda ao Parlamento britânico na próxima terça-feira para responder a perguntas sobre o escândalo de grampos envolvendo os jornais do grupo de Rupert Murdoch.
O convite foi feito na quinta-feira pelo Comitê de Cultura, Mídia e Esporte, que afirma ter "perguntas sérias" sobre as provas apresentadas por Brooks e Coulson durante audiência semelhante em 2003.
Com sua detenção e interrogatório, contudo, Brooks deve se abster de responder diversas perguntas dos legisladores. Ela não poderá comentar nada que prejudique as investigações policiais em andamento.
Brooks vinha sofrendo uma intensa pressão para deixar o cargo desde que o escândalo ganhou novas proporções nas últimas semanas, com denúncias de que um detetive contratado pelo tabloide acessou as mensagens de voz do celular de uma adolescente assassinada.
Na sexta-feira (15), ela anunciou sua demissão alegando que sua tentativa de se manter no cargo a colocou no centro da polêmica: "Isso está, agora, desviando a atenção de todos os esforços de resolver os problemas do passado".
Ela disse ainda que a reputação da companhia, "assim como as liberdades de imprensa que valorizamos tanto" estão sob risco.
ESCÂNDALO
Há anos há denúncias e relatos de que repórteres do tabloide acessaram ilegalmente mensagens de telefones de políticos, celebridades e membros da família real para obter informações exclusivas.
Nas últimas semanas, o escândalo ganhou novas proporções com denúncias de que vítimas de crimes e até familiares de soldados mortos nas guerras do Afeganistão e Iraque foram grampeados. Há ainda relatos de que o tabloide teria pago propina a policiais por informações.
Nesta semana, a comandante da Operação Weeting, que investiga os grampos, Sue Akers admitiu ao Parlamento que apenas 170 pessoas foram contatadas até agora de uma lista de 3.870 nomes, 5.000 telefones fixos e 4.000 celulares.
O "News of The World" pertencia ao grupo News Corporation (News Corp.), um dos maiores conglomerados mundiais de mídia, pertencente a Murdoch.
O tabloide era o jornal mais vendido aos domingos no Reino Unido, com uma circulação média de quase 2,8 milhões de exemplares. Sua última edição, com o título "Obrigado e Adeus", circulou no domingo passado (10), após decisão de Murdoch de fechar a publicação de 168 anos.
O escândalo também teve repercussão nos negócios de Murdoch. Ele se viu obrigado a retirar a oferta de adquirir a totalidade das ações do canal pago BSkyB, da qual já possui 39%.
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