quinta-feira, 17 de maio de 2012

PTXPSDB: acidente no metrô vira briga eleitoral


Diz o borcardo: quando um não quer, dois não brigam. O contrário também é verdadeiro: quando um quer, dois se engalfinham. O PT de Fernando Haddad e o PSDB de José Serra transformaram em briga eleitoral uma colisão de trens do metrô que feriu 49 e levou 103pessoas às unidades de saúde da cidade de São Paulo.
A contenda foi inaugurada pelos partidários de Haddad, o candidato de Lula à prefeitura paulistana. Nas pegadas do acidente, a bancada do PT na Assembléia Legislativa de São Paulo apressou-se em acusar o governo tucano de Geraldo Alckmin de podar os investimentos no metrô.
Em texto levado à web, o petismo fustigou: “Tucanos deixaram de investir R$ 208 milhões na modernização do metrô em 2011”. Foi além: “Só na Linha 3–Vermelha, onde ocorreu o acidente desta quarta-feira (16), os tucanos deixaram de investir mais de R$ 65 milhões, ou 25% do orçado.”
Para não deixar dúvidas quanto às suas intenções, o PT anotou: “Assim, não é de se estranhar que uma falha técnica seja a hipótese mais provável da causa do acidente no metrô.”
Num dia em que Lula e FHC estreitavam a inimizade como convidados de honra de Dilma Rousseff na cerimônia de instalação da Comissão da Verdade, em Brasília, o partido da anfitriã do Planalto destilou veneno na cena paulistana.
Diz o texto do PT: “O governo federal, com Lula e Dilma Rousseff à frente, investiu, em média, o equivalente para se construir (sic) 3,24 km por ano de metrô em São Paulo. O governo de Fernando Henrique Cardoso investiu apenas o equivalente 0,5 km por ano.”
Na conta da turma de Haddad, “Lula e Dilma autorizaram cerca de R$ 15 bilhões para a rede metroferroviária, […] enquanto FHC emprestou pouco mais de R$ 4 bilhões.”
Os adeptos da candidutra de Serra responderam por meio de nota. Assinam a peça os presidentes dos diretórios do PSDB no município e no Estado –respectivamente Julio Semeghini e Pedro Tobias. Evocando a diferença que separa Haddad de seu antagonista nas pesquisas –3% para um e 30% para o outro—, a dupla escreveu:
“É lamentável que o PT utilize um acidente para fazer política partidária e atacar o governo com inverdades. Ao invés de se solidarizar com a população paulista, o PT utiliza de falácias para tentar alavancar seu candidato à prefeitura de São Paulo. É a velha tática petista do ‘quanto pior melhor’.”
Sem mencionar cifras, os tucanos sustentaram que a gestão Alckmin “investe pesadamente no metrô, em nível só comparado ao da China.” No ano passado, diz a nota, “a rede de metrô cresceu 5,4 km e ganhou quatro novas estações.” Até 2014, “serão 100 km de extensão, com acréscimo de 30 km, além de mais de 40 km já contratados para serem entregues em 2015 e 2016.”
Cuidaram de desmerecer Lula e Dilma: “Tudo isso foi feito pelos Governos do PSDB, sem um Real em auxílio do governo federal do PT nos últimos nove anos.” Como assim? “Os recursos federais que entraram nos cofres paulistas foram apenas por linhas de crédito, pagas, com juros e correção, pelo governo de São Paulo por meio da arrecadação de impostos do contribuinte paulista.”
A dupla tucana ironizou: “Querer comparar recurso de empréstimo à gentileza do governo é como dizer ao cidadão que financia seu imóvel que o banco o está ajudando a quitar suas parcelas.”
Muitos dos acidentados do metrô talvez não entendam de política. Mas qualquer criança de cinco anos é capaz de perceber as politicagens. Convertidas em matéria prima eleitoral, as vítimas haverão de concluir: em política, nada se perde e nada se transforma –tudo se avilta.

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