Bailarino suspeito de planejar ataque com ácido contra o ex-diretor do Bolshoi cria polêmica ao assumir a maior escola de balé do mundo em São Petersburgo
por Fabíola PerezO balé russo é reconhecido em todo o mundo por sua tradição e grandiosidade. Casos de corrupção, prostituição e escândalos políticos, porém, têm saído frequentemente das coxias para vir a público. No início do mês, o consagrado bailarino do teatro Bolshoi, Nikolai Tsiskaridze, foi nomeado pelo ministro da Cultura da Rússia, Vladimir Medinsky, o novo diretor da maior e mais antiga escola de balé do país, a Academia de Vaganova, em São Petesburgo. A nomeação ocorreu à revelia da comunidade artística. Não tardou para que uma das melhores bailarinas do renomado balé local, Diana Vishneva, criticasse a escolha. “Não havia motivos para uma mudança tão controversa”, disse ela. Tsiskaridze é apontado como o mandante do atentado contra o ex-diretor artístico do teatro Bolshoi, Sergei Filin, em janeiro. “A reputação do teatro foi drasticamente abalada com esse episódio”, disse à ISTOÉ Simon Morrison, professor da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, e autor do livro “Bolshoi Confidencial – Os Segredos do Balé Russo”.
ISOLADO
Tsiskaridze virou diretor do balé de São Petersburgo sem apoio da comunidade artística
Tsiskaridze virou diretor do balé de São Petersburgo sem apoio da comunidade artística
O ataque com o ácido, que obrigou Filin a se submeter a 24 cirurgias para reconstituir o rosto, jogou luz sobre a crise interna do Bolshoi. “Nos últimos tempos o teatro estava em guerra”, afirma Elena Jaeger, diretora do Instituto Cultural Russo no Brasil. “Ao que tudo indica, a inveja e a ambição profissionais foram os motivos do crime.” Em junho, Tsiskaridze não teve seu contrato renovado pelo Bolshoi. Um dos motivos que pode ter levado à demissão é o desentendimento do bailarino com o diretor-geral da companhia, Anatoly Iksanov. Na sequência, o ministro da Cultura da Rússia nomeou Vladimir Urin como o novo diretor-geral. “Um de seus primeiros atos foi estabelecer um novo acordo coletivo de trabalho com os dançarinos”, diz Morrison, de Princeton. “A iniciativa melhorou instantaneamente o convívio entre os profissionais.”
Enquanto no Bolshoi a esperança é que as nuvens comecem a se dissipar, na Academia de Vaganova a dúvida sobre o futuro da instituição ainda paira. Além de Tsiskaridze, sua companheira de dança, Uliana Lopatkina, também suspeita de participar do ataque a Filin, foi nomeada diretora artística. A bailarina de São Petersburgo, Diana Vishneva, é taxativa: “Temos muitas esperanças de que não seja o fim de uma grande escola”. Por enquanto, é necessário esperar para saber se a crise no balé russo, de fato, chegará ao norte do país.
http://www.istoe.com.br/reportagens/333807_CRISE+E+INTRIGAS+NO+BALE+RUSSO
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