Quais as razões que levaram o ex-governador a mudar de ideia e
concorrer à Prefeitura de São Paulo, numa eleição com ares de
disputa nacional em que o futuro da oposição está em jogo
Pedro Marcondes de MouraNA BOLA SETE
Antes sem perspectivas, Serra agora aposta
todas as fichas na eleição a prefeito de São Paulo
O notívago José Serra começou a trabalhar cedo na última semana. Às 9 horas da manhã da segunda-feira 27, o ex-governador de São Paulo comunicou publicamente o desejo de concorrer à Prefeitura de São Paulo e fez com que a eleição na capital paulista ganhasse de forma irreversível ares de disputa nacional. “Hoje comunicarei por escrito à direção do PSDB de São Paulo minha disposição de disputar”, escreveu em seu perfil no Twitter. A mensagem com menos de 140 caracteres nem parecia ser de autoria da mesma pessoa que, há menos de dois meses, se irritava ao ter seu nome ventilado para concorrer ao pleito deste ano e chegou a comparar a candidatura a um enterro. Serra, porém, com a experiência de quem já concorreu duas vezes à Presidência da República, percebeu a mudança da conjuntura política e passou a vislumbrar no horizonte um cenário tenebroso para ele e para a oposição. Caso não disputasse, assumiria com o PSDB o risco de entregar de bandeja para o PT o principal bunker da oposição. Diante de uma provável derrota na capital paulista, a consequência natural seria a perda do governo de São Paulo, há duas décadas o mais importante posto tucano, e uma nova vitória petista nas eleições presidenciais em 2014. E a força governista, hoje já hegemônica, assistiria ao completo esfacelamento do principal partido oposicionista do País.
Esse entendimento dominou a pauta das conversas mantidas nos últimos dias entre os principais líderes da oposição, a partir da aproximação entre o PT e o PSD do prefeito Gilberto Kassab. Mas, conforme apurou ISTOÉ com tucanos ligados a Serra, o ex-governador entabulou outros cálculos de cunho estritamente pessoal antes de decidir entrar na disputa, possibilidade considerada, até a segunda-feira 27, morta e enterrada por ele. Serra entendeu que, sem máquina para operar e cargos para oferecer a aliados dentro da sigla, sua força política diminuía com rapidez. Também avaliou que, se não atendesse aos apelos para concorrer, estaria carimbado como elemento desagregador dentro do partido e a porta para uma eventual candidatura presidencial em 2014 ficaria totalmente cerrada para ele. Hoje, com a candidatura a prefeito confirmada, Serra diz manter esse sonho “adormecido”, enquanto o ex-presidente Fernando Henrique aposta que Serra naturalmente retorna ao páreo, caso vença a eleição em São Paulo. Ou seja, o cenário já começa a mudar para ele com o simples anúncio da candidatura e a perspectiva de poder.
Antes de bater o martelo sobre a disputa pela prefeitura, no entanto, Serra impôs condições ao PSDB, como a garantia de que teria apoio incondicional do governador paulista Geraldo Alckmin na atração de partidos para o seu palanque e que não enfrentaria problemas nas prévias tucanas para a escolha do candidato da legenda, há meses em andamento. Durante a semana, parte de seus desejos foi atendida. Dois dos quatro postulantes à vaga, Bruno Covas e Andrea Matarazzo, saíram do páreo, e anunciaram apoio a Serra. Os outros dois candidatos, o secretário de Energia, José Aníbal, e o deputado federal Ricardo Tripoli, no entanto, permaneceram na disputa e, mais uma vez, Serra acabou expondo sua incrível capacidade de rachar o partido, mesmo quando ele está prestes a ser confirmado como candidato. Na terça-feira 28, depois de 14 dos 18 membros aprovarem o adiamento das prévias em uma semana, em benefício de José Serra, tudo se alterou ao toque de um celular. Após atender ao telefone, o vereador Floriano Pesaro propôs o adiamento da consulta à militância para o dia 25. Resultado: a proposta foi aprovada, mas com resultado apertado (10 a 8), revoltando os aliados de Aníbal e Tripoli. Dirigentes tucanos chegaram a comentar que o velho costume do ex-governador de fazer imperar a sua vontade permanece. “O Serra está tratorando as bases do partido”, esbravejou João Câmara, vice-presidente do diretório da capital paulista.
Já a formação de um amplo arco de alianças, outro anseio de Serra, enfrenta dificuldades. Do outro lado da trincheira política encontra-se o poderio da máquina federal. Na última semana, Dilma resolveu se mexer para angariar apoios para o candidato petista Fernando Haddad e o pleito assumiu uma conotação nacional ainda mais forte. A presidenta nomeou o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) para o Ministério da Pesca, numa clara tentativa de diminuir a resistência dos evangélicos a Haddad. Para levar o PR e o PDT para o palanque petista, Dilma também estuda outras mudanças no Ministério. No Palácio dos Bandeirantes, Alckmin fala em trocar secretários.
