O único argumento de Barbosa e dos barbosianos para justificar a maldade (não há outra palavra) de enviar um Genoíno com graves problemas de cardiopatia de volta à Papuda é acenar com o sofrimento de outros presos e lembrar as mazelas da saúde pública.
É o novo fascismo tupiniquim. Justifica-se a barbárie e o arbítrio com mais barbárie e mais arbítrio. Se reclamarmos que fomos estapeados numa delegacia, agora seremos acusados de “privilegiados”, porque, em outros lugares, a polícia mata, não estapeia. Se reclamamos que nossa irmã foi estuprada num lugar ermo, dirão que tivemos sorte porque ela permaneceu viva; em outros lugares, seria estuprada, morta e esquartejada.
Homens como Genoíno lutaram a vida inteira para melhorar o serviço público no país, aí incluindo o sistema de saúde e o sistema penal. Homens como ele, não os barões da mídia, barbosianos e coxinhas.
Homens como Genoíno lutaram para pôr fim à ditadura. Não os barões da mídia, barbosianos e coxinhas.
Homens como Genoíno lutaram, já durante a redemocratização, para estabelecer um pacto de paz entre as diferenças forças políticas brasileiras. Genoíno era o homem do PT que cuidava, dentre outras coisas, das relações com os meios de comunicação. Democrata e cordial que era, sempre defendeu incondicionalmente a liberdade de expressão e de imprensa.
Sua foto protegendo o repórter Caco Barcellos durante uma manifestação em que se hostilizava este jornalista ficou famosa.
Este é Genoíno, um homem solidário tanto à causa do povo quanto às causas da liberdade. Um intelectual que cultivava um socialismo absolutamente democrático e avançado. Um dos deputados mais íntegros e experientes que já passaram pelo Congresso Nacional.
Um homem que tem uma história para contar, que ainda pode escrever livros sobre sua experiência na guerrilha, no parlamento, e agora, sobre a sua experiência como vítima de um vergonhoso processo de linchamento político, da mais clamorosa farsa jurídica da nossa história.
Ecce Hommo, como apontavam os fariseus. Este é o homem condenados por suas qualidades. Num país com uma elite tão egoísta, com tantos corruptos e sonegadores, a mídia escolheu um inocente como bode expiatório. E o exibe na TV como uma atração de circo.
A calúnia moral, seguramente, é a principal razão da dor que mina a saúde e a vida de Genoíno. Nordestino orgulhoso e guerreiro, Genoíno é de uma cepa infinitamente mais nobre que a daqueles que agora o torturam, o acusam, o encarceram. É uma alma magnânima, que jamais seria capaz de agir igual a seus inimigos. Genoíno não é vingativo, jamais perseguiria alguém, e defenderia até mesmo o pior de seus adversários se estivesse em jogo valores mais altos, como a vida, a saúde, a dignidade.
Esse talvez tenha sido seu ponto-fraco. Neste mundo, às vezes parece que apenas os brutais, os cruéis, os truculentos, os barbosianos, conseguem vencer.
Barbosa e seus patrões da mídia não se satisfazem em derrotar Genoíno politicamente, até porque sabem que não conseguirão jamais. As campanhas de solidariedade por Genoíno foram impressionantes, e o seu nome cresce, dia a dia, enquanto o nome de Barbosa afunda, rapidamente, num poço profundo de ignonímia e covardia, arrastando consigo a mídia. Barbosa quer se vingar da derrota política que já vê despontar no próximo batente da história.
É a luta entre o crápula, ignorante político, justiceiro, e um líder trabalhista, preso cruelmente no dia do trabalhador, em mais um ridículo esgar sádico de Joaquim Barbosa.
E Barbosa faz tudo isso enquanto mantém Dirceu preso ilegalmente em regime fechado.
O que o Brasil ganha com esse espetáculo deprimente? Nada.
Barbosa apenas alegra os espíritos mesquinhos, degenerados, alimenta-os com seu rancor, com seu ódio, com sua mediocridade infinita.
Genoíno emergirá dessa injustiça com a aura de um verdadeiro mártir do primeiro grande golpe midiático da nova república. Seu caso será estudado em livros de história. Veremos como um herói nacional foi perseguido, torturado moralmente, condenado sem provas e depois encarcerado brutalmente, mesmo tendo direito à prisão domiciliar.
A luta pela história, esta não poderá ser vencida pela mídia, nem por Joaquim Barbosa. Genoíno já a venceu. A luta pela justiça social, pelos direitos humanos, pela democracia, pela dignidade, são batalhas que apenas perdemos quando as abandonamos. Estas lutas Genoíno jamais perdeu. Já no outono de sua vida, ele perdeu a si mesmo, sua segurança, seu conforto, sua reputação nos jornais, mas ganhou a grande luta, a luta maior de todas, a luta para elevarmos nosso espírito acima das mesquinharias do presente, e contemplarmos as conquistas do futuro!
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