sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Marcos Valério alerta: "Cuidem do Valdemar"


 

Marcos Valério alerta: Foto: DIVULGAÇÃO

RÉU DO MENSALÃO, ELE VEM ALERTANDO GOVERNISTAS SOBRE A NECESSIDADE DE CORTEJAR O SECRETÁRIO-GERAL DO PR, QUE MANDAVA NO MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES; COINCIDÊNCIA OU NÃO, IDELI SALVATTI SE REUNIU COM O LÍDER DO PARTIDO NESTA SEXTA-FEIRA

19 de Agosto de 2011 às 14:35
247 - “Cuidem do Valdemar”. A frase está na ponta da língua do publicitário Marcos Valério e vem sendo dita a vários interlocutores governistas nos últimos dias. Valério, réu do Mensalão, refere-se ao deputado federal e secretário-geral do Partido da República (PR), Valdemar Costa Neto, outro réu pelo esquema e o grande líder oculto do partido, que deixou a base do governo recentemente. Coincidência ou não, a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, esteve nesta sexta-feira com o deputado Lincoln Portela, líder do PR na Câmara e braço-direito de Valdemar (saiba mais sobre ele aqui), para tentar convencer a bancada a retornar à base aliada. E o tom de desdém com que Portela deixou a reunião com uma ministra de Estado, dizendo que precisaria consultar as bases, dá uma amostra da força política do secretário-geral do PR. Ah, a base que Portela precisa consultar se chama Valdemar.
O líder do PR na Câmara tenta minimizar publicamente a força do secretário-geral no partido, mas admitiu recentemente que “é notório que Valdemar tem influência”. O governo apostou que o processo de “limpeza” conduzido no Ministério dos Transportes – onde Valdemar operava enquanto o senador Alfredo Nascimento foi ministro – mudaria o eixo de poder dentro do PR, passando-o das mãos de Valdemar para as de outras lideranças.
O fato de o secretário-geral permanecer no comando é uma indicação de que o homem que precisa ser agradado no partido ainda é Valdemar. A pergunta é: por que Valdemar precisa ser agradado? Ressentido pela queda de Nascimento, o deputado é o líder da rebelião e articulador da posição de “independência” assumida pelo partido na última semana.
É no mínimo contraditório, contudo, que um governo que acabou de demitir mais de 20 funcionários envolvidos em suspeitas de corrupção corteje o partido mais prejudicado pela “faxina” no Ministério dos Transportes. Partido esse que, ao deixar a base, pôs à disposição seus cargos. Se a presença na base tem como grande moeda de troca a concessão de cargos, como o PR voltaria a apoiar o governo sem receber novos postos? A questão também é válida do outro ponto de vista: como o governo poderia entregar novos cargos ao PR depois da faxina?
O recado de Marcos Valério é claro. Valdemar precisa ser cortejado, e não apenas para garantir a maioria do governo no Congresso Nacional – afinal, o PSD de Gilberto Kassab já está chegando para ocupar esse espaço com seus mais de 40 deputados. A nota ruim para a presidente Dilma Rousseff é que, agora, ela deve perder tanto se tentar agradar Valdemar -- e botar em cheque a “faxina” -- quanto se não tentar -- e negar tudo que foi feito até agora.

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