Em discurso no plenário, deputado
Anthony Garotinho (PR-RJ), discípulo de Leonel Brizola, pede que a
emissora da família Marinho seja ouvida pela Comissão da Verdade, por
ter mentido durante o regime militar no episódio das Diretas-Já; ele
denunciou ainda suposta conta em paraíso fiscal de João Roberto Marinho e
citou até envolvimento do diretor de jornalismo Ali Kamel no caso
Banestado; discurso vem dias depois de uma denúncia na revista Época
contra o parlamentar, que concorre ao governo do Rio e, hoje, lidera as
pesquisas; "Pode vir quente que eu estou fervendo", avisa Garotinho;
será que a briga com a Globo aumenta ou reduz suas chances de vitória?
Rio 247 -
Comprar uma briga com o toda-poderosa Globo é uma boa ou má escolha
para um político que concorre ao governo do Rio de Janeiro? O deputado
Anthony Garotinho (PR-RJ), que hoje lidera as pesquisas no estado, à
frente do senador Lindbergh Farias (PT-RJ) e do vice-governador Luiz
Fernando Pezão, do PMDB, já fez sua escolha. Dias depois de ser alvo de
uma denúncia na revista Época (leia mais aqui),
ele partiu com tudo para cima da Rede Globo e bateu pesado no império
da família Marinho, ao discursar no plenário da Câmara dos Deputados.
Defendeu a convocação da emissora pela Comissão da Verdade, denunciou
uma suposta conta de João Roberto Marinho num paraíso fiscal e citou até
o suposto envolvimento do diretor de jornalismo, Ali Kamel, no caso
Banestado. "Pode vir quente que eu estou fervendo", disse o deputado,
que é discípulo de Leonel Brizola, um dos poucos políticos brasileiros
que ousou enfrentar a Globo – e venceu.
Abaixo, o discurso de Garotinho:
O SR. PRESIDENTE (Henrique Eduardo Alves) - Com a palavra o Deputado Anthony Garotinho, para uma Comunicação de Liderança, pelo Bloco PR.
O SR. ANTHONY GAROTINHO (Bloco/PR-RJ.
Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, meus colegas
Deputados, no final de semana, fui surpreendido por uma matéria
publicada na revista Época, de propriedade das Organizações
Globo, uma verdadeira salada. A matéria não dizia coisa com coisa,
tentando induzir o eleitor, como se eu tivesse feito alguma coisa errada
ao alugar, com a quota parlamentar, um carro aqui em Brasília, para meu
uso pessoal,de uma empresa que licitamente ganhou a concorrência na
Prefeitura de Campos.
As Organizações Globo,
Sr. Presidente, há muito tempo, têm essa mania de afrontar as pessoas,
de mentir, de caluniar. Alguns recuam. Eu, como não devo nada à Globo e
sei que aquela matéria é mentirosa, falsa e eleitoreira, quero fazer
aqui um desafio aos autores da matéria e aos proprietários das
Organizações Globo.
Sr. João Alberto Marinho, Sr. José Roberto Marinho — seu irmão —, quem comprou a TV Globo
de São Paulo com uma procuração falsa foi o seu pai, não foi ninguém da
família Garotinho, e ninguém toma atitude contra vocês porque neste
País a Justiça tem medo das Organizações Globo. O processo se arrasta há
anos, trocando de juiz para juiz, de desembargador para desembargador, e
ninguém dá a sentença de uma televisão comprada com uma procuração
falsa, Sr. Presidente.
Quero dizer mais: a
família Garotinho, a D. Rosinha Garotinho, atacada injustamente na
matéria; a minha filha, a Deputada Clarissa Garotinho; e eu fomos
eleitos pelo povo. O que vocês têm vocês ganharam prestando favores à
ditadura militar. Vocês ganharam canal de rádio e canal de televisão
prestando serviços aos ditadores de plantão.
Fala-se aí em convocar
Fulano, Beltrano, para ir à Comissão da Verdade. Quem tem que ir à
Comissão da Verdade explicar porque mentiram nas Diretas, quando tinha
um comício em São Paulo e disseram que era comemoração do aniversário da
cidade... O Deputado Arlindo Chinaglia sabe disso. Mentiram no Jornal Nacional.
Eu queria ir um pouquinho
mais além. O Sr. João Roberto Marinho deveria explicar porque no ano de
2006 tinha uma conta em paraíso fiscal não declarada à Receita Federal,
com mais de 100 milhões de reais, e porque a Receita Federal não fez
nada em 2006. Deveria explicar mais: o Sr. Ali Kamel estava na lista dos
que estavam com dinheiro no escândalo do BANESTADO. O Sr. Ali Kamel é o
editor do Jornal Nacional, Diretor de Jornalismo da Globo.
Olhem o rabo de vocês.
Vocês não têm autoridade moral para criticar ninguém na política deste
País, muito menos alguém que foi Prefeito da sua cidade duas vezes,
Governador de Estado, Secretário de Estado três vezes, Deputado
Estadual, Deputado Federal, minha esposa é Prefeita pela segunda vez,
minha filha é Deputada, e eu moro na mesma casa em que nasci, na Rua
Saturnino Braga, 44, no Bairro da Lapa.
Então, estou hoje aqui
indignado e peço que V.Exa. e os colegas votem o projeto de direito de
resposta sumário, porque se não essa gente vai continuar fazendo isso.
Mentem e daqui a 5 anos, nós vamos ganhar o direito de resposta.
Se a Globo pensa que vai
fazer comigo o que ela faz com Sérgio Cabral, com Eduardo Paes e aquele
bando de frouxos do PMDB do Rio de Janeiro, que não aguentam uma notinha
no Jornal Nacional, que não aguentam uma notinha na Coluna do Ancelmo Gois, estão muito enganados. Pode vir quente que eu estou fervendo.
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