quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Datafolha do "otimismo" sugere derrota da mídia na cobertura econômica



Jornal GGN - A leitura da pesquisa Datafolha divulgada nesta quarta-feira (22) mostra que o brasileiro não engoliu o terrorismo midiático feito em torno da gestão econômica de Dilma Rousseff (PT) nos últimos anos. Essa é a avaliação do cientista político da UFRJ e coordenador do projeto Manchetômetro, João Feres Júnior.
Segundo o Datafolha, caiu de 50% para 31% o número de eleitores que acham que a inflação vai aumentar - patamar mais baixo registrado desde 2007. O número de crentes que o desemprego vai diminuir saltou de 23% para 31%, e aqueles que acham que a situação econômica do País vai melhorar após as eleições cresceu de 32% para 44%. Apenas 15% imaginam que vai piorar, independente do vencedor da disputa presidencial.
Folha de S. Paulo usou os dados da nova pesquisa para justificar que a sensação positiva em torno da economia está diretamente relacionada à eleição. Trocando em miúdos: o eleitor de Dilma está otimista porque está confiante na reeleição da petista e na consequente melhora do setor. O eleitor de Aécio Neves (PSDB) é tão convicto quanto o eleitor de Dilma e também aposta que a economia ficará melhor com a possibilidade de vitória tucana.
Mas, segundo Feres Júnior, a explicação para o otimismo do brasileiro chama-se “horário eleitoral gratuito”. Em entrevista ao GGN, ele argumentou que a mídia tem feito, há anos, uma cobertura derrotista e quase uníssona da situação econômica durante o governo Dilma, que somente a intervenção da propaganda petista pode justificar a mudança de pensamento do eleitorado. 
Os dados do Manchetômetro ajudam a comprovar a tese do noticiário tendencioso. Desde 2013, o laboratório observou que o Jornal Nacional, O Globo, Estadão e Folha publicam um volume monstruoso de reportagens negativas sobre economia, passando para o seu leitor ou telespectador que vivemos uma crise à parte - embora o desemprego esteja em 5% e a inflação, dentro da banda da meta.
O expediente negativista não se alterou durante o período eleitoral. Desde que a campanha começou oficialmente, lá em meados de julho, 260 reportagens ruins para Dilma foram publicadas, ante 27 positivas e 64 neutras (dados atualizados em 21 de outubro de 2014).
“Se você olhar ao redor do mundo, verá que os Estados Unidos estão em um ciclo de pouco crescimento e estagnação, a Europa está em crise, a China está desacelerando, e nós estamos relativamente bem. Mas o eleitorado estava submetido somente à informação da mídia, fora do período de campanha. É só notícia ruim, e mesmo quando é notícia boa, há sempre um recorte ruim. 'Caiu a taxa de desemprego, mas caiu menos do que no mês passado’, por exemplo. Na época da campanha, há mais informação no horário eleitoral de rádio e TV, e nos debates. Ou seja: a grande mídia perde o monopólio informativo. Isso mexe com o eleitorado. As pessoas começam a pensar na experiência pessoal”, apontou Feres Júnior.
Empate técnico
De acordo com o Datafolha, Dilma lidera a disputa numericamente com 52% das intenções de voto válidos, ante 48% de Aécio. É a primeira vez que a presidente aparece na frente, mesmo que em situação de empate técnico em função da margem de erro da pesquisa, que é de dois pontos.
Na visão de Feres, Dilma tem mais motivos para comemorar a pesquisa do que Aécio. Isso porque a petista melhorou a avaliação de governo, cresceu entre o eleitorado de classe média e entre mulheres, e reduziu a distância de Aécio na região Sudeste, onde se concentra os principais colégios eleitorais do País. Na contramão, o tucano caiu em todas as regiões, perdeu pontos entre o gênero feminino e assistiu sua rejeição ultrapassar a de Dilma (41% contra 40%).
Reta final
Para o cientista político, a corrida, nessa reta final, será em busca do voto dos indecisos. Nesse cenário, Dilma não pode frear a campanha de desconstrução de Aécio, e o tucano também não pode diminuir o tom do discurso antipetista e em prol da alternância de poder.
“O Manchetômetro mostra que o Aécio é protegido pela mídia. Os escândalos do PSDB e do Aécio não têm cobertura ampla. É papel importante da campanha da Dilma mostrar o que a mídia não mostra, já que ela funciona como um braço de campanha tucana. Já do lado de Aécio, acho que ele tem um problema. Porque como a mídia já bate há tanto tempo no PT e  em Dilma que essa pancadaria está saturada. Qual é o novo escândalo que vão inventar para tirar a reeleição de Dilma? As pessoas que mudariam de voto por causa da campanha antipetista, já mudaram e já foram reveladas nas pesquisas. O cenário está estável”, avaliou Feres Júnior.
http://jornalggn.com.br/noticia/datafolha-do-otimismo-sugere-derrota-da-midia-na-cobertura-economica

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