Grandes petrolíferas internacionais se preparam para disputar o leilão de um dos maiores campos de petróleo do mundo. Saiba como isso vai ajudar a economia brasileira
Michel Alecrim e Wilson AquinoO leilão da maior descoberta de petróleo no pré-sal já feito no Brasil, o campo de Libra, na Bacia de Santos, será uma espetacular queda de braço entre as gigantes petrolíferas internacionais. Pelo menos 30 empresas de 21 países devem fazer lances, isoladamente ou em consórcios, para lutar pelo direito de explorar um volume estimado entre 26 bilhões e 42 bilhões de barris. Lançado na semana passado, o edital prevê a entrega de documentos até setembro e a realização do leilão no dia 21 de outubro. Entre as principais concorrentes, é considerada certa a participação da anglo-holandesa Shell, das americanas ExxonMobil e Chevron, da britânica BP e da chinesa Sinopec. Para especialistas, todas elas de alguma forma devem assediar a Petrobras, parceira ideal diante de sua expertise na exploração da camada do pré-sal. Por lei, a petrolífera brasileira tem direito a 30% do campo a ser leiloado e pode disputar os 70% restantes. “A Petrobras é uma referência em tecnologia de exploração em águas profundas, mas terá que se capitalizar para retirar petróleo de Libra”, diz Adriano Pires, consultor do Centro Brasileiro de Infraestrutura. “Por isso, uma parceria com os chineses, que têm disponibilidade de capital, é cada vez mais provável.”
EXPERTISE
Plataforma da Petrobras: empresa é parceira
estratégica para os estrangeiros interessados no pré-sal
Plataforma da Petrobras: empresa é parceira
estratégica para os estrangeiros interessados no pré-sal
POTENCIAL
Magda Chambriard, da ANP:
"O pré-sal desperta o interesse de diversos países"
Magda Chambriard, da ANP:
"O pré-sal desperta o interesse de diversos países"
Apesar do lucro inicial, o Brasil vai começar a faturar mesmo quando a produção estiver a todo o vapor. Em 2022, no ápice, estima-se que a receita do campo de Libra fique em torno de R$ 75 bilhões. Só em royalties, gerariam R$ 11 bilhões. Apesar de o governo defender o uso dessa verba para a educação (75%) e saúde (25%), a destinação ainda está em discussão no Congresso Nacional. Magda Chambriard, diretora da ANP, se encontrou recentemente com investidores em Singapura e na Inglaterra, onde ressaltou o fato de Libra já ter passado por avaliações técnicas. Não só o risco é menor, como o vencedor poderá encontrar soluções para extrair até mais do que o órgão previu. “A primeira licitação do pré-sal está despertando interesse em todo o mundo”, disse Magda à ISTOÉ. “Tanto em Londres quanto em Singapura, notei muito interesse por parte das grandes petroleiras como também dos investidores e da imprensa internacional. Tenho a certeza de que o leilão vai ser um sucesso.”
Fotos: WILTON JUNIOR/AE; Aline Massuca/Valor/Folhapress
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