Bem, pelo que entendi dos defensores da inimputabilidade de “atrações” como Rafinha Bastos na televisão aberta, das piadas sobre “comer” mulher grávida e seu bebê, por exemplo, fiquei me perguntando: por que inocentes filmes-pornô (comparados com a sugestão até de pedofilia envolvida na mais recente obra do “pobre” e “invejado” Rafinha) não têm espaço nessas concessões públicas?
Pensem comigo: se em nome de “criações artísticas” vale tudo, por que não piadas sobre pedofilia se já estão tornando o estupro “engraçado”? E se podem dizer essas coisas, por que não podem mostrar? Qual é o freio que censura a imagem explícita de um homem e de uma mulher ou de pessoas do mesmo sexo fazendo apenas sexo que não censura fazer troça de sexo forçado com mulheres ou com crianças?
Vale tudo, galera. É “arte”. Dizer o que diz o tal Rafinha, é arte.
Mas notem que a questão não é o Rafinha e sim o sistema que cria Rafinhas, pois há mais de um, há cada vez mais deles. Trabalham no CQC, no Pânico e no que mais surgir, se é que já não surgiu. Porque o sistema permite. E qual é o sistema? É a grande parte do público que pede lixo, a tevê que oferece esse lixo e os arautos da liberdade de expressão sem fronteiras ou limites que defendem a exibição do lixo em longas matérias, artigos e até aferições do gosto do público pagas a peso de ouro.
Dessa forma, por que não os inocentes filmes-pornô? O que você prefere: ver duas pessoas se amando explicitamente ou ouvir e ver gente rindo de mulheres ditas “feias” que, por isso, teriam obrigação de adorar o “bondoso” e “abnegado” (vá lá…) homem que, apesar de não valerem nada, “comeu-as” à força?
Não há limites. Não pode haver limites. Por que órgãos sexuais de seres humanos em conjunção carnal são piores do que sugestões de estupro de mulheres e crianças? E se as cenas de estupro já são comuns na televisão aberta mesmo, ainda que tarde da noite, logo alguém defenderá que cenas de pedofilia fazem parte da “arte”. E até podem fazer, como de fato fazem na literatura. Por que não vão à tevê, então?
Já que é tão difícil diferenciar o teatro e o mercado editorial de livros da televisão e do rádio, confundindo produções do setor privado com as concessões públicas de radiodifusão, e já que estão comparando obras imortais da literatura com conversa de botequim de um sujeito que manda a repórter da Folha “chupar” seu órgão sexual, liberemos geral.
Por que cerceamos a arte na televisão quando a obra retrata pedofilia e não cerceamos quando retrata estupro? Haverá algum tipo de violência inumana que não podemos suportar nem ouvir ou em nome da arte – mesmo quando não passa da verborragia de um energúmeno – tudo é válido, tudo é permitido?
E aqueles bips irritantes no “BBB” quando os “brothers” falam palavrões? Por que pôr os bips sobre palavrões e não pôr em declaração de intenção de estuprar uma mulher grávida e seu bebê? E o beijo gay, minha gente? Tão combatido… O beijo gay é pior do que o Rafinha abrindo a sua boca infecta?
Liberem os palavrões na televisão, ora. E também os filmes-pornô. Há até do gênero que converte em imagens o estupro e a pedofilia verbais do Rafinha. Não se entende por que, em nome da arte, não se pode enfiar de uma vez todo o lixo nessa guerra pela audiência que faz da vossa televisão esse aterro sanitário. Liberem tudo. E quem não gostar que mude de canal.
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