A mídia em sua campanha permanente contra o PT conseguiu um feito extraordinário que num primeiro momento não se traduziu em benefícios eleitorais para os candidatos de oposição em prol dos quais faz ostensiva campanha eleitoral desde o primeiro dia em que Dilma assumiu seu mandato de presidenta, mas que serviu de combustível para inflamar uma parcela do eleitorado que até então tinha o PT como sua mais segura opção de voto, traduzido no esforço de afastar da luta política, de fazer com que se possa odiar tudo que diga respeito a essa atividade, em especial, aqueles do partido dos trabalhadores identificados como responsáveis por todas as mazelas que ainda permanecem como subproduto de séculos de exploração de todos nossos recursos existentes, não obstante o conjunto de amplas medidas tomadas nos últimos doze anos para tornar o Brasil um lugar melhor de se viver e menos desigual.
O esteio desse contingente desgarrado do projeto político do PT se ancora no movimento difuso que se formou em torno dos protestos de rua e nas campanhas midiáticas de desconstrução do governo Dilma que têm como mote o terrorismo econômico, inflacionário, os gastos públicos, apagão elétrico, a corrupção e tantos outros que ainda virão se somar ao esforço coletivo da cruzada "ética" e pela "moral" patrocinada pelos setores mais atrasados de nossa elite imperial para impedir mais um mandato de governo Dilma.
Nessa campanha tresloucada até um cadáver foi usado para comover os desiludidos da política que sem alternativa eleitoral viável caminhava para o voto em branco, nulo ou abstenção, somente voltando à disputa agora com suas apostas numa candidata que supostamente simboliza tudo que é diferente do que está aí. O supostamente aqui é usado porque Marina está no mercado da disputa eleitoral desde quando um "sapo barbudo" apareceu para fundar uma central sindical e um partido político.
Sem se fazer de rogada foi eleita por esse partido aos principais cargos do legislativo e mesmo rompida por causa de interesses pessoais contrariados jamais deixou de fazer indicações políticas para composição dos espaços de poder numa seção de governo desse partido que a semelhança do PSDB de São Paulo e de Minas Gerais criou um feudo, para não chamá-lo de curral eleitoral no Acre, cujo marido não faz ainda dois dias era secretário de governo de Tião Viana, vindo muito recentemente abrir mão de aí permanecer porque vai cuidar dos interesses eleitorais da esposa.
Isso a candidata rediviva em cima de um cadáver insepulto chama de nova política.
O interesse aqui porém não é esse, é outro, é mostrar como parte dessa parcela que se desgarrou do PT passou a se mover por um ódio cego que assassina até a lógica do absurdo, disseminando inverdades e acreditando em teorias conspiratórias que ofendem o bom senso, propagadas sub-repticiamente pela mídia que de há muito perdeu toda noção de civilidade e se entregou a uma sanha incontrolável de usar toda vileza em sua campanha para levar as eleições a um segundo turno, e no segundo turno ejetar o PT do poder, mesmo às custas do sacrifício eleitoral de seu candidato preferido, seriamente ameaçado de sair menor do que entrou nessa disputa.
A cobertura que a mídia faz da queda do avião que transportava o candidato Eduardo Campos deixa um quê de suspeita, de algo não acidental mas criminoso, uma ação propositada para que boatos sejam espalhados no terreno mais fértil e sem dono, as redes sociais, onde se usa as emoções ao invés da razão, e calúnias são propaladas como rastilho de pólvora contaminando o ambiente de discussão salutar que deveria prevalecer ante o cabo de guerra ideológico que sedimenta todo o ódio cada vez mais derramado como torrente de uma enxurrada prestes a levar tudo de roldão com o propósito não declarado, escondido, contudo facilmente percebido, de afetar, de atribuir, à presidenta Dilma, ou a seu partido, o PT, responsabilidade objetiva pela tragédia.
Basta fazer uma simples busca no calor do clima de tragédia da morte do candidato Eduardo Campos que encontraremos várias manifestações insinuando que o acidente ocorreu por um ato criminoso controlado pelo PT ou pela presidenta Dilma. Um absurdo que a mais reles e comezinha lógica não o sustentam. O ódio, no entanto, não deixa que aqueles que estão nas redes sociais acreditando e espalhando isso, enxerguem. E não são pessoas pretensamente desinformadas que fomentam tais boatos. Há gente que se vangloria de sua imensa capacidade intelectual, gente que disputa mandato eletivo pelo PSDB, religiosos de igrejas evangélicas e a manada que nessas circunstância vai no estouro.
Não há sequer verosimilhança na tese. Uma reflexão primária a põe por terra. Antes da tragédia da queda do avião Dilma liderava todas as pesquisas com ampla vantagem, ganhando as eleições no primeiro turno no limite da margem de erro. Flanava sobre os candidatos da oposição depois de anos de massacre midiático, de protestos de rua, do Não vai Ter Copa e do VTNC. Com o início da propaganda eleitoral gratuita, no rádio e na televisão, a perspectiva era de consolidar e aumentar ainda mais a vantagem liquidando com relativa facilidade a fatura já no primeiro turno.
Aí o sobrenatural de Almeida tão presente nas crônicas esportivas de Nelson Rodrigues resolve manipular os cordéis e ocorre o imponderável, o imprevisto. Cai o avião que transportava o candidato Eduardo Campos e sua morte muda o curso das eleições. O quadro atual é o seguinte: Dilma permanece à frente dos demais candidatos, sua eleição no primeiro turno já não é mais certeza. (Pesquisa indica que num eventual segundo turno, se as eleições fossem hoje, Dilma perderia para Marina.)
A se considerar verdadeiros tais prognósticos é de se perguntar: quem foi a mais beneficiada pela tragédia da morte de Eduardo Campos? Resposta: Marina! Então em se acreditando em teoria conspiratória quem mandou derrubar o avião no qual Eduardo Campos era transportado foi Marina e não Dilma e/ou o PT. É tanta discussão inútil, tanta perda de energia, tanta falta de noção que dá até desânimo ter que desprender tempo raciocinando sobre tanta coisa absurda que só neste país são levadas a sério.
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