A Justiça encontra uma maneira de acabar com o anonimato dos vândalos mascarados que se infiltram nas manifestações
Mário Simas FilhoEm junho, as manifestações que tomaram as ruas brasileiras surpreenderam os políticos e os especialistas sociais de plantão. Com bandeiras diversas, milhões de pessoas ocuparam as ruas e mostraram que o País vive o período democrático mais maduro de sua história. Mas, passados os primeiros atos, o País se recolheu. Não pela falta de respostas às genéricas reivindicações. Pelo contrário, a pequena fatia concreta da demanda levada às praças acabou atendida e, como não se via há muitos anos, a sociedade pautou a agenda política. O que fez os brasileiros refluírem foi a apropriação do movimento por grupos interessados mais em barbarizar do que em reivindicar. Alguns até com alguma causa, que tende a perder legitimidade na medida em que partem para a depredação. Outros empenhados apenas em se juntar aos manifestantes com o objetivo de quebrar o que veem pela frente, seja público, seja privado. De comum entre eles: a covardia. Escondem-se atrás de máscaras. Vândalos sabem que cometem crimes comuns, mas buscam se posicionar entre manifestantes pacíficos para dar ao vandalismo alguma pseudoconotação política. Em um primeiro momento, a violência praticada por uma polícia despreparada acabou ajudando a fermentar a mobilização. Depois, a violência dos vândalos foi decisiva para o esvaziamento das ruas. Na semana passada, porém, uma nova postura adotada por policiais, promotores e juízes de vários Estados reafirmou o amadurecimento da democracia brasileira.
CIDADANIA
Depredação e paralisação de rodovias, portos e aeroportos
costumam dar cadeia até nas democracias mais desenvolvidas
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Ainda sobre as manifestações, outra boa notícia veio de São José dos Campos, no interior de São Paulo. O juiz da 2ª Vara Federal proibiu o Sindicato dos Metalúrgicos de bloquear as avenidas próximas à rodovia Presidente Dutra. Uma medida que pôs fim a uma situação que vinha provocando antipatia generalizada ao movimento sindical. Nos últimos meses cansou-se de ver duas ou três dezenas de pessoas pararem as principais estradas do País, portos e até aeroportos. Manifestar é um direito. Um exercício de cidadania. Mas, mesmo nas democracias mais evoluídas, parar uma rodovia ou um porto por causa de meia dúzia de pessoas em defesa de interesses meramente corporativos costuma resultar em cadeia. Com medidas como essas, é muito provável que os brasileiros voltem de forma sadia às ruas e que nossa democracia amadureça mais e mais.
http://www.istoe.com.br/reportagens/323070_A+SENSATEZ+CONTRA+A+BAGUNCA
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