Obras atrasadas e problemas de infraestrutura mostram por que Guadalajara esteve ameaçada de perder o evento esportivo mais importante das américas
Edson Franco e João Castellano (fotos), enviados especiais a Guadalajara, MéxicoATRASO
No Centro Aquático, uma arquibancada para 1.500 lugares está sendo preparada às pressas
Trabalhadores parafusam assentos improvisados enquanto nadadores vencem as águas das piscinas. Pedestres duelam com a lama que cerca o ginásio que abrigará as provas de atletismo. Motoristas atropelam a tinta gasta das faixas preferenciais para veículos que prestam serviços. Esse era o cenário dois dias antes de a cidade mexicana de Guadalajara abrigar a abertura dos 16° Jogos Pan-Americanos. Para piorar o desalinho entre a organização e o cumprimento do cronograma, o furacão Jova resolveu soprar a costa do Pacífico. Chegou sem muita intensidade, mas foi o suficiente para motivar uma chuva inclemente. Quem passou os últimos três dias na cidade não tem ideia de como ela fica iluminada pelo sol. Mas não há tempo para lamentos e os funcionários se entregam em turnos de até 15 horas para deixar tudo minimamente em ordem.
Campeão em gerar exclamações do tipo “isso não vai ficar pronto” é o Estádio Telmex de Atletismo. Como em outras praças, a organização cuidou para que a parte ocupada pelos atletas estivesse perfeita. Assim, a pista está pronta e foi homologada emergencialmente na terça-feira 11. Mas ela é uma ilha cercada de fios, pilhas de materiais e máquinas correndo para dar uma última aplainada no terreno. Os banheiros estão prontos, mas não há água, e só agora as plantas decorativas começam a chegar. “Trabalhamos sem parar para que tudo esteja bonito e as pessoas levem uma boa lembrança daqui”, diz o jardineiro Pedro Mateos. O problema maior para a plateia será superar a lama entre o transporte e os jardins que começam a ganhar forma. E isso só será resolvido caso pare de chover ou se um primeiro recorde for estabelecido nos Jogos: o de calçamento mais rápido.
Problemas como esse não tiram o sono dos responsáveis pela garantia do sucesso das competições. Até porque a situação já foi pior. Há dois anos, a cidade mexicana correu o risco de perder o Pan para a canadense Toronto, que abrigará o evento em 2015. “Foi só há uns seis meses que essa pressão diminuiu”, diz Mario Vázquez Raña, presidente da Organização Desportiva Pan-Americana (Odepa). Mesmo questões que estavam solucionadas acabaram precisando de adaptações. É o caso do imponente e bem equipado Centro Aquático Scotiabank. “O ginásio estava pronto desde fevereiro para as competições, mas aí foram vendidos mais ingressos do que o esperado”, afirma Luis Rosas, diretor dos esportes aquáticos no Pan. “Agora estamos ampliando a capacidade em mais 1.500 lugares.” Por conta disso, uma arquibancada improvisada está sendo montada ao ritmo de 300 assentos por dia.
Campeão em gerar exclamações do tipo “isso não vai ficar pronto” é o Estádio Telmex de Atletismo. Como em outras praças, a organização cuidou para que a parte ocupada pelos atletas estivesse perfeita. Assim, a pista está pronta e foi homologada emergencialmente na terça-feira 11. Mas ela é uma ilha cercada de fios, pilhas de materiais e máquinas correndo para dar uma última aplainada no terreno. Os banheiros estão prontos, mas não há água, e só agora as plantas decorativas começam a chegar. “Trabalhamos sem parar para que tudo esteja bonito e as pessoas levem uma boa lembrança daqui”, diz o jardineiro Pedro Mateos. O problema maior para a plateia será superar a lama entre o transporte e os jardins que começam a ganhar forma. E isso só será resolvido caso pare de chover ou se um primeiro recorde for estabelecido nos Jogos: o de calçamento mais rápido.
Problemas como esse não tiram o sono dos responsáveis pela garantia do sucesso das competições. Até porque a situação já foi pior. Há dois anos, a cidade mexicana correu o risco de perder o Pan para a canadense Toronto, que abrigará o evento em 2015. “Foi só há uns seis meses que essa pressão diminuiu”, diz Mario Vázquez Raña, presidente da Organização Desportiva Pan-Americana (Odepa). Mesmo questões que estavam solucionadas acabaram precisando de adaptações. É o caso do imponente e bem equipado Centro Aquático Scotiabank. “O ginásio estava pronto desde fevereiro para as competições, mas aí foram vendidos mais ingressos do que o esperado”, afirma Luis Rosas, diretor dos esportes aquáticos no Pan. “Agora estamos ampliando a capacidade em mais 1.500 lugares.” Por conta disso, uma arquibancada improvisada está sendo montada ao ritmo de 300 assentos por dia.
LAMA
O estádio de atletismo está em obras
Fora das praças de competição, Guadalajara ainda quebra a cabeça para tornar mais fluido um trânsito que, mesmo sem um evento desse porte, já é um eficiente gerador de estresse. Para tanto, a administração da cidade resolveu nomear as artérias que ligam os principais pontos do Pan como “exclusivas” e “preferenciais”. Nelas, uma faixa foi pintada indicando que a utilização ali seria prioridade dos veículos que tenham algum vínculo com a organização dos Jogos. Mesmo com a presença dos policiais – e há muitos deles em Guadalajara –, os motoristas passeiam pelas faixas sem a menor cerimônia.
Para os organizadores, nada disso será problema. Eles apostam na experiência de uma cidade que já foi sede de eventos mundiais como a Primeira Cúpula de Chefes de Estado, em 1991, além de ter abrigado a lendária Seleção Brasileira durante a Copa do Mundo de 1970. Sobre ela, o diretor de esportes aquáticos do Pan lembra um episódio. “Na época, eu nadava em um clube daqui chamado Providência”, conta Rosas. “Para tentar receber o Brasil em seus campos de treinamento, os diretores mandaram importar o gramado do seu país. Ao vê-lo, a comissão técnica não teve dúvida em colocar o time no nosso clube”, lembra o mexicano, que, dois anos depois, foi goleiro de um combinado do clube Providência que enfrentou uma seleção brasileira sênior no Maracanã. O convite para jogar no Brasil foi uma retribuição à gentileza do povo de Guadalajara. A mesma simpatia é visível hoje em dia e pode se tornar uma arma poderosa para melhorar a imagem dos Jogos
Para os organizadores, nada disso será problema. Eles apostam na experiência de uma cidade que já foi sede de eventos mundiais como a Primeira Cúpula de Chefes de Estado, em 1991, além de ter abrigado a lendária Seleção Brasileira durante a Copa do Mundo de 1970. Sobre ela, o diretor de esportes aquáticos do Pan lembra um episódio. “Na época, eu nadava em um clube daqui chamado Providência”, conta Rosas. “Para tentar receber o Brasil em seus campos de treinamento, os diretores mandaram importar o gramado do seu país. Ao vê-lo, a comissão técnica não teve dúvida em colocar o time no nosso clube”, lembra o mexicano, que, dois anos depois, foi goleiro de um combinado do clube Providência que enfrentou uma seleção brasileira sênior no Maracanã. O convite para jogar no Brasil foi uma retribuição à gentileza do povo de Guadalajara. A mesma simpatia é visível hoje em dia e pode se tornar uma arma poderosa para melhorar a imagem dos Jogos
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