quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

As últimas esperanças



Fracassada a tentativa de derrubar a presidenta Dilma Rousseff via impeachment, diante da absoluta falta de motivação legal e do enfraquecimento dos golpistas no Congresso Nacional, os inconformados derrotados – os tucanos e a grande mídia – voltam suas esperanças agora para o julgamento, pelo Tribunal Superior Eleitoral, das ações movidas pelo PSDB, que pedem a cassação do mandato da presidenta e vice por suposto abuso do poder econômico nas eleições de 2014. O principal argumento é o de que a campanha de Dilma recebeu doações das empreiteiras que estão sob investigação da Operação Lava-Jato, por corrupção na Petrobrás, embora o candidato tucano Aécio Neves tenha também recebido doações das mesmas empresas. A diferença, segundo interpretação do pessoal da Lava-Jato, é que os recursos canalizados para a campanha do tucano foram "doações" enquanto os encaminhados à campanha de Dilma foram "propinas". Uma afronta à inteligência do brasileiro.

Todo mundo sabe que a pretexto de combater a corrupção o que os operadores da Lava-Jato pretendem, na verdade, é derrubar Dilma, eliminar Lula da vida pública e levar os tucanos ao poder, tudo orquestrado pela Direita para assegurar a entrega de nossas riquezas naturais ao capital estrangeiro. E sob os olhares complacentes das principais autoridades dos três poderes, em especial do Poder Judiciário, que parecem engessadas pelo temor da mídia. Só não vê quem é cego ou não quer ver. O jornal "O Globo", cujo entreguismo é notório, em recente editorial praticamente já comemora o resultado do julgamento, que acredita será pela cassação da chapa Dilma-Temer. Os Marinho provavelmente ficaram animados com a notícia de que o ministro Gilmar Mendes, que não se preocupa em esconder suas preferências partidárias, vai conduzir o julgamento como presidente do TSE. E eles possivelmente tiveram uma intuição quanto a direção do seu voto.

A iniciativa do juiz Sergio Moro, condutor da Operação Lava-Jato, em mandar para o Tribunal Superior Eleitoral, sem que lhe fosse solicitado, documentos das investigações que acredita possam contribuir para a cassação da chapa Dilma-Temer, não deixa dúvidas quanto a existência de uma ação coordenada para atingir o objetivo estabelecido pelas chamadas "forças ocultas", hoje não tão ocultas. Uma coisa não tem nada a ver com a outra, mas os interessados em defenestrar Dilma do Palácio do Planalto deverão queimar pestanas para descobrir alguma ligação entre as investigações da Lava-Jato e as alegações constantes das ações do PSDB, assim como a "Folha" tenta ligar uma antena da "Oi", instalada em Atibaia, ao ex-presidente Lula. O desespero dos que temem a volta do presidente operário ao Planalto em 2018 já está chegando às raias da loucura, pois apesar da verdadeira devassa feita em sua vida, esmiuçada até em pequenas coisas como a compra de pão, até hoje não encontraram absolutamente nada que possa incriminá-lo.

Além da caçada ao maior líder popular deste país desde Getúlio Vargas, caçada que lembra as ações da SS nazista, a Operação Lava-Jato e a mídia, à guisa de combater a corrupção, estão paralisando o país, desmontando as maiores construtoras nacionais, provocando o desemprego de milhares de trabalhadores e deteriorando a imagem do Brasil no exterior, graças à amplificação das atividades investigativas nos grandes veículos de comunicação de massa nacionais, com incalculáveis prejuízos ao nosso país. Embora a corrupção exista, até em muito maior magnitude no resto do planeta, o estardalhaço feito pela nossa mídia, movida por interesses políticos e econômicos, repercute no exterior, onde está se criando a falsa ideia de que o brasileiro, em especial os empresários, são corruptos. Como consequência dessa campanha, irresponsável e impatriótica, os investidores estrangeiros estão fugindo do Brasil, o que contribui para agravar a recessão. Pelo visto, para os barões da imprensa pouco importa os males causados ao país, desde que alcancem os seus objetivos.

Todo brasileiro sério que ama o seu torrão-natal sabe que é preciso combater a corrupção, mas sem paralisar o país. E, infelizmente, o que se constata é o engessamento do Brasil e a destruição, além das suas maiores empresas de construção civil, da indústria naval. Coincidência ou não, o desmonte da indústria naval, ao lado da privatização da Petrobrás, era também um sonho de FHC, para quem navios e sondas devem ser importados, não fabricados aqui. Ou seja, devem gerar empregos lá fora, não no Brasil. Como consequência, o projeto de construção de quatro submarinos convencionais e um nuclear para a nossa Marinha de Guerra está ameaçado de abandono. A execução do programa, a cargo da Odebrecht Defesa e Tecnologia, foi paralisada porque a empresa ficou sem condições de conseguir recursos para tocar a obra depois da Operação Lava-Jato e a prisão do seu presidente. E o número de trabalhadores empregados, que era de 6.500 homens e mulheres, caiu para 1.100 atônitos operários que vivem hoje assustados dentro de uma gigantesca estrutura à margem da baía de Sepetiba.

A denúncia foi feita, em recente artigo, pelo engenheiro Haroldo Lima, ex-deputado federal pelo PCdoB da Bahia e ex-diretor geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Bicombustíveis. Na sua opinião, isso afetará "a capacidade brasileira de defesa dos seus mares, onde estão, entre outras riquezas, nosso pré-sal e uma imensa biodiversidade". Para ele, segundo disse em seu artigo, "a corrupção deve ser apurada sem dúvida, os culpados exemplarmente punidos e os recursos desviados, devolvidos. Mas as empresas onde os corruptos agiam, não podem ser condenadas ao desaparecimento. Se isto ocorre, a retomada do desenvolvimento pode ficar inviabilizada a curto prazo, o que é contra o país". E acrescenta: "Se aniquilarmos a engenharia brasileira de grandes obras, estaremos graciosamente entregando toda essa faixa do mercado nacional a empresas estrangeiras".

Diante disso, pergunta-se: Até quando o país vai continuar assistindo, de braços cruzados, aos excessos da Lava-Jato?

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