domingo, 17 de julho de 2011

O mau exemplo dos famosos

 


Ao se recusarem a passar pelo bafômetro, celebridades desafiam a lei e, como formadores de opinião, prestam um desserviço

Juliana Dal Piva

Confira, em vídeo, outros casos de famosos que desrespeitaram a Lei Seca :
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ACIDENTE
Colisão de Porsche a 150 km com Tucson matou advogada:
segundo policiais, havia sinais de embriaguez no motorista
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Desde que a lei que proíbe beber e dirigir entrou em vigor, em 2008, é crescente a lista de pessoas famosas que se recusam a soprar o bafômetro. O caso mais recente é o do ex-jogador e deputado federal Romário (PSB-RJ), que, no domingo 10, não quis – pela segunda vez – se submeter ao teste que avalia se a pessoa está dirigindo com álcool no organismo. Levantamento feito por ISTOÉ contou 22 celebridades multadas desde 2009 por fugirem do bafômetro – três políticos, sete jogadores de futebol e 12 artistas. Eles lançaram mão do direito constitucional de não produzir provas contra si próprios. Mas, como formadores de opinião, prestaram um desserviço à nação.

O argumento de Romário, que como parlamentar deveria zelar pelo cumprimento das leis, é contraditório. “Usei meu direito. Não houve briga nem nada”, disse o deputado. “Não preciso mostrar que não bebo nem estou pedindo que acreditem em mim. Não bebo”, desafiou. A questão, porém, não é tão simples assim. Para o médico Dirceu Rodrigues Alves Jr., diretor da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, a atitude das celebridades é condenável. “Se negam o bafômetro, é porque estavam alcoolizados”, conclui, esclarecendo o motivo pelo qual a operação do Rio repercute mais do que as outras: “Se fechar uns quatro cruzamentos na zona sul, não é difícil encontrar gente famosa.”

A recusa colabora para que a sensação de impunidade se propague. Afinal, uma vez que não se deve prestar contas a ninguém, abre-se a porta para driblar a lei. Pode ser isso que está por trás do acidente que matou a advogada Carolina Menezes Cintra Santos, 28 anos, em São Paulo, na madrugada do domingo 10. O engenheiro Marcelo Malvio Alves de Lima, 36 anos, bateu seu Porsche a 150 km por hora contra o Tucson da advogada, numa rua do Itaim, na zona oeste de São Paulo. Ele se recusou a fazer o exame de sangue para verificar se havia álcool em seu organismo, mas os policiais que trabalharam no caso declararam que ele tinha “claros sinais de embriaguez”. Quem é pego no bafômetro leva multa de R$ 957, perde sete pontos na carteira e tem suspenso o direito de dirigir por um ano. Quem se recusa a fazer o teste paga a mesma multa e perde os mesmos pontos, mas fica sem a carteira de motorista por apenas cinco dias.

A fiscalização no Rio de Janeiro é das mais intensas no País, apesar da existência do Twitter que revela onde estão as blitze. De acordo com a assessoria da Operação Lei Seca, foram abordados pelo programa mais de 527 mil motoristas até julho deste ano em todo o Estado. Para efeito de comparação, em São Paulo, até o início de 2011, o número de abordagens foi de 262 mil, em uma frota de quase sete milhões de carros por dia, contra apenas 1,8 milhão do Rio. Só em 2011, entre os políticos abordados pela operação e que recusaram o bafômetro estão o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o ex-candidato à vice-presidência da República Índio da Costa (PSD-RJ). Engrossam a lista ainda o jogador Adriano, o cantor Djavan, o ator Marcello Novaes e a atriz Maitê Proença, que se diz defensora da lei. “Não tenho nada contra, só a favor. Quanto mais rigorosa, melhor para todos!”, afirmou à ISTOÉ. Então é bom cumpri-la, não é?
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