O sistema político vigente no Brasil é de fazer corar em face de sua completa desmoralização pela falta de coerência partidária e de atuação de seus mais ilustres próceres que não escondem que são movidos pela participação no poder, de influir através de sinecuras estendidas a correligionários na máquina pública, em troca de apoio incondicional ao governante de plantão que estiver temporariamente comandando as ações do executivo independentemente da esfera de poder, seja municipal, estadual ou federal.
Tomemos como exemplo a câmara de vereadores de Fortaleza com relação a atual e a composição passada, com relação a prefeita Luizianne Lins e o prefeito em exercício Roberto Cláudio.
Todos os vereadores, exceto os do PT, por razões óbvias, que fizeram parte da base aliada de Luizianne Lins, hoje estão na base de apoio de Roberto Cláudio. Tudo aquilo que Luizianne considerava que não deveria ser votado e aprovado na câmara, foi obtido pela ex-prefeita, desde matérias que causaram imensas polêmicas, como as que a prefeita simplesmente determinou por uma questão de autoridade que não deveria e os vereadores aceitaram sem maiores discussões.
As mais simbólicas diz respeito ao meio ambiente especialmente com relação a área de preservação do Parque do Cócó que ensejou uma queda de braço entre a ex-prefeita e o governador Cid Gomes que tem um projeto de mobilidade urbana associado as obras da copa para ser executado e que a base aliada de Luizianne sistematicamente boicotou e muito discutiu por ser um tema de relevante interesse social por envolver o meio ambiente.
Subitamente eis que esta mesma base aliada que está com Roberto Cláudio e na gestão Luizianne encontrou tantos obstáculos e entabulou inúmeros argumentos para justificar mais discussões aprovou de afogadilho na gestão Roberto Cláudio o mesmo projeto antes rejeitado na gestão Luizianne. Os mesmos vereadores que disseram não, agora dizem sim.
Isto rebaixa a política, a desqualifica porque demonstra que não há convicção nos argumentos dos edis e que estão na câmara não para discutirem com determinação e seriedade os assuntos pertinentes aos interesses da cidade.
O que norteia o caminho que eles seguem é o compartilhamento do poder, é ter cargos e sinecuras para distribuirem com eleitores e garantirem mais um mandato.
Pouco estão se importando em terem apresentado um argumento para serem contra a aprovação de uma matéria, recusando que fosse colocada em discussão e num giro de 360 graus voltando a aceitar a discussão e sua aprovação em curto espaço de tempo.
O inusitado está em constatar que se Roberto Cláudio quiser desaprovar tudo que foi aprovado por Luizianne na câmara de vereadores de Fortaleza, os mesmos vereadores que aprovaram, porque faziam parte da base aliada da ex-prefeita, desaprovarão porque fazem parte da base do prefeito em exercício Roberto Cláudio.
É ou não um sistema arcaico, ultrapassado, que não obriga que os parlamentares sigam uma linha programática baseada num mínimo de coerência não permitindo mudanças abruptas de posição, apenas determinante por quem esteja exercendo o poder?
Os vereadores que antes tinham uma posição contrária a aprovação desses projetos deveriam manter-se alinhados com essa posição sob pena de perderem os mandatos por violarem sua honra em troca de espaço de poder e enxovalhar sua reputação sem nenhum trauma de consciência e sem dá nenhuma justificativa aos seus eleitores quer seja porque nada os obrigue a isso, quer porque achem que é algo insignificante, de somenos importância.
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