Foto: AGÊNCIA BRASIL
“Podemos ter problemas políticos”, disse porta-voz da petroleira líbia Agoco; desde Lula, governo paparica ditador; contratos bilionários de empreiteiras brasileiras estão sob risco; só a Odebrecht tocava obras de 2,3 bilhões de euros
A aproximação entre as empreiteiras brasileiras e o país árabe foi intermediada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que comandou, em dezembro de 2003, uma comitiva a cinco países árabes composta por cerca de 40 empresários que representavam algo em torno de 100 companhias locais. À época, a Líbia, que foi incluída na visita presidencial por pedido pessoal de Lula, destacava-se como o país mais interessado em estabelecer um relacionamento comercial com o Brasil. Começava ali uma relação entre o presidente brasileiro e o ditador Muamar Kadafi, que seria chamado por Lula, seis anos depois, de amigo, irmão e líder durante uma cúpula da União Africana, em Sirte, Líbia.
É esse histórico que sustenta a teoria de que o prejuízo das empreiteiras pode acabar indo parar no bolso da União. Esse histórico e outro, mais antigo, da atuação da Mendes Júnior no Iraque durante a década de 1980. Envolvido na guerra com o vizinho Irã, o ditador Saddam Hussein deixou de pagar a empresa, que foi buscar (e conseguiu) auxílio do Banco do Brasil para cobrir o rombo de US$ 250 milhões. O crédito aberto pelo BB, durante o governo Sarney, foi cancelado, contudo, no governo Collor, e a Mendes Júnior ficou devendo o dinheiro para o banco, o que não impediu que a empresa continuasse fazendo obras para o governo.
As empreiteiras que atuaram na Líbia negam qualquer intenção de cobrar a conta do governo. Procurada pelo Brasil 247, a Odebrecht destacou que seus negócios foram fechados com a Líbia, e não com o governo brasileiro. “A empresa era responsável pela construção do Aeroporto Internacional de Trípoli e o Anel Viário de Trípoli, projetos financiados diretamente pelo governo da Líbia, sem qualquer envolvimento do governo brasileiro no financiamento ou na emissão de garantias. Por este motivo, a empresa não está pleiteando junto ao governo brasileiro qualquer tipo de ressarcimento para eventuais perdas na operação”, informou a Odebrecht em nota.
Em sua resposta, a Queiroz Galvão foi bem mais otimista. E curta: “A Queiroz Galvão informa que mantém todos os seus projetos na Líbia e que aguarda o desfecho dos acontecimentos para definir ações futuras”, informou a construtora. A Andrade Gutierrez foi a única empresa a não responder até o fechamento desta matéria. Juntas, as empreiteiras tocavam obras de cerca de R$ 7,3 bilhões, entre elas a reforma do Aeroporto Internacional de Trípoli, cujos dois novos terminais preveem área construída de 400 mil metros quadrados, capacidade para receber 64 aeronaves simultâneas e 20 milhões de passageiros por ano. As empresas não divulgam as perdas exatas, mas essa obra, por exemplo, não passou de 30% de avanço físico. Dá pra imaginar o prejuízo.
À agência Reuters, um porta-voz da petroleira líbia Agoco, que mantinha relações comerciais com a Petrobras, disse com todas as letras que, sem Kadafi, as empresas brasileiras enfrentarão um ambiente nada amistoso no país. "Nós não temos problemas com os ocidentais, como as empresas italianas, francesas e inglesas", registrou Abedeljail Mayouf. "Mas nós podemos ter alguns problemas políticos com Rússia, China e Brasil". Se para bom entendedor, meia palavra basta, o que dizer de uma frase completa como essa?
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