Para quem pensa que corrupção é uma prática nociva que deve ser extirpada independentemente de cor, raça, credo e classe social, partidos políticos e instituições, seria bom rever seus conceitos, especialmente se estiver associado a um desses grupos golpistas que arregimenta multidões em protesto à corrupção dos governos petistas e a favor do impeachment da presidenta Dilma.
É que uma das lideranças de um dos grupos que protagoniza as marchas em defesa das causas em epígrafe, declarou num convescote realizado pelo Uol, depois de avaliar a situação de Eduardo Cunha e Renan Calheiros, ambos investigados na Lava Jato, que "a corrupção do PT é pior."
Veja se entendeu. Por qualquer critério moral, detesto essa palavra, tem sido tão mal aplicada por tanta gente que nem possui e muito menos consegue perceber o alcance de seu significado que me repugna o termo.
Se realmente o objetivo fosse de julgar segundo a regra da reta justiça, Cunha e Renan não deveriam continuar presidindo nem a câmara e nem o senado, aliás não deveriam continuar com os mandatos de deputado e senador, considerando que nos dias que correm ser investigado equivale a ser culpado, razões sobrariam para que uma campanha pela cassação dos mandatos dos referidos parlamentares se efetivasse.
Não é isso o que pensa ALGUNS dos líderes dos movimentos que organizam os protestos de rua. Ao que parece não são os únicos, setores do ministério público e do judiciário têm o mesmo sentimento em comum e o compartilha seja por palavras, quando tomamos conhecimento de que certos magistrados fazem uso das redes sociais para expressarem suas opiniões em relação ao governo e ao PT, seja por ações concretas tomadas pelo juiz Moro que julga a Lava Jato, por exemplo quando ignora declarações dos delatores que a corrupção na Petrobras vem de antes dos governos petistas, ou quando, não se sabe por que critérios, avalia que doações das empreiteiras para o PT são propinas e as doações para os demais partidos, das mesmas empreiteiras investigadas na Lava Jato, contribuições legais de campanha.
O surreal está no fato de que por essa moral de bordel quem está sendo investigado não deve perder o mandato e quem não está tem que ter o mandato cassado. O caso da presidenta Dilma. Não é investigada pela Lava Jato, contudo deveria perder o mandato, ainda que tenha tomado todas as providências para que as investigações seguissem adiante, sem nenhum tipo de interferência.
Já Renan e Cunha que são investigados pela Lava Jato podem continuar com os respectivos mandatos e presidindo a câmara alta e a baixa, segundo a visão estreita de mundo desses grupos que conseguem racionalizar que a corrupção pode ser pior ou melhor dependendo de quem a pratica, desde que sirva aos interesses da luta política que travam para sequestrar os 54 milhões de votos que elegeram a presidenta Dilma.
Não à toa os tucanos sabem que têm salvo conduto para roubar, participar de grandes esquemas de corrupção sem sofrerem nenhum incômodo. Seja da imprensa que não divulga, da PF e do MP que não investigam, seja da justiça que não julga e agora dos movimentos que tomam conta das ruas e dizem que a corrupção é tolerável, podendo até ser melhor caso o PT não esteja envolvido.
O grande paradoxo é que o motivo maior dos protestos está no combate à corrupção, corrupção petista que fique bem claro, conforme declarou um dos líderes do MBL, uma vez que corrupção não tem mais o significado dado pelo pai dos burros, assumiu várias facetas, foi fracionada em diversas subdivisões e especialmente uma é mais cara e merece todo repúdio.
Quando e se o PT for apeado do poder tudo voltará a ser como antes. Nada de investigação, nada de punição.
A PF assumirá suas funções naturais de emitir passaporte, fiscalizar aeroportos e combater o tráfico de drogas.
O MP não contará mais com o apoio irrestrito da velha mídia para o espalhafato na investigação do crime organizado que saqueia o erário.
Também não haverá mais espaço para juízes justiceiros como Moro.
E se porventura alguma coisa fugir ao script, ainda terão o STF para colocar rédeas curtas nesses meninos do MPF.
Holofotes não faltarão para os ministros de sempre reafirmarem as garantias constitucionais dos réus, suspensas na era petista, para condenarem o Estado policial, os vazamentos seletivos, representarem contra juízes afoitos no CNJ e novamente a liberalidade na concessão de Habeas Corpus, durante as férias da magistratura nos plantões da justiça e, de preferência, nas madrugadas.
Quando, por fim, tudo cair no esquecimento, os homens de toga estarão reunidos sobre o mármore branco e suntuoso dos palácios da justiça, com suas falas empoladas, livres do clamor das ruas para decretarem a anulação das operações da PF, arguindo O FRUTO DA ÁRVORE ENVENENADA.
É esse Brasil que nos aguarda!
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