Autor: Miguel do Rosário
Helena Chagas publicou hoje um texto em seu Facebook em que se defende das críticas que recebe de todos os lados de que exagerou nessa história de “mídia técnica”, concentrando recursos nos grandes meios de comunicação.
Comento alguns trechos dentro dos colchetes:
Não sou contra iniciativas do Estado para promover a pluralidade e a diversidade da comunicação para que o cidadão tenha acesso ao número mais amplo e variado possível de informações, abordagens e enfoques. Só acho que isso, quando implicar ajuda financeira a esses veículos, deve ser feito de forma aberta, transparente e democrática, com programas designados especificamente para este fim. Da mesma forma como o governo dá condições especiais de crédito e vantagens tributárias às micro e pequenas empresas, poderia fazê-lo para as pequenas empresas de mídia. No limite, pode até aprovar uma lei determinando que uma fatia da verba publicitária seja destinada aos “pequenos” – embora vá enfrentar aí imensas dificuldades para delimitar tecnicamente quem são eles de verdade e o que representam.
[Exatamente, Helena. Mas por isso a Secom tem estatuto de ministério. Para propor coisas novas. Mas não lhe culpo. A decisão de pôr uma pessoa puramente "técnica" na chefia de um lugar tão estratégico como a Secom foi da presidente, certamente com apoio de seus conselheiros. Gostei da ideia da "lei" sobre uma fatia de verba destinada aos pequenos. Quanto as "imensas dificuldades para delimitar tecnicamente quem são eles", eu acho que o Alexa.com ajuda, não é, ministra? ]
Mas a discussão está aberta e é saudável. Só não é saudável, e nem correto, à luz da atual legislação e dos novos tempos de transparência na administração pública, transformar investimentos em mídia em ações entre amigos, por maior que seja o chororô de quem acha que levou pouco e quer mais.
[O final do artigo é desrespeitoso com os pequenos empreendedores de comunicação e com as críticas à falta de investimento em pluralidade. Em nenhum país democrático do mundo, há tanta concentração de verba institucional em tão poucos veículos. Ponto. Isso vai contra a democracia, porque esses mesmos veículos são quase partidos políticos, e foram formados na ditadura. Chagas não pode esquecer esse contexto histórico e essa análise de conjuntura política, sob o risco de fantasiar um mundinho encantado no qual apenas existem mídias grandes e pequenas. A informação é um direito humano e a pluralidade política um princípio constitucional. Quando a Secom deixa de distribuir recursos aos pequenos empreendedores, inflinge dano não apenas a estes, mas a toda a sociedade, que fica sem uma informação mais plural. ]
Abaixo a íntegra do texto:
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POR QUE A MÍDIA TÉCNICA?
Por Helena Chagas, em seu Facebook.
Bom dia, queridos!
Amanheço com a pergunta de alguns: por que mídia técnica?
Amanheço com a pergunta de alguns: por que mídia técnica?
Ora, porque é a melhor fórmula que se inventou até hoje para aplicação correta e eficiente dos recursos públicos destinados a investimentos de mídia. Informação básica número 1: são recursos públicos, ou seja, o meu, o seu, o nosso.
Recursos destinados a quê? À compra de espaço publicitário nos meios de comunicação para divulgar ações e programas governamentais. O gestor público por eles responsável tem a obrigação de aplicá-los da forma mais eficiente, republicana e transparente possível. Como? Onde, quando e da forme em que puder obter o melhor resultado/efetividade/retorno por esse investimento. Claro está, portanto, que, para aplicar bem este dinheiro, devem ser levados em conta critérios de audiência e regionalização para que a mensagem do governo, seja ela institucional ou de utilidade pública, chegue a cada brasileiro.
Hoje, são 9.963 veículos cadastrados e aptos a receber mídia em todo o país, na proporção de suas audiências e circulação. É exatamente isso o que é feito na Secom – e os shares/audiëncias dos veículos estão lá no site para conferir. Esses números acompanham a evolução dos hábitos de consumo do brasileiro de forma ágil e eficiente: os investimentos no meio internet, por exemplo, têm aumentado consideravelmente, muito mais do que no mercado publicitário privado, porque, de fato, o brasileiro está consumindo muito mais internet – embora a TV ainda seja imbatível. Nas campanhas da Secom em 2013, a Internet representou 10% do investimento. A meta para 2014 é (ainda é?) de 15%.
Não sou contra iniciativas do Estado para promover a pluralidade e a diversidade da comunicação para que o cidadão tenha acesso ao número mais amplo e variado possível de informações, abordagens e enfoques. Só acho que isso, quando implicar ajuda financeira a esses veículos, deve ser feito de forma aberta, transparente e democrática, com programas designados especificamente para este fim. Da mesma forma como o governo dá condições especiais de crédito e vantagens tributárias às micro e pequenas empresas, poderia fazê-lo para as pequenas empresas de mídia. No limite, pode até aprovar uma lei determinando que uma fatia da verba publicitária seja destinada aos “pequenos” – embora vá enfrentar aí imensas dificuldades para delimitar tecnicamente quem são eles de verdade e o que representam.
Mas a discussão está aberta e é saudável. Só não é saudável, e nem correto, à luz da atual legislação e dos novos tempos de transparência na administração pública, transformar investimentos em mídia em ações entre amigos, por maior que seja o chororô de quem acha que levou pouco e quer mais.
Simples assim, minha gente.
beijos a todos,
Helena Chagas
Helena Chagas
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