sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Pobre Líbia



Kadafi já foi muito popular, amado por seu povo, quando era um líder progressista: fez a reforma agrária, investiu as riquezas, sobretudo do petróleo, para a educação e saúde, e enfrentou o imperialismo, em vez de se deixar ser corrompido por ele. A Líbia se tornou o país com maior índice de desenvolvimento humano da África, e foi o mais rico país muçulmano. Tudo graças a políticas nacionalistas e populares.

Nos últimos anos, aparentemente sob influência de seu filho que era preparado para sucedê-lo, mas tinha idéias corrompidas pelo imperialismo, implantou políticas neoliberais, privatizou, cortou subsídios de alimentos.Desde 2007 quem chefiava a equipe econômica de Kadafi era Mahmoud Jibril (guarde esse nome, que ele voltará ao fim do texto), uma espécie de José Serra neoliberal adestrado na Universidade de Pittsburgh (EUA).

O desemprego aumentou e a custo de vida também. A popularidade de Kadafi decaiu. Tornou-se um conservador, e só é bom conservar o que está bom. A Líbia estava piorando.Que precisava de mudanças, precisava, mas não para pior. E é o que está acontecendo.

Em novembro de 2010 na cimeira (encontro) África/União Européia, Kadafi ameaçou voltar ao nacionalismo e independência na política externa: disse que o FMI e o Banco Mundial destruíram a África, e disse que a palavra terrorismo também pode ser aplicada ao receituário neoliberal destas entidades, da mesma forma que que se aplica a Al Qaeda de Bin Laden.

Disse que a África, na falta de parceria em pé de igualdade com a Europa, poderia voltar-se para os BRIC's (Brasil, Rússia, India e Chinja) e outros países da América Latina.

Em 2011, surgiram as rebeliões na Tunísia e Egito. Kadafi sempre enfrentou minorias de oposição rebelde, e os EUA e Europa resolveram aliarem-se a eles, fornecendo armas, mercenários e bombardeios da OTAN. Mahmoud Jibril (aquele nome acima) desertou do governo de Kadafi e aliou-se aos "rebeldes"

Kadafi foi derrubado, e entrou no rol da história como aqueles que morreram sem se render, como Saddan Hussein. Por mais que sejam demonizados na imprensa ocidental, e que tenham suas responsabilidades na violação de direitos humanos da oposição, o fato é que foram dois líderes nacionalistas (na maior parte do tempo) que não se renderam às potências imperialistas e, mais cedo ou mais tarde, seus povos irão inspirar-se nesta resistência.

Mas e quem assume na Líbia? O primeiro ministro é Mahmoud Jibril, aquele nome que pedi para se lembrarem acima: o neoliberal adestrado nas universidades estadunidenses, que até março de 2011, foi justamente o responsável por agradar a elite imperialista e arruinar a popularidade de Kadafi. Pobre Líbia, será espoliada nesta década, como a América Latina foi nos anos 90.

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