Nos últimos dias, quem também reforçou seu papel de articulador foi o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Além de levar Serra a um jantar do PC do B, Kassab passou a trabalhar para atrair ao palanque tucano o PTB, o PV e o PSB. E lançou uma polêmica ao dizer, segundo o presidente do PT, Rui Falcão, que a eleição de Serra poderia ser boa para o PT, pois na disputa presidencial de 2014, entre Dilma e Aécio, Serra apoiaria Dilma. Em meio a tantos interesses político-partidários, resta saber quais projetos os pré-candidatos reservam para os mais de 11 milhões de moradores de São Paulo.
Esse entendimento dominou a pauta das conversas mantidas nos últimos dias entre os principais líderes da oposição, a partir da aproximação entre o PT e o PSD do prefeito Gilberto Kassab. Mas, conforme apurou ISTOÉ com tucanos ligados a Serra, o ex-governador entabulou outros cálculos de cunho estritamente pessoal antes de decidir entrar na disputa, possibilidade considerada, até a segunda-feira 27, morta e enterrada por ele. Serra entendeu que, sem máquina para operar e cargos para oferecer a aliados dentro da sigla, sua força política diminuía com rapidez. Também avaliou que, se não atendesse aos apelos para concorrer, estaria carimbado como elemento desagregador dentro do partido e a porta para uma eventual candidatura presidencial em 2014 ficaria totalmente cerrada para ele. Hoje, com a candidatura a prefeito confirmada, Serra diz manter esse sonho “adormecido”, enquanto o ex-presidente Fernando Henrique aposta que Serra naturalmente retorna ao páreo, caso vença a eleição em São Paulo. Ou seja, o cenário já começa a mudar para ele com o simples anúncio da candidatura e a perspectiva de poder.
Antes de bater o martelo sobre a disputa pela prefeitura, no entanto, Serra impôs condições ao PSDB, como a garantia de que teria apoio incondicional do governador paulista Geraldo Alckmin na atração de partidos para o seu palanque e que não enfrentaria problemas nas prévias tucanas para a escolha do candidato da legenda, há meses em andamento. Durante a semana, parte de seus desejos foi atendida. Dois dos quatro postulantes à vaga, Bruno Covas e Andrea Matarazzo, saíram do páreo, e anunciaram apoio a Serra. Os outros dois candidatos, o secretário de Energia, José Aníbal, e o deputado federal Ricardo Tripoli, no entanto, permaneceram na disputa e, mais uma vez, Serra acabou expondo sua incrível capacidade de rachar o partido, mesmo quando ele está prestes a ser confirmado como candidato. Na terça-feira 28, depois de 14 dos 18 membros aprovarem o adiamento das prévias em uma semana, em benefício de José Serra, tudo se alterou ao toque de um celular. Após atender ao telefone, o vereador Floriano Pesaro propôs o adiamento da consulta à militância para o dia 25. Resultado: a proposta foi aprovada, mas com resultado apertado (10 a 8), revoltando os aliados de Aníbal e Tripoli. Dirigentes tucanos chegaram a comentar que o velho costume do ex-governador de fazer imperar a sua vontade permanece. “O Serra está tratorando as bases do partido”, esbravejou João Câmara, vice-presidente do diretório da capital paulista.
Já a formação de um amplo arco de alianças, outro anseio de Serra, enfrenta dificuldades. Do outro lado da trincheira política encontra-se o poderio da máquina federal. Na última semana, Dilma resolveu se mexer para angariar apoios para o candidato petista Fernando Haddad e o pleito assumiu uma conotação nacional ainda mais forte. A presidenta nomeou o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) para o Ministério da Pesca, numa clara tentativa de diminuir a resistência dos evangélicos a Haddad. Para levar o PR e o PDT para o palanque petista, Dilma também estuda outras mudanças no Ministério. No Palácio dos Bandeirantes, Alckmin fala em trocar secretários.
Nos últimos dias, quem também reforçou seu papel de articulador foi o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Além de levar Serra a um jantar do PC do B, Kassab passou a trabalhar para atrair ao palanque tucano o PTB, o PV e o PSB. E lançou uma polêmica ao dizer, segundo o presidente do PT, Rui Falcão, que a eleição de Serra poderia ser boa para o PT, pois na disputa presidencial de 2014, entre Dilma e Aécio, Serra apoiaria Dilma. Em meio a tantos interesses político-partidários, resta saber quais projetos os pré-candidatos reservam para os mais de 11 milhões de moradores de São Paulo.
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