Autor: Miguel do Rosário
Tucanos, tremei. Ele está de volta. O homem que explodiu a falsa virgindade tucana, ao lançar o campeão de vendas Privataria Tucana, Amaury Ribeiro Júnior, afirma que tem documentos que provam que Alberto Yousseff, o doleiro que a mídia hoje só trata como “amigo de André Vargas”, deputado federal do PT, é na verdade uma bomba que pode estourar no colo do PSDB.
Isso porque as principais negociatas de Yousseff aconteceram durante a era tucana. Uma CPI para investigar Yousseff ou a Petrobrás acabaria, segundo Amaury, em Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-diretor do BB, ex-caixa de campanha de Serra.
Amaury afirma que “quem montou o esquema de propinas na Petrobras foi o Youssef, não no governo do PT, mas no do PSDB”.
As observações de Amaury nos levam novamente a questão do domínio da narrativa da corrupção pela mídia. Assim como ocorreu com o mensalão, os jornalões conseguem transformar temas que poderiam servir para o Brasil combater antigos esquema de desvios de verba em cruzadas morais que visam exclusivamente desgastar o PT.
Com isso, os grandes escândalos nacionais: Banestado, privataria, Daniel Dantas, valerioduto, corrupção na Petrobrás, para dar alguns exemplos, são abafados ou manipulados, infelizmente às vezes com ajuda de setores corrompidos do Ministério Público. Procuradores têm o estranho costume de “errar gavetas” quando se trata de investigar escândalos tucanos. Outros se acham no direito de quebrar o sigilo telefônico de Brasília inteira por causa de uma fofoca de jornal, mas não ousam investigar pra valer as tramóias de um José Roberto Arruda, flagrado em vídeo contando dinheiro durante o chamado mensalão do DEM, e que permanece livre, leve e solto e candidato fortíssimo ao governo do Distrito Federal.
Leiam a matéria de Vasconcelos Quadros, do IG:
Doleiro ligado a Vargas é tiro no pé do PSDB, diz autor de livro
Por Vasconcelo Quadros – iG São Paulo | 19/04/2014 06:00
Alberto Youssef, ligado ao deputado petista André Vargas, já teria operado para Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-diretor do BB e ex-caixa de campanha do ex-ministro José Serra
A empenho de figuras do PSDB para a criação da CPI da Petrobras pode se transformar em um tiro no pé dos próprios tucanos. A observação é do jornalista Amaury Ribeiro Jr, autor de “A Privataria Tucana”, livro que denuncia irregularidades na privatização das teles e um suposto esquema de evasão de divisas para paraísos fiscais durante o governo Fernando Henrique Cardoso.
O livro traz uma revelação que parece ter sido esquecida pelos tucanos ávidos pela criação da CPI da Petrobras: o doleiro Alberto Youssef, ligado agora ao deputado André Vargas (PT-PR), já teria operado para Ricardo Sérgio de Oliveira, o ex-diretor internacional do Banco do Brasil e ex-caixa de campanha do ex-ministro José Serra, duas vezes candidato derrotado à Presidência.
“Quem montou o esquema de propinas na Petrobras foi o Youssef, não no governo do PT, mas no do PSDB”, afirma o jornalista. “Ele havia feito a mesma coisa no Caso Banestado”, lembra Amaury. No livro, ele relata que entre 1996 e 1997 o doleiro enviou para Nova York, por meio de uma off-shore, a June International Corporation, US$ 56 milhões descobertos em uma subconta bancária hospedada na Beacon Hill Service Corporation, uma espécie de conta-ônibus no Chase Manhattan (hoje JP Morgan Chase). O dinheiro tinha como destino final uma agência das Ilhas Virgens Britânicas.
O esquema Banestado alimentou a remessa de US$ 30 bilhões que escoaram através de movimentações pelas CC-5 (Carta Circular nº 5, do Banco Central), criadas para permitir saques e depósitos de estrangeiros em trânsito cuja finalidade foi deturpada. Uma das pontas da imensa rede era operada por Youssef, que utilizava laranjas no Paraguai e no Uruguai para despistar o rastreamento bancário.
A conta tinha o sugestivo nome de Tucano e, segundo Amaury, era integralmente administrada pelo advogado americano David Spencer, procurador de Ricardo Sérgio de Oliveira. “Está se repetindo agora o mesmo que ocorreu no mensalão: o PT foi procurar um personagem que já operou para o PSDB”, diz Amaury. Ou seja: o Youssef, segundo o jornalista, é o Marcos Valério da Petrobras, uma segunda herança tucana ao PT na seara de malfeitos.
Pela voracidade com que os tucanos têm investido na criação da CPI da Petrobras, Amaury acha que as informações mais apimentadas de um suposto relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), do Ministério da Justiça, ainda não vieram à tona. Pelos indícios do apurou, ele aposta, no entanto, que há matéria-prima para desgaste nos dois maiores partidos.
“Estou ansioso para ser chamado à CPI”, afirma Amaury, que diz ter guardado alguns documentos não revelados em “A Privataria Tucana”. O livro, já vendeu mais de 150 mil exemplares, traz também uma revelação que está sendo robustecida pelas novas investigações da Polícia Federal: a participação de doleiros em grandes esquemas de financiamento de tráfico de drogas no atacado.
No livro de Amaury, Youssef é apontado como um profissional eclético. O doleiro atuava, ao mesmo tempo, para tucanos de penas reais e traficantes barra pesada, como Fernandinho Beira Mar ou o bicheiro João Arcanjo Ribeiro, conhecido como comendador. Em Foz do Iguaçú, no rastro da Operação Lava Jato, a Polícia Federal descobriu doleiros financiando operações de alta envergadura no tráfico internacional.
O deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) tentou por duas vezes criar a CPI da Privataria. Delegado da Polícia Federal, o deputado investigou o caso e conhece o doleiro ao ponto de prever que ele fará, mais uma vez, acordo de delação privada para escapar de uma pesada sentença. Youssef estaria “no ponto” para ser ouvido numa CPI.
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