A operação Monte Carlo da Polícia Federal, sucedânea de outra abortada pelo Procurador Geral da República, a Vegas, sob alegação bastante questionada na sociedade de que os fatos apurados seriam insuficientes para ensejarem oferecimento de denúncia ao STF, continua a produzir celeuma e o estupor iniciou-se com o inusitado de como a CPMI foi aberta no congresso.
Enquanto a grande mídia nacional posicionou-se peremptoriamente alheia a qualquer investigação, o PT sempre acusado de fazer vistas grossas a uma suposta corrupção endêmica que corrói as instituições trouxe para si o ônus de bancar a criação da CPMI.
Dizem que o ex-presidente Lula vislumbrou uma vindita e manobrou contra tudo e contra todos para que a investigação fosse adiante, muito além das atribuições do Procurador Geral.
Sabe-se que CPI é instrumento da oposição para desestabilizar governos. Nesta ótica, não interessa ao governo a instalação de uma CPI que ninguém imagina como terminará. Isto em tese.
O certo é que o componente explosivo da atual CPI que resulta de uma profunda investigação da Policia Federal trouxe à superfície um personagem muito conhecido do submundo da contravenção, Carlinhos Cachoeira, cujas relações com o governador Perillo, Demóstenes e a revista Veja, acendeu o sinal da oportunidade de um acerto de contas com um passado recente que quase leva o governo do ex-presidente Lula a lona.
Cachoeira, em conluio com Policarpo Júnior e o araponga Jairo Martins foram os responsáveis pelo escândalo Valdomiro Diniz que deu origem ao mensalão, a queda de José Dirceu, a CPI dos correios, mais conhecida como a CPI do fim do mundo e a quase paralisação do governo Lula.
A investigação da Polícia Federal desvendou o maior mistério que rondava Brasília. De onde a revista Veja obtinha informações para numa semana sim e outra não produzir tantos escândalos a ponto de pautar a oposição, derrubar ministros e criminalizar o governo, colando-lhe a pecha de corrupto, o fazendo somente com os governos Lula e Dilma ao passo que seletivamente blindava os governos estaduais tucanos, especialmente os de São Paulo, último bastião a ser rompido pelo PT? Quem era sua fonte oculta e como as informações chegavam a sua redação?
A operação Monte Carlo revelou que a fonte de Veja durante quase uma década era Carlinhos Cachoeira que montou uma central clandestina de grampo tendo como pontas de lança os arapongas Dádá e Jairo Martins.
Finalmente poderia ser provado que o famigerado jornalismo investigativo de Veja na verdade estava associado ao crime organizado e atuava ativamente para obstruir a justiça, proteger apaniguados e burlar a lei como quando melou a Satiagraha que levou Daniel Dantas para trás das grades com duas capas escandalosas, uma tratando de uma suposta república dos grampos ( que de fato existia, não como a revista dizia, atribuindo um descontrole à Polícia Federal a qual responsabilizava falsamente por haver grampeado quase todas as autoridades da república, inclusive ministros do STF que levou o boquirroto Gilmar Mendes a chamar o ex-presidente Lula as falas.
A tal da república dos grampos era controlada por cachoeira e policarpo Jr sabia, a Veja sabia, mas fez questão de enlamear a Polícia federal com uma acusação falsa.)
A outra capa tratou de um suposto grampo captado clandestinamente em que Gilmar Mendes, o onipresente Gilmar Mendes e a ex-vestal da República, Demóstenes Torres, conversavam sobre trivialidades transformadas em escândalo, resultando na demissão de Paulo Lacerda da Abin e o afastamento do delegado Queiroz das investigações que tinha o grupo Oportunity como alvo.
Daí porque o ex-presidente Lula percebeu que toda a farsa do mensalão foi adredemente montada e enxergou nas investigações da CPMI um meio de provar que Demóstenes e a gangue de Cachoeira estavam por trás da maior armação já tentada contra a democracia.
O que Lula não sabia era que a Delta também banhava-se nas águas de Cachoeira. Não era só a Veja, mas a revista Época e vários outros veículos de comunicação além de gente graúda do judiciário e vários políticos dos mais diversos matizes ideológicos se contaminaram com esse esquema espúrio, incluindo procuradores e promotores do Ministério público.
Esta é a razão pela qual a grande mídia nacional desde a eclosão do escândalo Cachoeira se postou em oposição ferrenha a que a CPMI prosseguisse com as investigações. Suas vísceras seriam expostas como realmente o foram.
Como antídoto passou a fazer uso dos mais histriônicos argumentos falseadores, de um diversionismo intolerável, do tipo que quer fazer a opinião pública crer que o único propósito dessa CPMI bancada por Lula e o PT é tirar o foco do julgamento do mensalão.
Até o Procurador Geral se utilizou dos mesmos sofismas para não responder a CPMI pela sua omissão de não ter denunciado o esquema Cachoeira ao STF. O STF vem sendo sistematicamente achincalhado, colocado sob suspeita de não agir para dá celeridade ao julgamento do mensalão. Seus ministros colocados sob suspeição. Votos cantados antes do julgamento.
Como tribunal inquisitorial, a grande mídia já julgou e condenou "os mensaleiros", muito embora a opinião pública os tenha absolvidos por reeleger em sua maioria aqueles que se recandidataram a um mandato eletivo, inclusive aquele que foi chamado de chefe de quadrilha, o ex-presidente Lula que teve o condão de eleger um poste para sucedê-lo, uma mulher que jamais disputou um cargo eletivo.
Agora surge mais um personagem que se associa a Veja e a grande imprensa nacional para tirar o foco das investigações e jogar mais lenha na fogueira do Supremo com o fito de fazê-lo apressar-se num julgamento de cartas marcadas, cujo resultado só poderá ser um, a condenação dos mensaleiros, o ex-presidente do STF, o ministro Gilmar Mendes que levantou uma gravíssima acusação ao ex-presidente Lula repercutida pela Veja, segundo a qual Lula teria oferecido blindagem a Gilmar na CPMI em troca do adiamento do julgamento do mensalão.
Gilmar foi desmentido pela única testemunha que presenciou o diálogo entre Lula e Gilmar, o ex-ministro Nelson Jobim que garante que o ex-presidente Lula não tratou desse assunto na conversa que tiveram a três em seu escritório a pedido do próprio Gilmar.
A boca miúda corre o boato de que Gilmar teria se envolvido com o esquema Cachoeira e suas declarações estapafúrdias seriam uma vacina para prevenir-se de uma eventual denúncia que o enredasse nas maracutaias investigadas pela CPMI.
Há uma guerra declarada. As redes sociais estão em polvorosa. É o assunto que mais se comenta. Agora não tem mais volta. As investigações precisam tomar seu curso natural e não há como retroceder. As portas da latrina foram abertas e a fedentina se espalha pelos ares.
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