Se alguma dúvida havia a respeito do tipo de Justiça que o ex-promotor e atual presidente do STF promove, ele próprio esclareceu nesta quarta-feira 30; é a Justiça discricionária, desequilibrada e parcial; ele mandou que José Genoino, em 24 horas, volte para o Complexo da Papuda, em razão de um parecer médico de aptidão; mas continua a deixar José Dirceu congelado na prisão em regime fechado, quase seis meses depois de ele ter sido condenado ao regime semiaberto; fica a pergunta: que exemplo Barbosa dá ao usar a mão de ferro para punições seletivas e em tudo políticas?; ele se mostra à altura do papel que um presidente do Supremo deve desempenhar num regime de garantia de direitos individuais?
247 – Se havia alguma dúvida a respeito do tipo de Justiça que o
presidente do STF, Joaquim Barbosa, gosta de praticar, essa se dissipou
nesta quarta-feira 30. Apenas 48 horas depois de um laudo médico ter
atestado boas condições de saúde para o ex-presidente do PT José
Genoino, Barbosa vestiu a máscara de juiz durão, bem ao gosto do grande
público, e determinou a volta dele, em 24 horas, para o Complexo da
Papuda.
Ficou claro que, adoentado e à base de medicamentos, Genoino só voltou a
ter boas condições de saúde exatamente porque pôde passar os últimos
meses em prisão domiciliar, com atenções que nenhuma prisão pode
proporcionar. Agora, com a decisão de Barbosa, os riscos à saúde dele
voltam a estar presentes. Para o juiz, isso, como se diz, parece ser o
de menos.
A mesma destreza para declarar a imediata volta ao cárcere de Genoino,
no entanto, Barbosa não demonstra no caso do também ex-presidente do PT
José Dirceu. Para este, o presidente do Supremo deixa de lado qualquer
vergonha, ignora as críticas e o vexame jurídico que vai cometendo.
O presidente da mais alta corte do país está, simplesmente, mantendo
embaixo do tapete a decisão da mesma mais alta corte do país de conceder
um regime de prisão semiaberta para Dirceu. Não há sustentação jurídica
para o que Barbosa está fazendo com o seu, digamos, condenado de
estimação. Para Dirceu, na versão de Barbosa, a Justiça é outra do que é
para todos os outros cidadãos brasileiros.
A rapidez com que o presidente do STF resolveu lançar Genoino de volta
para detrás das grades - numa decisão que os advogados dele já recorrem
ao plenário – é inversamente proporcional à leniência com que ele trata a
flagrante irregularidade que ele próprio abateu sobre Dirceu.
Para uma Justiça que se quer cega e equânime, Barbosa não passa de um
ex-promotor com sorte o suficiente para ter chegado ao topo da
magistratura. Mas que, ao chegar lá, não soube se livrar de seu passado
de promotor para fazer, com as bençãos de sua nova toga respeitada, a
verdadeira Justiça.
A democracia brasileira não merecia os percalços que Barbosa lança sobre
ela. Melhor é saber que ele vai passar, e que as instituições ficam.
Enquanto ele ocupa a cadeira mais alta do Supremo, porém, o padrão está
dado. Entre juiz e carrasco, Barbosa gostosamente prefere o segundo
papel.
http://www.brasil247.com/pt/247/poder/138400/Barbosa-escolhe-entre-ser-juiz-ou-carrasco-carrasco.htmhttp://ajusticeiradeesquerda.blogspot.com.br/2014/05/barbosa-escolhe-entre-ser-juiz-ou.html
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