Foto: Agência Brasil_Divulgação
FALTA DE RESPOSTAS PARA A VENDA DE SUA CASA TORNAM INEVITÁVEL A QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO E FISCAL DO GOVERNADOR DE GOIÁS; DECISÃO SERÁ VOTADA PELA CPI NOS PRÓXIMOS DIAS; SE ISSO NÃO BASTASSE, FALTA EXPLICAR COMO O SUPOSTO COMPRADOR DA MANSÃO RECEBE TANTOS RECURSOS DO ESTADO EM BOLSAS DE ESTUDO
247 – O tucano Marconi Perillo, governador de Goiás, já provou, nesta CPI, que gosta de jogar no ataque. Foi um dos primeiros a dizer que a Operação Monte Carlo era “cortina de fumaça” para postergar o julgamento do mensalão, foi também o primeiro governador a se colocar à disposição da CPI e, em entrevistas na semana passada, reduziu a um “erro imperdoável” o fato de não ter verificado a procedência dos cheques de R$ 1,4 milhão que foram usados para pagar pela casa, vendida por ele, no condomínio Alphaville de Goiânia. A procedência era Carlos Cachoeira.
Ontem, o dia foi desastroso para Marconi, dentro e fora da CPI. O empresário Valter Paulo Santiago, dono da Faculdade Padrão, disse que pagou pela casa em dinheiro vivo, em “pacotinhos, com notas de 50 e 100”. Mas, se foi em dinheiro, qual a razão dos cheques? A assessoria do governador goiano afirmou que não há nenhuma contradição. O ex-vereador Wladimir Garcez teria tomado um empréstimo junto à Construtora Delta e pago em cheques, desistindo depois da compra. Em seguida, Valter Paulo pagou em dinheiro, mas não fez questão da posse do imóvel. Deixou que o mesmo fosse ocupado por Cachoeira e sua esposa Andressa.
Segundo argumenta a colunista Dora Kramer, em sua coluna de hoje no Estado de S. Paulo, alguém está mentindo: Marconi, Valter Paulo – ou até mesmo os dois. Dora aventa até a hipótese de que a casa tenha sido paga em duas partes: R$ 1,4 milhão com os cheques de Cachoeira e R$ 1,4 milhão em dinheiro. E disse ainda que é Marconi quem está “em xeque”. Por isso mesmo, membros da comissão devem votar a quebra do seu sigilo bancário e fiscal antes do depoimento do governador, marcado para o dia 12. Ou seja: é grande o risco de que ele tenha que se deparar com novas revelações desagradáveis antes mesmo de depor.
Além disso, uma reportagem do jornal O Globo apontou que ele quintuplicou seu patrimônio no período em que foi governador. Vários imóveis deixaram de ser declarados e, segundo Marconi, teriam sido omitidos de sua declaração por orientação de advogados.
Finalmente, há ainda que se esclarecer por que o governo de Goiás destinou tantos recursos à Faculdade Padrão, de Valter Paulo, que ostenta uma das piores avaliações do MEC. Teriam sido mais de R$ 60 milhões em bolsas de estudo nos últimos anos.
Valter Paulo chegou até a falar sobre um encontro com Carlos Cachoeira, numa churrascaria, em que o bicheiro teria perguntado quando ele iria descansar. “Quando conseguir um curso de medicina para o povo de Goiás”, disse. Depois disso, o senador Demóstenes Torres, a pedido de Cachoeira, passou a interceder junto ao Ministério da Educação para que o curso fosse aprovado.
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