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COMO A CASSAÇÃO DE DEMÓSTENES TORRES É DADA COMO CERTA, MINISTRA DE DILMA JÁ PENSA NO PULO DO GATO: IMPUGNAR A CHAPA DO EX-DEMOCRATA PARA QUE, EM VEZ DO SUPLENTE WILDER MORAES, QUE É DO DEM, VÁ PARA O SENADO O 3O COLOCADO, PETISTA PEDRO WILSON. SE ISSO ACONTECER, PMDB PODE SE ESTRANHAR COM PT EM GOIÁS
Vassil Oliveira_Goiás 247 – A cassação do mandato do senador Demóstenes Torres (ex-DEM) é dada como certa no governo federal. O seu primeiro suplente e sucessor natural é o atual secretário de Infraestrutura no governo do goiano Marconi Perillo (PSDB), Wilder Moraes, ex-marido da mulher de Carlinhos Cachoeira, Andressa. Nesse caso, o DEM, que perdeu uma vaga no Senado, voltaria a ter o seu senador. Tudo bem, não fosse a ação se super Ideli Salvati.
Informação na revista Veja desta semana dão conta de que a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvati, quer acelerar o processo de cassação de Demóstenes e ver em seu lugar não o suplente, mas o terceiro colocado na disputa pelo Senado em Goiás, Pedro Wilson (PT). Para isso, ela incentiva o PT nacional a entrar na Justiça Eleitoral para impugnar a chapa inteira pela qual Demóstenes se elegeu, abrindo caminho para o petista.
Pedro Wilson foi prefeito de Goiânia de 2000 a 2004. Perdeu a reeleição para o peemedebista Iris Rezende. Iris é hoje aliado do PT no Estado. Candidato a senador, Pedro obteve 878,910 votos; Demóstenes, o mais votado, 2.158.812. Lúcia Vânia, a segunda colocada, somou 1.496.559 votos. Em março, Pedro assumiu a Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente.
Um fato curioso. Hoje deputada federal, Marina Sant’Anna, que é da mesma tendência de Pedro Wilson, é suplente e só está em exercício do mandato porque o deputado federal Thiago Peixoto, eleito pelo PMDB na mesma chapa do PT, deixou o partido para assumir a Secretaria da Educação do governo de Marconi Perillo (PSDB).
Recentemente, com os professores do Estado em greve, Marina esteve para ceder o lugar para Thiago. Isso só não aconteceu porque os professores resolveram acabar com a greve, numa decisão contestada do sindicato da categoria. O intermediador da volta dos professores à sala de aula foi o subchefe de Assuntos Federativos da Presidência da República, Olavo Noleto, que trabalha lado a lado com Ideli Salvati e é também da tendência de Pedro e Marina no PT goiano.
Olavo funciona como uma espécie de embaixador de Goiás no governo federal desde Lula. É creditado a ele por integrantes do governo Marconi Perillo, por exemplo, o empenho decisivo para o fechamento da negociação envolvendo a Celg no ano passado. Esta negociação teria fortalecido Marina como deputada, na época. Agora, em mais uma negociação, desta vez com os professores, Olavo foi o interlocutor entre o governo Marconi e o sindicato. Resultado: fim da greve e mandato de Marina mantido.
Para fechar o capítulo das curiosidades: Wilder é um dos secretários que Marconi já quis que pedisse para deixar urgente o governo, no que só recuou ao avaliar que poderia estar comprando briga com um senador com mais de seis anos de mandato. Será que, com Pedro Wilson, o papo é outro?
Fato: Pedro Wilson no Senado embaralharia o jogo político em Goiás. O PT poderia exigir passar de coadjuvante do PMDB na disputa de 2014 para protagonista. Nesse caso, os peemedebistas topariam ajudar a reeleger o petista Paulo Garcia este ano, em Goiânia, correndo o risco de se enfraquecer ainda mais? Ou poderia, como muitos já querem hoje, mudar de ideia e lançar agora candidato próprio contra Paulo?
Até o final do ano passado, pesquisas qualitativas mostravam que a força de Paulo Garcia, com Iris como cabo eleitoral, era uma e, sem Iris, outra, bem menor. E recente pesquisa Serpes publicada pelo jornal O Popular mostrou que ele lidera as intenções de voto, mas há uma avenida para um nome novo (leia aqui). O novo poderia ser então alguém do PMDB carregado por Iris?
Pedro Wilson senador seria uma mexida e tanto no tabuleiro político de Goiás. Um abalo muito menor que o de Wilder Moraes senador, por ora uma incógnita, mas uma incógnita que, pelo perfil empresarial, dificilmente seria um novo Demóstenes na oposição ao governo federal. Muito pelo contrário.
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