Bons salários, chance de crescimento e experiência profissional levam milhares de jovens a participar de exaustivos e dificílimos processos de seleção para iniciar a carreira em grandes empresas
João Loes e Paula RochaREALIZAÇÃO
Isabela Avallone, trainee da petroquímica
Braskem, irá trabalhar em várias áreas da empresa
Entre os meses de julho e setembro, milhares de jovens brasileiros devem se inscrever em processos seletivos que podem definir seu futuro profissional. Sonho de muitos universitários recém-formados, os programas de treinamento das principais empresas do Brasil atraem um número cada vez maior de candidatos. Segundo levantamento realizado pela Cia de Talentos, consultoria especializada no recrutamento de jovens profissionais, o total de inscritos nos programas organizados por eles em 2010 variou de três mil a 49 mil, dependendo da empresa, contabilizando uma média de dois mil candidatos por vaga. Só a Ambev, cervejaria líder na América Latina, recebeu no ano passado 72 mil currículos de estudantes egressos do ensino superior. Desses, apenas 22 foram aprovados, o que representa mais de 3,2 mil candidatos por vaga. Para efeito de comparação, na Universidade Estadual Paulista (Unesp), o curso de medicina, um dos mais concorridos do País, teve em 2011 a relação de 128 candidatos por vaga.
A acirrada disputa pelos cargos de trainee das grandes empresas pode ser justificada pelo salário oferecido a esses funcionários (entre R$ 4 mil e R$ 5 mil), valor acima da média nacional no caso de iniciantes. Outras vantagens, porém, contribuem para a alta procura pelas vagas de treinamento. “O programa de trainee é a melhor porta de entrada para o mercado de trabalho”, afirma Noely David, supervisora de processos especiais do Centro de Integração Empresa-Escola (Ciee). “Esses jovens já entram nas empresas valorizados, pois passaram por processos seletivos muito rigorosos.” A seleção de um trainee dura em média cinco meses. Nesse período, os candidatos têm de enfrentar uma maratona de provas, que começa pela seleção de currículos. Depois há a etapa dos testes online, nos quais são avaliados conhecimentos gerais, raciocínio lógico e línguas, geralmente português e inglês. Os que passam dessa fase são chamados para dinâmicas de grupo e, por fim, para a entrevista com líderes ou até mesmo com diretores das empresas.
A acirrada disputa pelos cargos de trainee das grandes empresas pode ser justificada pelo salário oferecido a esses funcionários (entre R$ 4 mil e R$ 5 mil), valor acima da média nacional no caso de iniciantes. Outras vantagens, porém, contribuem para a alta procura pelas vagas de treinamento. “O programa de trainee é a melhor porta de entrada para o mercado de trabalho”, afirma Noely David, supervisora de processos especiais do Centro de Integração Empresa-Escola (Ciee). “Esses jovens já entram nas empresas valorizados, pois passaram por processos seletivos muito rigorosos.” A seleção de um trainee dura em média cinco meses. Nesse período, os candidatos têm de enfrentar uma maratona de provas, que começa pela seleção de currículos. Depois há a etapa dos testes online, nos quais são avaliados conhecimentos gerais, raciocínio lógico e línguas, geralmente português e inglês. Os que passam dessa fase são chamados para dinâmicas de grupo e, por fim, para a entrevista com líderes ou até mesmo com diretores das empresas.
O ESCOLHIDO
Felipe Santiago foi um dos 22 aprovados no processo
da Ambev, que teve mais de 72 mil inscrições
O jovem Felipe Santiago, 25 anos, conhece esse roteiro ao mesmo tempo exaustivo e estimulante. Ele foi um dos 22 trainees selecionados pela Ambev no início de 2011. No último ano da graduação em propaganda e marketing pela ESPM, conciliava os estudos e a realização de seu projeto de conclusão de curso com o trabalho como analista de marketing de uma grande empresa e a preparação para as provas da cervejaria. “Foi puxado, mas ser aprovado foi a maior emoção da minha vida”, diz. Logo que entrou na Ambev, Santiago conheceu diversos departamentos da companhia, como produção, logística e coorporativo. No quinto mês de treinamento, decidiu, junto com o RH, que vendas seria sua área de interesse, e passou a atuar nesse segmento. Agora ele se prepara para uma viagem a St. Louis, no Missouri (EUA), onde trainees da Ambev de várias partes do mundo vão se encontrar para assistir a palestras, participar de debates e estabelecer contatos. “Quero crescer com consistência e um dia chegar a um cargo de liderança”, diz Santiago.
A recompensa para quem se dedica à seleção e aos programas de treinamento é exatamente essa, conquistar um posto gerencial. “Os processos seletivos para trainees não são baratos, envolvem investimentos em divulgação, seleção e na preparação dos profissionais”, explica a headhunter Manoela Costa, gerente da Page Talent, unidade da Page Personnel que faz recrutamento de estagiários e trainees. “E um dos objetivos dos programas é formar os futuros líderes dessas empresas.” Caso dos presidentes das indústrias Rhodia do Brasil e Dana América do Sul, e do CEO da Chemtech, prestadora de serviços de engenharia. Os três entraram como estagiários, passaram pelo cargo de trainees, e em pouco tempo foram galgando posições até chegar ao topo (leia quadro abaixo) na companhia em que começaram. “A empresa é como um time de futebol que investe em suas bases”, diz Harro Burmann, presidente da Dana. “Trazer um talento custa muito dinheiro. Formar um e retê-lo é melhor e mais garantido.”
GERÊNCIA
Nathalia Paschoalli começou como trainee e um ano
depois passou a coordenar a área de qualidade da ALL
Transitar por vários módulos corporativos é uma vantagem que os trainees possuem sobre os funcionários comuns, defendem os especialistas. “O trainee tem a chance de perguntar, investigar e conhecer a fundo vários segmentos da companhia”, diz Daniela Panagassi, coordenadora do processo de seleção de trainees da petroquímica Braskem. “Essa noção do funcionamento da empresa é um diferencial que pode ser decisivo no futuro.” Lição que a paulista Isabela Avallone, 23 anos, já aprendeu. Enquanto cursava administração de empresas na USP de Ribeirão Preto, ela estagiou na área de novos negócios da Braskem. “Naquela época, a empresa já me fascinava, por isso decidi prestar a seleção para trainee”, conta. Aprovada no começo do ano, ela agora aproveita ao máximo todas as informações a que tem acesso dentro da companhia. “A cada três meses troco de área e conheço outras pessoas e departamentos”, diz. “Também tenho acesso aos líderes da empresa e estou muito feliz com essa experiência.”
ASPIRANTE
Recém-formada, a engenheira ambiental Andressa
Flosi estuda para ser trainee na mineradora Usiminas
Dicas que a carioca radicada em São Paulo Andressa Flosi, 23 anos, espera colocar em prática. Egressa do curso de engenharia ambiental da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas, ela está concorrendo ao Programa Jovens Engenheiros da Mineração Usiminas 2011. “Pesquisei muito sobre a empresa, estudei a área de mineração e treinei inglês”, conta sobre sua preparação. “Fiz os testes online e agora estou torcendo por uma resposta positiva.” Se passar nessa etapa, a jovem ainda terá pela frente as tão aguardadas dinâmicas de grupo, o painel de negócios (em que deve solucionar um case relacionado ao dia-a-dia da profissão), a entrevista e o teste psicológico. “Estou confiante e muito disposta a aprender. Para mim, o programa de trainee é uma possibilidade de aprender treinando, e assim me tornar uma profissional completa.”
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