Postado em 30 jul 2014
O Brasil vai acabar.
Quem diz isso é o analista de investimentos Felipe Miranda, um dos sócios e fundadores da consultoria de investimentos Empiricus.
Num texto que a própria Empiricus define como “leitura obrigatória”, Miranda vaticina o fim do Brasil.
Para breve.
Isto, é claro, caso Dilma se reeleja. Aí, segundo ele, o caos vai se instalar na economia, e estaremos todos fritos.
Quer dizer: todos menos os sócios da Empiricus. Porque eles estão fazendo do horror econômico uma arma de vendas.
Num anúncio controvertido na internet, eles prometeram aos eventuais clientes a fórmula infalível para “se proteger da Dilma”.
O anúncio foi tirado do ar por ordem do Tribunal Superior Eleitoral, depois de uma reclamação do PT.
O TSE entendeu que aquilo era uma peça eleitoral contra Dilma.
Tenho outra visão. Não é exatamente contra Dilma, mas contra a decência.
Pelo seguinte: eu induzo você a achar que uma bomba atômica está prestes a explodir onde você vive. E ao mesmo tempo ofereço a você abrigo antinuclear.
Sua crendice é meu lucro.
É uma coisa próxima da vigarice. Eu estou engambelando você. Eu estou vendendo o problema e ao mesmo tempo a solução para você.
A Empiricus é pequena, e não tem grandes histórias a contar em sua até aqui breve existência de cinco anos.
Mesmo assim, por causa do anúncio, ela virou notícia.
Pelo menos numa ocasião cometeu um erro monumental de avaliação. No final de 2009, recomendou entusiasmadamente que os investidores comprassem papeis da OGX, de Eike.
“OGX pode dobrar de valor na bolsa, diz Empiricus”: este o título de uma matéria da Exame.
Bem, o final da história todos sabemos.
Você conhece a alma da Empiricus vendo sua conta no Twitter. Ela tem pouco mais de 5 000 seguidores. E segue apenas vinte pessoas.
Entre elas estão Reinaldo Azevedo, Rodrigo Constantino, Lobão, Roger e Danilo Gentili.
Todos eles saíram a campo para defender a Empiricus do “terror petista” por conta da retirada do anúncio do ar.
Felipe Miranda talvez não seja brilhante em avaliações, ou um exemplo de ética, mas de marketing ele tem boas noções.
Sabe aparecer.
No meio da confusão, ele aproveitou para avisar que está pensando em contratar a analista demitida pelo Santander depois de oferecer, ela também, proteção contra Dilma.
(O Santander errou duas vezes: ao publicar o boletim e depois ao demitir a autora.)
Tenho aqui um pressentimento.
Com a notoriedade adquirida agora graças ao anúncio e ao relatório que enterra o Brasil, Felipe Miranda se credencia a ser mais um colunista da Veja, ou do Globo, ou da Folha, ou do Estadão.
Pressinto que vamos ouvi-lo com frequência na CBN e na Globonews em programas sobre a economia.
Daí, da alavanca esplêndida da mídia, a palestras de 10, 20 ou mesmo 30 000 reais é um pulo.
Com a vantagem que, na mídia, ele pode fazer avaliações como a relativa a Eike sem consequência nenhuma para si próprio.
Basta falar mal do PT. O resto não importa.
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